Entrevista com Carl Palmer

    "Normalmente, a bateria e a percussão não são os instrumentos principais e não são projetados para transportar uma melodia. Eles, no entanto, trazem o poder e energia para uma música".

     Carl Palmer, um dos maiores bateristas de todos os tempos, que fez história nos supergrupos Emerson, Lake & Palmer e anos mais tarde no Asia com registros fabulosos como Trilogy, Tarkus, Brain Salad Surgery ( citando apenas três dos álbuns do ELP ) e o primeiro do Asia está pronto para se apresentar no Brasil os shows da turnê Carl Palmer's ELP Legacy, onde celebra os clássicos que gravou com os amigos Keith Emerson e Greg Lake.

    Os shows fazem parte da Top Cat Series com produção da Top Cat Produções Artísticas e serão realizados no Espaço das Américas em São Paulo/SP no dia 24 de maio, no Vivo Rio no Rio de Janeiro/RJ no dia 25 de maio e no Theatro Municipal em Niterói/RJ no dia 26 de maio.

    Aproveitando a oportunidade, o repórter Fernando R. R. Júnior do Rock On Stage conversou com o mestre das baquetas Carl Palmer com exclusividade e ele nos contou sobre o formado dos shows, de como se tornou um baterista, álbuns favoritos do Emerson Lake & Palmer e outros temas confira logo abaixo:

Rock On Stage: Nesta atual turnê sua com o Carl Palmer's ELP Legacy, o formato escolhido foi o de um Power Trio sem teclados, então posso concluir que a pegada é mais Rock e menos Progressiva ou com surpresas que vão nos impressionar?
Carl Palmer
: Não, não realmente. Somos uma banda de Rock Progressivo, mas, tocamos Metal, Rock Clássico, Música Clássica até Jazz e Blues. Muitos sons de teclados podem agora serem feitos em instrumentos de corda, com equipamentos de processamento, MIDI e efeitos. Você ficará surpreso com quantos sons são como os dos teclados.

    Eu queria fazer diferente e ter a guitarra como instrumento principal ao invés do teclados, que faz isso. As pessoas perguntam como isso poderia funcionar. Se você pudesse imaginar Steve Vai ou Joe Satriani no ELP em vez de Keith, seria assim.

Rock On Stage: Para mim os álbuns "Tarkus" e "Trilogy" com o Emerson, Lake & Palmer foram deveras importantes para o Rock Progressivo e também se aproximaram do Heavy Metal, pois, havia muito peso, inclusive, vindo de sua bateria e nesta época o ELP usava muito pouco a guitarra nos álbuns, o que você pensa disso?
Carl Palmer:
Bem, o estilo do ELP era diferente daquele que eu tenho agora. Ele era conduzido pelos teclados de Keith. Greg Lake tocou muitas guitarras nos álbuns do ELP, mas como ele tocou principalmente baixo nos shows da banda, a guitarra nunca foi um instrumento dominante. Hoje podemos reproduzir álbuns mais fáceis no palco do que pudemos naquela época.

Rock On Stage: Dentre os bateristas que ouvi na minha vida, acredito que os maiores e mais técnicos são Keith Moon, John Boham, Ian Paice, Neil Peart e obviamente você, gostaria de saber quais nomes te motivaram a ir para as baquetas e quando você sentiu que tornaria um baterista?
Carl Palmer:
Quando eu era jovem, meu pai me levou para ver um filme chamado Drum Crazy, que era a história de Gene Krupa com um ator chamado Sal Mineo. Eu estava fascinado com aquele filme e, daquele momento em diante, queria ser baterista. Eu tive muitas aulas e havia muitos bateristas que me influenciaram, como Buddy Rich, que provavelmente foi o maior.

Rock On Stage: Dos álbuns que gravou a bordo do Emerson, Lake & Palmer, quais seriam seus favoritos e aqueles que indicaria para um jovem que está começando a descobrir o Rock Progressivo dos anos 70?
Carl Palmer:
Bem, eu tenho que dizer o Trilogy e Brain Salad Surgery foram os melhores álbuns que fizemos. Todos eles eram bons e sempre mantivemos um alto padrão, mas, os dois eram quando a banda estava realmente 'disparando com todas as armas disponíveis' ( ou seja, estavam com tudo ). A escrita, o arranjo e a musicalidade foram os melhores que já fizemos. Nós estávamos quebrando barreiras e fazendo coisas que nenhuma outra banda e - certamente - nenhum outro trio estava fazendo na época.

