Classic Albuns: Black Sabbath - Master Of Reality
 8 Faixas - 1971

    Muitas pessoas se perguntam, qual seria o primeiro disco mais pesado da história, poderíamos facilmente apontar qualquer disco do Sabbath da era clássica. O provável seria justamente apontar como marco inicial o álbum Black Sabbath, ou ate mesmo o super clássico e conhecido Paranoid, então o leitor(a) me pergunta porquê da escolha de Master Of Reality, é simples dentre os discos mais clássicos poucas vezes nas rodas de conversa vejo alguém citando esse magnífico álbum como sendo um marco.

    Depois de sacudir tudo com os dos primeiros álbuns que foram um tremendo sucesso, os rapazes ( Ozzy , Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward ), teriam que provar seu valor na continuação da carreira, a responsabilidade aumentava porque o álbum anterior ( Paranoid ) havia obtido a melhor posição da carreira da banda nos charts ingleses com o primeiro lugar.

    Notavelmente considerado o primeiro álbum de Doom Metal ou Stoner Rock também, grande parte do peso do disco se deve a brilhante e inovadora ideia de Tony Iommi, de baixar a afinação de sua guitarra para C# ( dó sustenido ) algo nunca antes feito, outra coisa que chama atenção, são as magníficas letras do disco, daí o titulo Master Of Reality ( mestres da realidade ). O disco foi gravado entre 5 de fevereiro  a 5 de abril de 1971 , mesmo ano que o álbum Paranoid fora lançado nos Estados Unidos ( na Inglaterra Paranoid foi lançado em setembro de 1970 ), ao contrário dos outros dois primeiros discos, neste, os rapazes demoraram um pouco mais,  segundo Iommi ainda: “ o Bill Ward estava tendo alguns problemas com a musica Children Of The Grave, demoramos um pouco nela”. A produção foi de Rodger Bain mais uma vez, que acabou sendo sua última colaboração.

 Como já era de costume na banda, Iommi dava o ponta pé inicial nas composições, sempre apresentando os riffs e tudo o mais, então Bill vinha colocava sua bateria, Ozzy cantarolava uma melodia, e então Geezer finalmente escrevia a letra. Quando colocávamos o vinil, cd ou agora o mp3, escutamos de cara uma tosse, que reza a lenda seria Tony Iommi engasgando com um baseado, lenda ou não, a primeira musica do álbum, Sweet Leaf, realmente tratava da maconha no cotidiano dos caras, talvez mais como uma forma de mantenha-se longe porque você pode acabar viciado, logo de cara, já percebemos o peso que o disco terá, um riff sensacional, letra bem humorada, e um destaque para a batera de Bill na parte do meio da canção, com viradas sensacionais.

    A segunda musica do álbum, After Forever, apesar de ser creditada no vinil somente a Iommi, mais na verdade a letra vem de Geezer, mostra toda a técnica da banda, com uma letra que já desmistificava o lance da banda ser satanista, com uma clara referencia a Jesus Cristo, aliás esse papo que os caras gostavam de magia negra é furado, somente Geezer Butler se interessava pelo “oculto”, como o próprio Ozzy diz no seu livro.

 

   

    A próxima música é um tema instrumental curto, de Iommi chamada Embryo, que na verdade serve justamente de introdução para mais um clássico, Children Of The Grave. O que dizer desse indiscutível clássico, riffs galopantes, percussão muito técnica, baixão na cara, e Ozzy esgoelando muito ( vale lembrar que muitos dizem que Ozzy e um cantor ruim, pois bem eu gostaria de ver os cantores de verdade cantando com a personalidade dele ). A letra fantástica, uma das melhores do Sabbath, levando a pensarmos sobre a guerra, paz, e sobre futuras gerações, a finalização da música nos remete a algo fantasmagórico, como se todos estivessem mortos, muito bem sacado.

    Abrindo o lado 2 do vinil ( para quem é saudosista, afinal no vinil e muito legal escutar ), tínhamos a belíssima Orchid, tema instrumental de Iommi ao violão, e um teclado tocado por ele mesmo no fundo, mostrando toca a qualidade deste estupendo guitarrista. Em seguida mais uma pedrada, Lord Of This World, aqui destaco o baixo de Geezer, belíssimo trabalho, e um timbre único. Acho que para a época, foi algo muito surpreendente esse disco, pesadíssimo.

    Solitude, a faixa mais calma, vem em seguida, aqui uma pequena amostra do que a banda pode fazer em termos sonoros, uma faixa calma, com Ozzy cantando de uma forma totalmente diferente do habitual, Iommi comandando alem das guitarras, piano e a flauta, essa música me transmite uma coisa muito melancólica, condizendo totalmente com a letra que trata de alguém solitário, uma grande balada.

    Fechando esse incrível álbum, temos a música mais pesada na minha opinião, Into The Void, inacreditável os riffs e peso dessa musica, uma paulada! E também a faixa mais longa do álbum, os caras do Candlemass dariam um rim para compor essa musica (risos). A capa trazia o nome Black Sabbath em roxo, e Master Of Reality em relevo, sendo que o vinil importado ainda trazia um encarte com pôster, reproduzido no encarte da versão remasterizada em cd, no Brasil como sempre acontece, a capa saiu com uma coloração totalmente diferente do roxo, misturando varias cores no nome Black Sabbath, uma coisa horrorosa, foi nesta versão que conheci o álbum.

Versão original Versão Brasileira

    Lançado a 21 de julho de 1971, este álbum permanece no topo dos discos envolvendo o Black Sabbath, sendo que o álbum manteve o sucesso chegando a  5ª posição nos charts do Reino Unido e 8ª nos Estados Unidos, vendendo mais de 2 milhões de cópias,  pesado mesmo depois de 40 anos, para quem sempre despreza esse álbum recomendo uma audição mais atenta, vocês vão verificar que ele é tão bom ou melhor que os anteriores, na sequencia de lançamentos o Sabbath ainda lançaria outros clássicos imortais, coroando ainda mais a mística em torno dessa incrível banda.

 Por Guilherme Zucherato
Julho/2011

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