Entrevista com Vincent Cavanagh do Anathema  

    Entrevistamos Vincent Cavanagh, vocalista e guitarrista da banda de Doom Metal, Anathema. O músico nos falou sobre a nova turnê, fãs e crowdfunding. Eles vem ao Brasil divulgar o novo álbum Distant Satellites em única apresentação em São Paulo, dia 08 de fevereiro, na Clash Club. Confira os detalhes logo abaixo:

Rock On Stage: Em fevereiro, vocês trazem a turnê do "Satellites Over South America Tour” para o Brasil. Poderiam nos falar um pouco sobre o processo de criação deste álbum?
Vincent Cavanagh: As músicas foram escritas em cerca de 10 dias e mais duas sessões, sendo uma em Portugal no início de 2013 e outra alguns meses mais tarde, na Noruega. Algumas das músicas foram baseadas em ideias que tínhamos há um tempo e outras foram escritas durante essas sessões. Danny Cavanagh criou a maioria dos riffs iniciais, John Doulgas fez outros, nós produzimos e arranjamos o instrumental juntos.

    Assim, entramos no estúdio com todas as músicas, mas sem as letras, que foram escritas um pouco antes de gravar, sendo a maior parte escrita por Danny Cavanagh. Normalmente, sempre fizemos dessa forma, mas para ser honesto, para o próximo álbum eu quero que tudo seja escrito e ensaiado antecipadamente. Não gosto de ir para o estúdio sem saber como a música vai sair. Assim, teremos grandes mudanças na próxima vez.

Rock On Stage: "Distant Satellites" recebeu críticas positivas de sites como o "Metal Injection", "Thrash Hits", "The Guardian" e muitos outros. Mas entre os fãs e amigos próximos, como tem sido a recepção do novo álbum?
Vincent Cavanagh:
Eu realmente não converso com amigos próximos sobre isso. Tenho meu conceito sobre o registro e realmente, mantenho os elogios e as críticas há uma certa distância. Estou apenas preocupado com a forma como eu me sinto sobre isso. Acreditem, sou provavelmente o nosso crítico mais feroz. As reações do público têm sido positivas e acho que as músicas soam melhor ao vivo, pois nós fazemos pequenas mudanças.

Rock On Stage: Gostei muito do álbum e estou muito ansiosa para ver ao vivo a música Anathema. Há alguma música que vocês estejam ansiosos para tocar nos shows ou que seja a favorita deste novo trabalho?
Vincent Cavanagh:
Essa música obviamente é também a faixa título Distant Satellites. Estou curioso para ver como as pessoas vão reagir a esta música.

Rock On Stage: E a recepção dos fãs nestas novas músicas ao vivo. Como tem sido?
Vincent Cavanagh:
Podemos dizer que os fãs respondem com muita energia nas novas canções. Há muito mais canções rápidas, que sempre cai bem. Há também algumas faixas que você pode realmente agitar.

Rock On Stage: Em 2013, vocês tocaram no Brasil. Como foi o show de sua perspectiva e o que você espera do público em fevereiro?
Vincent Cavanagh:
Foi uma grande noite! Faz alguns anos que visitamos o Brasil antes disso ( ele está se referindo a vinda em 2006 e depois as tentativas frustradas de show no Brasil até 2013 ), porque não conseguimos encontrar o promotor ideal. Havia sempre alguma rivalidade acontecendo entre os promotores de cada país, que sempre quis ter outro promotor responsável para pegar a guia de certas despesas como passagens aéreas e de bagagem, etc.

    Eles nunca conseguiam entrar num acordo. Tanto a banda quanto o público sofreram quando os shows foram cancelados. Então, desde 2013 trabalhamos com novas pessoas. É a nossa segunda turnê em dois anos e as coisas parecem estar indo bem. Então, no momento eu estou feliz. Embora, ainda gostaria de tocar no Rio de Janeiro. O público em 2013 foi realmente fantástico, com muita energia na casa. Para esta turnê, junto com as novas músicas, eu estou esperando uma grande festa!

Rock On Stage: A turnê "Resonance" tem um sentimento de comemoração. Pode nos dizer como é reviver essa evolução das suas carreiras, junto com Duncan Patterson e o Darren White no palco?
Vincent Cavanagh:
Sim, é exatamente isso, uma celebração. Do nosso tempo com Duncan Patterson ( baixo ) e Darren White ( vocais ) e da música que fizemos juntos, que ainda gostamos muito.

    É claro que, depois de 10 álbuns, a sua música progrediu tanto, que há menos chance de jogar material mais antigo no show. Assim, esta turnê é a maneira perfeita de fazê-lo.

Rock On Stage: Os fãs adoram, mas como é para vocês revisitarem algumas músicas depois de tanto tempo?
Vincent Cavanagh:
Trato cada canção com o mesmo respeito de quando foi escrita. Não tento mudá-las para ajustar ao nosso som atual. Esta é uma celebração da lembrança. Todos juntos pelas razões certas e para se divertir!

Rock On Stage: Daniel está participando de um crowdfunding para gravar seu CD solo no site do Pledge como tem sido essa experiência?
Vincent Cavanagh:
Você teria que perguntar a ele sobre isso. Eu não sei muito sobre isso. Pessoalmente eu acho o Pledgemusic e outras plataformas de 'crowdfunding' têm o potencial para ser uma coisa positiva.

    Infelizmente, eu tenho visto um monte de bandas explorando seus fãs por cobrar coisas como 1.000 USD ( dólares ) para jogar um maldito jogo de vídeo game, ou 50.000 USD ( dólares ) para passar um fim de semana com a banda. Essas bandas são uns canalhas malditos! Se você está se perguntando sobre quem estou falando é só passar 15 minutos olhando para as campanhas das pessoas e comprove você mesmo.

Rock On Stage: Poderia nos contar sobre a experiência de cantar as suas músicas em versão acústica dentro de catedrais?
Vincent Cavanagh:
Catedrais não são apenas os templos de adoração, mas também são templos do som. Elas são construídas para transportar a acústica do coro ou do órgão por todo a área. Ouvir a sua voz ecoando através 1.000 anos de maciça arquitetura gótica é muito especial.

    Porém, você tem que ser cuidadoso com o reverb ( eco ), pois pode ficar confuso se você não tem o equipamento certo. Portanto, temos um sistema com 20 alto-falantes near-field PA que estão posicionados em vários pontos, então toda a plateia começa a ouvir a música antes do reverb.

Rock On Stage: Como vocês veem o cenário musical hoje na Inglaterra?
Vincent Cavanagh:
Eu não moro no Reino Unido há seis anos, mas pelo o que eu vejo não há nada de interessante na cena mainstream. Todos os melhores artistas são independentes ou Underground.

    Recentemente eu estive ouvindo as últimas coisas de 65daysofstatic, James Blake, Sohn, Jon Hopkins, Max Richter, Worriedaboutsatan, Mogwai, Tom Brookes, Sleaford Mods. Algumas bandas boas da Irlanda também God Is An Astronaut e Cronin.

Rock On Stage: Obrigada pela entrevista e você poderia deixar uma mensagem para os fãs brasileiros?
Vincent Cavanagh:
É um prazer. Ansioso para ver todos vocês novamente!

Por Érika Alves de Almeida
Agradecimentos à Costábile Salzano Júnior
Janeiro/2015

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