Rock On Stage: O estilo Bossa Nova, que é tipicamente brasileiro é muito apreciado fora do país. Você teve contato com músicas ou músicos do estilo e de certa forma isso te causou inspiração para composições ou mesmo variações ao tocar sua bateria?
Carl Palmer:
Bem, eu apreciei a cena do Jazz Brasileiro por anos. Foi muito popular na Inglaterra. Eu não tenho realmente incorporado em qualquer música do ELP, mas eu gosto de ouvir isso.

Rock On Stage: Qual é sua expectativa para os shows do Carl Palmer´s ELP Legacy no Brasil e como você avalia a importância de um projeto como este para as gerações atuais que não tiveram a oportunidade de conferir um show de uma das maiores bandas do Rock que foi o Emerson, Lake & Palmer?
Carl Palmer:
A música é atemporal. Essa é ponto. Nós estamos conseguindo cada vez mais jovens a cada noite. Eles ouvem a música de seus pais e eles passaram a amar. Emerson Lake & Palmer também é uma banda que é destaque em muitas aulas de educação musical. As crianças que estudam nossa música são os melhores alunos de música nas escolas.

    Então, às vezes nossas músicas ficam fora das execuções de TV e de rádio e, claro, eles nos descobrem quando uma banda mais jovem diz que nós somos uma influência. Quanto às minhas expectativas para o nosso show no Brasil? Bem, esses shows serão épicos. Combinamos vídeo e música e criamos um ambiente completo para experimentar as músicas do ELP. Eu acho que é seguro dizer que o público nunca deixa os nossos shows decepcionados.

Rock On Stage: Tocando a bateria o que você gosta mais de fazer: acompanhamento, melodia, criações, enfim, como você pensa a bateria para uma composição e como pensava nos tempos do Emerson, Lake & Palmer? Que emoções são trazidas à sua mente?
Carl Palmer:
Normalmente, a bateria e a percussão não são os instrumentos principais e não são projetados para transportar uma melodia. Eles, no entanto, trazem o poder e energia para uma música. Eu sou capaz de trazer muitos aspectos sutis e claros para uma música.

    Quando uma música precisa ser poderosa, ela depende da bateria, quando tentamos criar um clima atmosférico, a bateria também pode fazer isso. Tudo o que posso dizer é que essas músicas não seriam tão boas quanto elas são senão houvesse bateria e percussão nelas. Venha e veja o show, como dizemos em Karn Evil 9.

Rock On Stage: Muito obrigado pela entrevista, se quiser deixar uma mensagem fique à vontade. Para finalizar, quais os conselhos que você daria para quem deseja evoluir solidamente na bateria?
Carl Palmer:
Meu conselho aos jovens bateristas é praticar e manter essa prática em andamento. Eu tenho tocado por quase 60 anos e ainda não sou tão bom quanto poderia ser. Além disso, eu digo aos bateristas: não tenha medo de experimentar. Seja corajoso e aventureiro. Vai dar bons resultados no final.

Links Relacionados:
Site: http://www.carlpalmer.com/
Facebook: https://www.facebook.com/CarlFPalmer/ 

Entrevista por Fernando R. R. Júnior
Colaboração Marcelo Niero
Fotos:
Carlos Vaz e Rob Nagy - Site Oficial de Carl Palmer
Agradecimentos especiais para a Ana Paula Romeiro
da Top Cat Produções Artísticas

Maio/2018

Interview Carl Palmer
English Readers, you can read here this interview

Rock On Stage: On this current tour with the Carl Palmer ELP Legacy, the chosen format was a Power Trio without keyboards, so I can conclude that the footprint is more Rock and less Progressive or with surprises that will impress us?
Carl Palmer:
No... not really. We are a Progressive Rock Band, but we play Metal, Standard Rock, Classical even some Jazz and Blues.

