A banda paulistana Impéria, formada por Marcio Deliberalli ( vocal ), Felippe Deliberalli ( guitarra ), Flavius Deliberalli ( bateria ) e Ricardo Ueno ( baixo ), lança de seu primeiro CD, intitulado Em Dias Assim. Quem assina a produção do trabalho é ninguém menos que o guitarrista do Barão Vermelho, Fernando Magalhães.  Sol Brocanelli conversou com Marcio, Felippe e o Flavius sobre a escolha do nome, estilo musical, influências, o cd Em Dias Assim, e o trabalho com Fernando Magalhães ( do Barão Vermelho ) e muito mais.

Rock On Stage: De onde surgiu o nome IMPÉRIA e como se deu a escolha dos membros da Banda?
Flávius Deliberalli:
O nome foi meio que por um acidente. Tínhamos um nome que quase ninguém gostava e um dia meu irmão, Felippe, leu errado o nome de uma música em um cd. O nome certo era Impera, mas ele leu Impéria e levou a ideia para os outros integrantes. Todos gostaram e passamos a utilizar este nome por volta do ano 2000.

    Sobre os integrantes, a banda iniciou em 1996 com vários amigos. Muitos saíram e montaram outros projetos. Eu, o Felippe e o Marcio, que é nosso primo, permanecemos e decidimos seguir em frente, mesmo sem um baixista. Em 1998, o Luiz Henrique Santana, amigo do Marcio, passou a tocar conosco e permaneceu até meados de 2002, quando por questões pessoais ele decidiu sair. Além da amizade, ele tinha uma grande afinidade musical com a banda, mas ele preferiu se dedicar a outros projetos. Após muitos testes, em 2005, convidei o Ricardo Ueno para ingressar na banda e desde então, voltamos a ser um quarteto. Ele cursou a faculdade comigo e também tem grande afinidade musical com todos os membros. Ele passou e tocar com a banda em um momento importante. Estávamos mais maduros e desde então passamos a priorizar as composições próprias, que culminaram no Em Dias Assim.

Rock On Stage: Como vocês definem seu estilo musical?
Flávius Deliberalli:
Difícil definir, mas é algo que fica entre o Heavy Metal e o Hard Rock, se é que isso existe. Ao menos é o que muitas pessoas dizem. O bom é que por estarmos nesse meio termo, nossa música agrada a gregos e troianos: os que gostam de sons mais pesados e os que gostam de Rock and Roll.

Rock On Stage: Quais são suas maiores influências?
Flávius Deliberalli:
Bom, de maneira geral as nossas principais influências são as grandes bandas de Hard Rock dos anos 70, como Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath, AC/DC, além de Rush, Pink Floyd, bem como bandas de sons mais pesados e até progressivos, como Dream Theater e Symphony X. Isso sem contar os grandes músicos de todas estas bandas. Metallica também é uma de nossas bandas favoritas. Acho que é uma grande mistura de vertentes e sons, mas de grande qualidade. Por isso, me arrisco a dizer que o nosso trabalho é um reflexo da qualidade das coisas que gostamos e costumamos ouvir. Tem muitas outras coisas, mas basicamente nossas influências são estas.

Rock On Stage: Qual a mensagem que buscam passar em suas músicas? De onde surgem as inspirações para as letras?
Flávius Deliberalli:
Sempre tivemos a intenção de passar uma mensagem positiva e de mudança em nossas músicas e letras. Mesmo porque a música é a maneira do músico mostrar ao mundo o que ele pensa e sente. Como desejamos um mundo melhor para todos, trabalhamos com esse pensamento, de sempre levar uma palavra e uma ideia interessante para quem nos ouve. Infelizmente, o que faz sucesso e que é mais fácil de se propagar são coisas vazias e baixaria. Temos quase 15 anos de estrada e não pensamos em alterar nossa linha de atuação. Música é coisa séria, não é só para ganhar dinheiro e se autopromover.

    Temos outras músicas que não fazem parte do Em Dias Assim, que acabou seguindo uma linha conceitual. A ideia principal do álbum foi relatar a transformação de um ser em diversos aspectos, um personagem que pode ser eu ou você. O mais legal é que cada pessoa vai entender de um jeito e é isso que queremos, pois cada um tem a sua maneira de enxergar as coisas, a vida e as suas experiências. Quase todas as letras são de autoria do Felippe e uma do Marcio. A ideia principal e fazer as pessoas pensarem, se mexerem para mudar o que as incomoda. Tem gente que acha legal falar apenas de sexo, apelar para mulheres peladas e priorizar apenas o lado financeiro. Infelizmente, os governantes não fazem a parte deles e muitos músicos e artistas também não, por isso é mais fácil propagar as mensagens e as músicas que se propagam por ai hoje em dia. Uma pena. O músico, o artista que tem o dom e a oportunidade de influenciar uma massa, tem uma responsabilidade enorme perante a sociedade e no que diz respeito à formação das gerações futuras. Nossa contribuição para melhorar a sociedade em que vivemos está aí. Uma pena que muita gente que poderia fazer bem mais do que nós prefere se preocupar com outras coisas.

