Joey Summer: Músico fala sobre título do novo álbum, religião e Rock And Roll. 

    Olá, leitores. Apesar do título polêmico da entrevista, a intenção é meramente mostrar um pouco mais do conteúdo de um dos grandes músicos brasileiros que fazem música gringa. O Brasil é conhecido por muitas vertentes musicais mas muito pouco pelo rock melódico, infelizmente. Mas isto está mudando com a intervenção de qualidade promovida por bandas como Auras, Highest Dream, N.O.W. e Joey Summer. Trabalhando em seu terceiro álbum de estúdio, o produtor, guitarrista/compositor e vocalista se prepara para presentear os fãs do rock melódico com mais um álbum cheio de harmonia, peso e muitos riffs de guitarra contagiantes em seu novo álbum.

    Em 2009 o selo alemão lançou o excelente Written On The Horizon  ( leia resenha ) com participação de vários medalhões do rock melódico europeu como: Goran Edman ( Malmsteen, Glory ), Fredrik Bergh ( Street Talk, Bloodbound ), Michael Mueller ( Jaded Heart ) e músicas de Goran/Fredrik, Kee Marcello ( ex- guitarrista do grupo sueco Europe ) e Michael Bormann. Até a metade deste ano de 2011 esperamos um segmento deste álbum que teve excelentes críticas na Europa por conta de sua produção impecável e conteúdo melódico de alta qualidade. Eu entrevistei mais uma vez o Joey, que nos falou um pouco sobre o novo projeto, música, religião e perspectivas futuras. Boa leitura!

Rock On Stage: Olá, Joey. Obrigado por esta entrevista. Como vai a expectativa e os trabalhos para o novo álbum?
Joey Summer:
  Hey, um prazer batermos este papo! Estou animadíssimo com o novo material e direcionamento musical neste novo projeto. Pode-se dizer que é uma sequência amadurecida e revisada do meu último trabalho, Written On The Horizon mas com elementos ainda mais Hard e pesados, como menos variações entre baladas, mid-tempos e Heavy Rock. No geral, acho que este novo cd irá ser voltado mais para o Rock pesado como em um todo, porém nos sentiremos nos anos 80 ouvindo o melhor de Whitesnake, Journey e Warrant.

Rock On Stage: Alguma participação especial como aconteceu no último trabalho, “WOTH”?
Joey Summer: Sim! Pela segunda vez eu conto com um super músico da cena europeia no meu disco: Fredrik Bergh, ( do Bloodbound, Street Talk, etc...) participa mais uma vez comigo neste trabalho tocando os teclados da música que assinamos juntos e que se chama Heaven To Earth. Fiquei muito feliz quando Fredrik me perguntou se eu gostaria que escrevêssemos algo juntos para o meu novo álbum. Então, surgiu daí uma cativante balada ao estilo do Journey. Uma soft-ballad bastante anos 80! ( a única soft-ballad do trabalho, posso garantir ). Fredrik é um músico bastante requisitado e atuante na cena do Rock Melódico na Europa. Recentemente trabalhou com a Anette Ozlon ( Nightwish ) em um super projeto e fora isto tudo, ainda está de gravadora nova com a sua banda Bloodound. Fiquei muito feliz e honrado em trabalhar junto com esta fera mais uma vez.

Rock On Stage: Como é o processo de criação? Você usa de temas do dia a dia para escrever ou não existe uma regra na hora de compor o material?
Joey Summer: Não, eu não costumo pensar sobre nada e marcar hora para escrever. Apenas deixo que a música dite o que ela quer de mim. O “clima” da música acaba sempre influenciando na hora de escrever a letra. A maior parte do álbum acabou ficando mais voltado ao romântico embora em algumas delas eu aborde, sutilmente na verdade, sobre religiosidade e fé.

Rock On Stage: Seria uma retomada ao seu primeiro álbum solo, "Nascer", onde a temática foi primordialmente cristã, com exceção da faixa “Rough Ride To Paradise” do Kee Marcello?
Joey Summer: Não, absolutamente! Eu escrevi uma espécie de autobiografia musical naquele álbum. Sou cristão e vim de uma família cristã e isto fez sentido quando escrevi as canções daquele álbum. Mas eu tenho muito mais o que falar e nunca gostei de ser rotulado e segmentado como um compositor que só escreve sobre um tema, neste caso um compositor de música religiosa. Não é para mim.... Apesar de uma das faixas mais pesadas e marcantes deste novo projeto abordar uma temática espiritual, ela em nada vincula-se a uma religião específica.

