Entrevista com Magdalena Opazo da Egregor

Egregor: “Cada música da Egregor tem coração e alma”

    Com poucos anos de banda, os chilenos do Egregor alcançaram um destaque na mídia local, foram motivo de um artigo no The Wall Street Journal nos Estados Unidos e também participaram de festivais em seu país de origem. Agora, o quinteto que canta em espanhol e mistura o Prog Metal com ritmos locais, sendo considerado um Metal Eclético, está de olho no Brasil para a divulgação de seu debut, o álbum Karma.

    Para apresentar o Egregor ao Brasil, a vocalista Magdalena Opazo foi entrevistada por Erick Tedesco e comentou sobre a origem da banda, influências, estilo musical, do debut, o ingresso no mercado brasileiro e outros temas, confira nas linhas abaixo.

Rock On Stage: A Egregor lançou o terceiro videoclipe de divulgação do cd "Karma" no começo de abril, para a música 'Ritual'. Como está a repercussão do vídeo?
Magdalena Opazo:
A resposta das pessoas tem sido emocionante. Recebemos diversos comentários positivos, além daqueles que ficaram realmente surpreendidos com o vídeo ao nos ver pintados e personificados. Parece que o impacto foi grande e que sem dúvida marca o trabalho que fazemos. Este tipo de repercussão ainda nos deixa uma tarefa, que é produzir trabalhos ainda melhores nos próximos vídeos.

Rock On Stage: Conte-nos sobre o início da Egregor. Quando foi criado um ideal, uma perspectiva concreta de banda?
Magdalena Opazo: Egregor
foi fundado por mim, Magdalena Opazo, de acordo com meu desejo de formar uma banda ainda em 2010, mas, que se concretiza apenas em 2012. A perspectiva inicial era apenas fazer música consistente, que foi possível com o passar do tempo e de acordo como os integrantes foram se conhecendo, musicalmente falando, que nos ajudou a ter uma visão de um caminho e apurar a mensagem a ser transmitida.

Rock On Stage: Desde que começaram como banda, até agora, quais são as principais referências culturais que definem a identidade da Egregor?
Magdalena Opazo:
É complexo, porque tanto como banda ou cada integrante em particular não tem uma única referência cultural. Acreditamos que nossa referência seja o ser humano, o que ele sente, que faz para compreender a si mesmo para evoluir.

    Por esta razão, a Egregor é influenciada por muitas culturas, crenças, seja do budismo, cristianismo ou celta, além da importância da valorização da terra, as tradições de tribos. Valorizamos muito nossos ancestrais. Tudo isso nos afeta enquanto indivíduos e banda.

Rock On Stage: A cidade natal, Arica ( norte do Chile ) e o clima desértico também são influências para o trabalho como Egregor?
Magdalena Opazo:
Sem dúvida, mas, de forma indireta. Interiorizamos as características de nossa zona geográfica e o clima como inspiração para a música, afinal, é inevitável ser afetado por tudo que nos rodeia.

Rock On Stage: Existe uma definição oficial ao estilo de música praticado pela Egregor?
Magdalena Opazo:
Definimo-nos como uma banda de Metal Eclético. Decidimos adotar todas as qualidades do termo 'eclético' para definir a nossa arte. Falamos de um ecletismo não apenas musical, que nos permite mesclar diferentes ritmos, instrumentos ou tendências, mas também um termo que significa a pluralidade de ideias.

    Este estilo que propomos dialoga com um pensamento, uma visão conciliadora entre diferentes crenças e gostos, presentes em nossas letras que abordam diferentes ideologias, às vezes apondo uma comunhão entre elas, que para nós significa um reencontro com nossas origens. É por isso que nos sentimos representados pelo termo Metal eclético. Fico feliz por saber que a definição ganhou novos horizontes e muitas outras bandas, inclusive de diferentes países, adotam esta definição.

Rock On Stage: A discografia da Egregor consiste em um EP, singles e o álbum "Karma". O que representa cada registro e o momento em que foi lançado?
Magdalena Opazo:
O EP e os singles foram parte do processo de conhecimento entre os integrantes, quando ainda éramos apenas um projeto de banda, éramos em três, e fizemos tudo por contra própria. Foi, então, um período de ter confiança que podíamos criar ideias e depois materializá-las.

