Entrevista com Warrel Dane

    O vocalista Warrel Dane ficou mais conhecido no mundo do Heavy Metal graças ao seu excelente trabalho à frente da banda de Thrash/Progressive Metal Nevermore, que segundo ele nos conta na entrevista exclusiva ao Rock On Stage, não acabou e espera gravar um novo álbum novamente. Além disso, ele também está mantendo em atividade a banda Sanctuary, já cantou no Serpent´s Knight e nos shows de sua carreira solo relembra de seus antigos clássicos das bandas onde passou e também mostra suas composições solo. Atualmente, Warrel Dane está passando uma temporada no Brasil e se apresentando em várias cidades, participando de alguns shows e realizando gravações com os músicos brasileiros de sua banda solo.

    Aproveitando a oportunidade, o repórter Fernando R. R. Júnior - com a colaboração de Carol Manzatti - realizou uma entrevista exclusiva com o cantor, que nos contou algumas novidades e curiosidades. Muito simpático e comunicativo, Warrel Dane comentou sobre  temas como sua turnê atual, que é centrada nos álbuns Dead Heart In A Dead World e Dreaming Neon Black, a sua banda solo brasileira, as novas composições, as perdas de ícones como Lemmy e David Bowie e até de cozinha entre muitos outros assuntos. Com vocês Warrel Dane....

Rock On Stage: Warrel, primeiramente queria te agradecer pela oportunidade desta entrevista. Bem, sua imagem é sempre associada ao Nevermore, inclusive este atual giro pelo Brasil continua a comemorar os 15 anos do lançamento do álbum "Dead Heart In A Dead World" e os 16 de "Dreaming Neon Black", para você é importante manter o nome do Nevermore sempre na ativa? E por que?
Warrel Dane:
Sim, estamos celebrando 15 anos de Dead Heart In A Dead World e os 16 de Dreaming Neon Black, e os shows no Brasil tem material dos dois álbuns, também do projeto solo. Acho importante sim manter o nome Nevermore ativo, porque haverá mais um trabalho da banda, não sei ainda qual será a formação da banda, mas eu gostaria muito que o Jeff Loomis fizesse parte disso.

Rock On Stage: Ainda sobre o Nevermore... em 2005 tive a oportunidade de assistir a banda no "Live´n´Louder" ( confira cobertura ), onde vocês realizaram um dos melhores shows do festival, mesmo com você passando por um momento pessoal bastante complicado, bem existem lembranças positivas daquela ocasião?
Warrel Dane:
Eu me lembro desse festival. Minha mãe morreu um dia antes. Falei com minha irmã e ela disse para eu não voltar para casa, não cancelar os shows, porque não era isso que minha mãe iria querer que eu fizesse, ela gostaria que eu continuasse. Muitas pessoas me apoiaram, foi um grande festival, eu adorei.

Rock On Stage: E quanto ao Sanctuary, que lançou seu último álbum em 2014, o "The Year Of The Sun Died", existem planos para o registro de um novo álbum e o que podemos esperar?
Warrel Dane:
Fiquei muito orgulhoso desse álbum. Estamos escrevendo um novo material, já temos três ou quatro músicas, um pouco mais pesadas e mais rápidas. Eu falo para o guitarrista “rápido, rápido, escreva coisas rápidas” ( risos ). É um tanto Thrash, na pegada das musicas antigas. Claro que os vocais atuais não são iguais os do Nevermore, pois, tento fazer algo diferente. Mas, esperem por coisas boas.

Rock On Stage: Na atual formação de sua banda solo temos os guitarristas Johnny Moraes ( Hevilan ) e Thiago Oliveira ( Seventh Seal ), o baixista Fábio Carito ( Shadowside ) e o baterista Marcus Dotta ( Skin Culture ), como foram suas escolhas e como tem sido trabalhar com cada um deles nestas turnês pelo Brasil ( e alguns shows também pela Europa )?
Warrel Dane:
Conheci os rapazes em uma visita ao Brasil. O Thiago Oliveira me perguntou pelo Facebook se eu gostaria de vir ao Brasil, tocar as músicas do Nevermore e do Sanctuary. Fiquei apreensivo porque não conhecia nenhum deles, mas depois me senti bem confortável. São meus melhores amigos agora. Faremos agora em maio uma tour pela Europa com essa formação.

Rock On Stage: Você já pensou em gravar um álbum solo com esta formação brasileira de sua banda? Caso positivo ele teria um direcionamento de Heavy Metal, lógico, mas, você agregaria algum ritmo brasileiro à ele?
Warrel Dane:
Sim,com certeza! Vamos tentar acrescentar a pegada brasileira. Os músicos brasileiros são ótimos, às vezes não tem o reconhecimento que merecem. Fico feliz por trabalhar com músicos brasileiros, me sinto abençoado pela oportunidade.

Rock On Stage: Nos últimos anos estão sendo frequentes suas turnês pelo Brasil, você considera o país um ótimo mercado que frequenta e lota os shows? E o que você pensa dos headbangers brasileiros e do contato com eles pós show?
Warrel Dane:
O Metal continua muito popular aqui no Brasil, os bangers daqui são muito loucos! ( risos ). Gosto de conhecê-los após os shows.