Rock On Stage: Por falar em religião, como você disse que é cristão, aproveito para perguntar como você vê a religião em si, ou a religiosidade, se você assim preferir?
Joey Summer: Eu acho que a religião tem trazido miséria para muitos e fortuna para poucos e isto não é o que eu necessariamente sigo na minha vida. ( É só olharmos para a história, como na Irlanda do norte, a famosa guerra entre católicos e protestantes, já cantada pelo U2 ). Não vejo Deus como fonte de lucro para o homem se impor perante outros homens nesta terra. O homem não tem maturidade espiritual para conduzir sua própria religiosidade sem afetar a vida de outros. Sendo assim, não sou partidário a nada que torne alguém porta-voz do todo poderoso, principalmente se isto for trazer algum retorno financeiro para si.

    A música do segmento tido cristão, já virou emprego há muito tempo e alguns artistas desta área tem se beneficiado do pouco acesso à cultura teológica dos seguidores e fies da dita religião. Pior é que estes artistas parecem ter se convencido de que são a mão de Deus sobre a terra e ganhar dinheiro e vender cd's é a vontade do soberano, afinal, eles estão levando a mensagem de fé à pessoas de todos os lugares que precisam. Mas em tudo em vejo uma desculpa para fazer de um trabalho uma “missão", afinal, de graça ninguém faz show! Deus é para todos, para os que acreditam e para os que não acreditam também. Ele não vai deixar de existir só porque alguém é ateu ( graças a Deus ) porém, Ele é e sempre foi e será de graça e acessível. Não meramente um produto de um segmento mercadológico que usa uma Bíblia ao seu favor, como um contrato para se protegerem. Tenho certeza de que Deus não recebe royalties de gravadoras. Embora devesse, pois existe todo um mercado muito lucrativo fundamentado em Seu nome!

Rock On Stage:  Existem muitas bandas de Rock Cristão em evidência hoje. Isto seria aplicável a elas?
Joey Summer: Olha, eu conheço muitas bandas cristãs, musicalmente falando. Só acho que se você for um cristão, deve sê-lo no em tempo integral. Isto de fato, não o tona melhor do que ninguém. Acho também que nada justifica tonar sua fé religiosa em dividendos e lucros para o seu bem estar. Não é justo “torcer a Bíblia” à seu favor e não é justo com outras pessoas da mesma visão religiosa que mal tem onde se abrigarem do frio ou do calor. Acho que a música tem de abranger tudo o que for positivo e passar uma boa mensagem.

     Quando nos atrelamos à uma temática e não saímos mais dela, deixamos passar muitas coisas relevantes sem nos manifestarmos sobre elas. Música é um dom espiritual que não se explica nem pela genética. Você pode usar os seus dons livremente para ganhar dinheiro, reconhecimento e estabilidade, mas fé; é uma dádiva espiritual sem preço e é por isto que eu não acho correto viver e ganhar dinheiro vendendo algo que lhe foi entregue gratuitamente, usando a fé alheia como moeda de troca, justamente porque ela não tem preço. Não sou a palmatória do mundo, não sou digno de julgar os atos de ninguém, mas tenho um cérebro que raciocina e me diz que onde há fumaça, sempre há um fogo eminente e se alastrando.

Rock On Stage:  Como a música entrou na sua vida, Joey?
Joey Summer: Eu tinha apenas oito anos quando aprendi a dividir vozes ouvindo minha mãe, Ruth Salvaterra Polycarpo, trabalhando com corais ( ela era regente, pianista e cantora lírica ) que ela organizava. Foram muitas noites ao pé do piano da minha mãe ouvindo e aprendendo e alguns anos mais tarde, já com meus dez anos, eu começaria a ajudar a passar as vozes do contralto e barítono e desta forma, sem saber, eu acabei guardando valiosos conhecimentos musicais que eu utilizaria mais tarde em minhas bandas. Eu viajava com aquilo tudo. Era mágico!

Rock On Stage:  Existe algo que você se arrependa na sua trajetória musical, algo que você devesse ter feito diferente, por exemplo?
Joey Summer:  Nossa, Eduardo! Muitas coisas. A maturidade vem com o tempo e o tempo nos rouba do próprio tempo que temos para realizarmos nossos objetivos ( complexo, não? risos ). Mas veja; eu comecei muito cedo na música e fiel a um estilo que me captou de primeira; o Rock and Roll! Acho que o maior arrependimento que tive/tenho, foi de ter abandonado por um longo tempo as minhas convicções e a fé na minha própria musica. Eu deixei que a vida me dissesse que talvez não fosse do meu jeito afinal, e com isto acabei me distanciando dos meus objetivos e perdi muito tempo com isto. Deixei de alimentar o meu Frankstein e paguei um preço alto por isto. Mas como eu disse; maturidade só vem com o tempo.

    O fato de eu estar de volta ao meu som original e aos meus ideais, agora já com meus 40 anos, pode acarretar algo no sentido da longevidade do que eu farei na minha vida, mas com certeza eu estou mais feliz agora do que jamais estive antes, porque para o bem ou para o mal; sou eu inteiramente focado e entregue ao que eu amo fazer e dando a cara a tapa para toda uma indústria musical que exporta esta música a anos! Seja na Europa, E.U.A. ou mesmo no Brasil, você só me verá fazendo o que eu realmente considero bom e musical. Fazendo a minha música ser registrada junto com os meus passos, pois jamais deveria ter sido diferente!