    A composição, gravação e lançamento de Karma também foi fruto de autoconhecimento. Aprendemos muito juntos, novamente fizemos tudo de forma independente, e sem dúvida, o álbum é um passo firme para dizer “somos a Egregor e estamos aqui para ficar”. Considero o primeiro grito consistente da vida da banda.

Rock On Stage: Qual a opinião da banda sobre "Karma"?
Magdalena Opazo: Karma
é importante, é um disco que ajuda a conhecer a Egregor, um material concreto e que tem muito a ensinar. Então, entendo Karma como nosso primeiro sopro. Antes éramos uma ideia, um pensamento, agora pouco a pouco começamos a ganhar corpo, a ter um nome que farão as pessoas nos conhecer.

Rock On Stage: Qual o conceito de "Karma", principalmente referente as mensagens das letras?
Magdalena Opazo: Karma
não é um álbum temático, porém, todas as nossas composições estão focadas em uma visão, uma visão em envolve o conceito da Egregor, tanto em nossas vidas pessoais como na forma em quem nos relacionamos com a música. Os temas de Karma estão focados no reencontro, em recordar e vivenciar os processos que te fazem entender a vida; compreender que a alma grita para avançar, grita para experimentar e sentir, já que na dinâmica do mundo atual não encontramos muito tempo para escutar este grito.

    Para expressar isso, olhamos para diferentes perspectivas, culturas e ideologias, porque sentimos que todas estão conectadas, que todas têm uma mesma origem. É por isso que se encontra em Karma... canções que dialogam sobre a consciência cristã, conceitos budistas e celtas, e até descrições científicas de processos relacionados à criação.

Rock On Stage: Por que optaram por temas mais espirituais, às vezes místicos, de autoconhecimento e positividade?
Magdalena Opazo:
Porque é o que somos, uma banda que faz música com mensagem, uma mensagem que vivemos dia a dia. Também estamos aprendendo, crendo, caindo, levantando, chorando, amando. Fazemos música para recordar de onde viemos. Cantamos para todos que sentem que algo os chama.

Rock On Stage: Quais os êxitos da Egregor em cantar na língua pátria, o espanhol?
Magdalena Opazo:
Desde que formamos a banda, decidimos escrever em espanhol devido à um pensamento bastante enraizado em nós. Acreditamos ser importante resguardar o que é nossa língua, é como nos expressamos com mais profundidade.

Rock On Stage: Além dos instrumentos básicos ( guitarra, baixo e bateria ), quais outros foram utilizados na produção de "Karma"?
Magdalena Opazo:
Convidamos muitos músicos que tocam instrumentos da cultura Andina, como charango, quenas, zampoñas, além de outros trabalhados de forma digital.

Rock On Stage: Qual a perspectiva da Egregor em ingressar no cenário brasileiro de Rock/Metal?
Magdalena Opazo:
Somos o mesmo sangue, parte de uma história de povos guerreiros, lutamos pelo reconhecimento e valorização de nossas vidas. Temos interesse no público brasileiro porque vocês também fazem parte de nossas mensagens, também cantamos para os brasileiros, assim como queremos que gente de outros continentes nos conheçam, como a Europa.

    No entanto, à princípio, para nós, é importante nos conectarmos com os irmãos. Por isso, esperamos e desejamos que se conectem com a Egregor, que se sintam parte de nossa proposta.

Rock On Stage: Já existem planos para um novo álbum?
Magdalena Opazo:
Pensamos, sim, em um novo álbum, mas no momento estamos compondo um single, que sairá antes. Creio que um novo disco seja um grande desafio.

    Queremos dar, sempre, o nosso melhor, e dia a dia aprendemos muitas coisas que podem serem de uma valiosa ajuda, mas também causar confusão se virar ansiedade por querer entregar logo tudo o que temos. Cada música da Egregor tem coração e alma.

Entrevista e tradução Erick Tedesco
( jornalista e historiador )
Maio/2016

Links Relacionados: www.facebook.com/EgregorOfficial,
www.egregorband.com https://egregorband.bandcamp.com.

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