Rock On Stage: O Grunge foi um movimento muito forte nos anos 90, porém, de certa forma não resistiu ao teste do tempo, quais motivos você considera para que o Heavy Metal se mantenha com tantos fãs fiéis por mais de 40 anos?
Warrel Dane:
Os anos 90 foram difíceis para o Grunge. O Metal por outro lado nunca “acabou”. O Grunge ficou um pouco esquecido. Minha banda favorita era o Alice In Chains, porque eles eram uma banda de Metal mesmo, sabe? Eu era amigo do Layne ( Stanley - vocalista ) e fiquei arrasado com a morte dele. Acho que o “segredo” é nunca desistir. Sempre ter foco. Dar 100% de você na música que faz.

Rock On Stage: Nestas últimas semanas perdemos ídolos como Lemmy Kilmister, David Bowie, Glenn Frey e Jimmy Bain, todos músicos que de alguma forma influenciaram e marcaram gerações... lógico que nós todos não somos eternos, mas para você consegue apontar renovações no Rock e Metal para as futuras gerações?
Warrel Dane:
Foi muito duro quando perdemos Lemmy. Fiquei chocado quando David Bowie morreu, porque seu último trabalho ficou absolutamente incrível. Sempre fui um fã dele. Não sei como será o futuro. Nunca haverá outro Lemmy, outro Bowie. Mas nunca se sabe, as coisas mudam. É triste perder bons músicos, como o Glenn Frey do Eagles e tudo em tão pouco tempo. Parece que estamos em uma temporada de mortes....

Rock On Stage: Quando e como foi que você sentiu que seu caminho na música seria o de vocalista e aproveitando... quais cuidados você tem com sua voz? Quais conselhos poderia indicar para um vocalista de Heavy Metal iniciante?
Warrel Dane:
A primeira vez que ouvi o álbum Unleashed In The East do Judas Priest, aquele foi o momento em que decidi ser cantor. Porque eu fiquei pasmo com a voz do Rob Halford. Quando estou em tour tento me cuidar. Tomo chá quente antes do show e muita água. A coisa mais importante para um vocalista é beber água e dormir, porque você precisa se hidratar e descansar, pois, os shows são puxados. É o melhor conselho que posso dar aos iniciantes.

Rock On Stage:  Como você avalia o momento que estamos vivendo na indústria da música, pois, os músicos infelizmente tem que conviver com downloads ilegais, divulgações em várias plataformas virtuais e os apreciadores ( meu caso ) do cd em formato físico.
Warrel Dane:
Sim,os downloads ilegais e coisas do tipo afetam a industria da música, porque a única maneira de ganharmos dinheiro em tour é vendendo camisetas. É difícil. Mas gosto de saber que as pessoas estão voltando a tornar os vinis populares novamente. Não existe nada mais legal do que o som de uma agulha em um vinil, dando aquela “riscada” ( risos ), você pode ouvir isso no início do álbum Master of Reality do Black Sabbath.

Rock On Stage:  Se você fosse recomendar apenas três álbuns específicos de sua carreira, sejam do Nevermore, do Sanctuary ou solo, para alguém que nunca ouviu nada de suas composições... quais seriam e porque foram escolhidos?
Warrel Dane:
Na minha opinião,do Nevermore, o meu preferido é Dreaming Neon Black, porque tem uma história bem pessoal. Do Sanctuary seria o Into The Mirror Black, o meu preferido. Mas, o The Year the Sun Died também é ótimo. Mas, acho que os fãs gostam mais do Nevermore. Porém, eu não tenho mais 20 anos, não posso mais sair gritando feito um louco por aí ( risos ). Tive que me adaptar, pois, a voz já não é mais a mesma e igual como antes. Do Praises To The War Machine eu me orgulho bastante, recomendo que escutem. Quis fazer algo diferente, ele soa mais como um álbum de Rock, não tão brutal. O que eu e os caras estamos trabalhando agora, Shadow Work, é mais brutal e vai surpreender.

Rock On Stage: Saindo do Heavy Metal você é um chef de cozinha, bem costuma cozinhar para os amigos quando é possível? E quais pratos são os seus favoritos para preparar?
Warrel Dane:
( solta uma gargalhada ). Eu me confesso um “viciado em massa” porque não há vida sem massa. Trabalhei na industria alimentícia por anos, tive um grande mentor, que me ensinou tudo sobre comida italiana. Ultimamente cozinho para os meus amigos 'gnocchi' ( ou nhoque ) com gorgonzola, tão fácil de fazer e muito gostoso! ( risos ).

Rock On Stage:  Quais são os seus planos para este ano?
Warrel Dane:
Tour pela Europa com o álbum Dead Heart In A Dead World na íntegra e músicas do projeto solo também. E depois teremos tour pelos Estados Unidos com o Sanctuary em outubro. Talvez tocaremos em festivais também.

Rock On Stage:  Muito obrigado pela entrevista Warrel, te deixo o espaço aberto para uma mensagem para os fãs e aos leitores(as) do Rock On Stage.
Warrel Dane:
Minha mensagem final é a seguinte: Tenham sua própria religião, porque essas que temos atualmente, são umas merdas.

 

Entrevista por Fernando R. R. Junior
Colaboração: Carol Manzatti
Agradecimentos especiais à Priscila Queiroz
Abril/2016

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http://www.youtube.com/warreldane.

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