    A lot of keyboard sounds can now be made on string instruments with processing equipment, MIDI and effects. You will be surprised at how many sounds are like that of the keyboards. I did want to make it different and having the guitar as the main instrument instead of the keyboard does that. People ask how could this work. If you could imagine Steve Vai or Joe Satriani in ELP instead of Keith, it would be like that.

Rock On Stage: For me the Tarkus albums and Trilogy with Emerson, Lake & Palmer were very important for Progressive Rock and also they approached Heavy Metal, because, there was a lot of weight, even coming from its battery and at this time the ELP used very little guitar on the albums, what do you think of that?
Carl Palmer:
Well the make up of ELP was different than this band I have now. It was driven by Keith’s keyboards. Greg Lake did play a lot of guitar on the ELP albums but because he played mostly bass in the band on stage, the guitar was never made to be a dominant instrument. Today we can reproduce albums easier on stage than we could back then.

Rock On Stage: Keith Moon, John Boham, Ian Paice, Neil Peart and obviously you, I would like to know which names motivated you to go for the sticks and when you felt who would Become a Drummer?
Carl Palmer:
When I was a young boy my father took me to see a movie called Drum Crazy, which was the Gene Krupa Story with an actor named Sal Mineo. I was enthralled with that film, and from that point on I wanted to be a drummer. I took a lot of instruction and there were many drummers that influenced me, with Buddy Rich probably being the biggest.

Rock On Stage: Of the albums you recorded aboard the Emerson, Lake & Palmer, what would your favorites be and what would they indicate to a young man who is beginning to discover the Progressive Rock of the '70s?
Carl Palmer:
Well I have to say Trilogy and Brain Salad Surgery were the best albums we did. All of them were good and we always kept a high standard, but those two were when the band was really firing on all cylinders. The writing, the arranging and the musicianship were the best we ever did. We were breaking barriers and doing things that no other band and certainly no other trio was doing at the time.

Rock On Stage: Bossa Nova style, which is typically Brazilian is very appreciated outside the country, you had contact with music or musicians of the style and in a way that caused you inspiration for compositions or even variations when playing your drums?
Carl Palmer:
Well I have enjoyed the Brazilian Jazz scene for years. It was quote popular in England. I have not really incorporated into any of the ELP music, but I like to listen to it.

Rock On Stage: What is your expectation for Carl Palmer's ELP Legacy shows in Brazil and how do you evaluate the importance of a project like this for the current generations that did not have the opportunity to see a show from one of the biggest Rock bands that was Emerson, Lake & Palmer?
Carl Palmer:
The music is timeless. That is the thing. We are getting more and more young people every night. They hear the music from their parents and they have come to love it. Emerson Lake & Palmer is also a band that is featured in many music education classes. The kids study our music if they are music majors in school.

    So, sometimes they get exposes outside of TV and radio and of course, they discover us when a younger band says we were an influence. As far as my expectations for our show in Brazil? Well, these shows will be epic. We combine video and music and create an entire environment to experience the songs of ELP. I think it is safe to say, the audience never leaves on of our shows disappointed.

Rock On Stage: Playing the drums you like best: accompaniment, melody, creations, finally, how do you think the drums for a composition and how did you think about the times of Emerson, Lake & Palmer? What emotions are brought to your mind?
Carl Palmer:
Drums are not usually a lead instrument and they are not designed to carry a melody. They do, however, bring the power and energy to a song. I am able to bring many subtle and overt aspects to a song.

    When a song needs to be powerful it relies on the drums; when we try to create an atmospheric mood, drums can do that too. All I can say is these songs would not nearly be as good as they are if there had not been drums and percussion on them. Come and see the show, as we say in Karn Evil 9.

Rock On Stage: Thank you for the interview, if you want to leave a message feel free. Finally, what advice would you give to those who want to develop solidly on drums?
Carl Palmer:
My advice to young drummers is to practice and keep that practice going. I have been playing for nearly 60 years and I am still not as good as I could be. Also, I tell drummers: Don’t be afraid to experiment. Be brave and adventurous. It will pay off in the end.

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