Rock On Stage: Como se dá o processo de composição de vocês e como fazer para buscar a originalidade?
Flávius Deliberalli:
Não temos um processo fixo de composição. Como disse, o principal compositor da banda é o Felippe. Todos contribuem com ideias, mas a maior parte é dele. A partir daí, discutimos, mexemos e conversamos muito até a composição alcançar um nível que nos deixe satisfeitos. Gostamos de sons pesados, de pesquisar, testar e inventar e procuramos não usar componentes mais comuns. Acho que esse é o segredo, pois somos bem exigentes. É como se acendesse uma luz quando alcançamos o resultado que queremos, aí a ideia está aprovada para ser lapidada. Não gostamos de ouvir coisas usuais, então, na hora de compor também buscamos algo diferente. Acho que o Em Dias Assim deixa isso bem claro.

Rock On Stage: O que vocês acham que mudou na banda, em termos de técnica e composição, desde quando vocês começaram até hoje?
Impéria:
Muita coisa. Amadurecemos, estudamos, pesquisamos. Soa estranho dizer que em 1996, eu tocava bateria! Éramos garotos. Eu era o mais velho com 15 anos quando tudo começou. Acho que você me entende. Estaria frustrado se hoje estivesse no mesmo nível técnico daquela época. Falo pelos outros integrantes também. Somos bem exigentes quanto a isso. Como gostamos de ouvir músicos de qualidade, isso também influencia na nossa maneira de tocar. É um incentivo a melhorar, a querer tocar como os músicos que admiramos.

Rock On Stage: Gostaria que vocês comentassem sobre o cd  “Em Dias Assim” e como foi trabalhar com Fernando Magalhães do Barão Barão Vermelho.
Impéria:
O álbum é o grande marco de nossa trajetória até então. Reflete todo o trabalho desenvolvido e esforço dedicado à música ao longo desses anos. Ficou exatamente com queríamos, especialmente no que diz respeito às composições e sonoridade. É um reflexo de nossas experiências e influências. Levadas interessantes de baixo e bateria, riffs de guitarra bem elaborados. Enfim, alcançamos a sonoridade que queríamos. Resumindo, Rock and Roll sem frescura e de grande qualidade. Tudo isso foi possível graças também a diversos parceiros. Não é só o cd em si, mas toda a estrutura que envolveu a criação dele. Nosso site, MySpace, fotos promocionais, figurino, a estrutura do Studio Latitude. Todo um processo viabilizado por pessoas muitos especiais, além de todo apoio de amigos e familiares. Enfim, é um grande projeto que nos enche de orgulho. Sobre o Fernando, trabalhar com ele foi uma grande experiência. Um grande músico que nos ajudou muito a chegar no formato final do álbum. A mão de pessoas qualificadas faz toda a diferença e tivemos o prazer e a sorte de contar com ele, já em nosso primeiro trabalho. Ele havia ouvido uma demo nossa e gostou bastante, aí iniciamos o trabalho para o Em Dias Assim.

Rock On Stage: Por favor, sintam-se à vontade para deixar uma mensagem ao público.
Flávius Deliberalli:
Alcançamos nosso primeiro grande objetivo ao finalizar o processo do Em Dias Assim. Espero que as pessoas curtam nosso trabalho da mesma maneira que curtimos fazê-lo. Espero também que as autoridades responsáveis no país pela cultura comecem a valorizar e fazer com que o povo valorize mais os novos artistas. Isso passa por um processo de educação e reestruturação que vai envolver a educação da população, o fim da corrupção em geral e a conscientização da mídia. Divulgar o que vende como água é fácil. Difícil é promover e levar a cultura e novas ideias adiante. Por isso, é importante as pessoas buscarem informações, conhecerem coisas novas. O pessoal lá em cima, que faz a roda girar, está satisfeito. Par quem não está, como eu, o caminho é buscar e ser a mudança que queremos ver. Espero que nosso trabalho seja uma faísca para que as pessoas busquem mudanças e melhorias em suas vidas.

Site: www.bandaimperia.com, www.myspace.com/bandaimperia
 e www.reverbnation.com/bandaimperia.

Por Sol Brocanelli
Dezembro/2011

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