Rock On Stage: Você focou em assuntos políticos neste novo álbum?
Joey Summer: Olha, eu não sou um cara “politicamente correto” ao ponto de ser a palmatória do mundo. Eu acredito que bons políticos antes de mais nada precisam ser bons cidadãos. Não se faz uma boa omelete com um ovo estragado. Eu não foquei este trabalho em nenhum momento à política, mas sim ao ser humano. Tenho letras que falam do real sentido de ser e estar e isto pode ser uma boa reflexão mesmo para alguém que está dentro da política, não acha? Minha visão política é brasileira no momento, eu não posso escrever um álbum focado na nossa política se pretendo vender discos mundo a fora. Mas sou uma pessoas que defende “politicamente” suas convicções. Eu apoio algumas ONG´s como no caso da: Wales Agains The Animal Cruelty  no norte do país de Gales. Eles tem uma linda campanha contra a caça à raposa e todos sabem que sou apaixonado por animais e estes sim, são iguais em todos os lugares do mundo e precisam de ajuda de qualquer etnia ou credo.

Rock On Stage:  Bacana saber disto! Você tem feito shows com o material de “Written OnThe Horizon”?
Joey Summer: Não. Gravei alguns programas de rádio e TV a cabo para o Brasil e outros países na Europa, mas não fiz shows. Eu lancei o álbum em junho de 2010 e em junho eu já estava começando a gravar este novo projeto. Foi praticamente sem intervalos. Para reunir uma banda, ensaiar e fechar shows, etc... iria ser um passo de cada vez e levaria muito tempo. Optei por gravar um novo material e ter mais arsenal para uma possível tour em 2011. Felizmente eu não dependo de fazer shows para sobreviver, manipulo meu próprio horário e tenho meus recursos para pagar as contas, então, ainda estou me dando este luxo: escolher o melhor momento de procurar uma agencia de shows e fazer algo pensado, estruturado e com pelo menos dois álbuns no mercado. Já perdi muito tempo na minha vida, como disse antes, não quero fazer nada desesperado agora.

Rock On Stage:  E a sua banda, Joey? É a mesma no último cd?
Joey Summer: Sim, basicamente. Eu e o meu tecladista Daniel Lamas gravamos todas as bases. Eu costumo gravar minhas guitarras em casa e faço minhas guias de vocal. Depois me reúno com ele no estúdio dele e gravamos todos os teclados, backings e baixos. Neste trabalho estou contando com um grande amigo meu na bateria, o Geraldo Abdo, excelente músico com uma pegada super anos 80. Trabalhamos juntos durante muitos anos e aprendi a respeitar e confiar no seu trabalho e fiz questão que ele trabalhasse novamente comigo. No meu álbum solo de estreia, o Nascer, lançado em 2009, ele também gravou as baterias no álbum todo. Estou feliz com esta parceria musical novamente.

Rock On Stage:  Você lançou seu último álbum pelo selo alemão Avenue Of Allies Music. Neste novo projeto você conta com o mesmo selo para lançá-lo?
Joey Summer: Sim. Continuo com a Avenue Of Allies. Greg acreditou e apostou o meu primeiro trabalho internacional e eu gostei muito do enfoque e profissionalismo dele e estou apostando novamente nesta parceria.

Rock On Stage:  O álbum novo já tem um single escolhido e título, Joey?
Joey Summer: Sim, quanto ao título. Em primeira mão para você: One Bite From Paradise e a arte gráfica está fincando pronta dentro de mais uns 45 dias. O single ainda não foi escolhido, mas deve estrear no meu canal oficial no YouTube no próximo mês ou no máximo em início de março. A produção está bem adiantada e em breve devemos ter uma previsão de lançamento.

Rock On Stage:  Muito bom, Joey! Agora fique a vontade para deixar uma mensagens para os rockeiros que curtem AOR/Rock Melódico e consequentemente curtem o seu trabalho. Parabéns e cada vez mais sucesso!
Joey Summer: Eu que agradeço pela entrevista e oportunidade de falar mais sobre tudo o que está rolando de novidade. Desejo um ano de 2011 com muita garra e vontade de fazer o melhor no cenário da música nacional e internacional e nunca deixem de acreditam em quem vocês são. Não deixem que ninguém diga o que vocês devem ou não devem fazer. Corram riscos mas deem o seu melhor em tudo o que fizerem! Obrigado pelo carinho e visitem meus espaços oficiais na Internet: www.joeysummer.com, www.facebook.com/joeysummer, www.twitter.com/joeysummer e www.youtube.com/joeysummerOfficial. Muito paz e muito Rock and Roll em 2011!!!

Por Eduardo Adreatta
Agradecimentos à Carolina Zardo -
www.carolinazardo.com/
Janeiro/2011

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