Rock On Stage: Numa entrevista recente ao podcast
'Posto Emissor' da revista
Blitz, você citou as diversas dificuldades enfrentadas pelo Moonspell e
revelou que até cogitou a ideia de desistir da banda. Em meio aos problemas,
o que fez vocês continuarem em frente?
Fernando Ribeiro: Essa foi uma perspectiva pessoal, não estava falando em nome da banda. Na
verdade, eu, no início de 2020, antes da pandemia, não me sentia motivado
para subir ao palco. Achava que tinha finalizado o meu percurso como
artista, estava cansado, queria explorar outras coisas ( escrevi e editei o
meu primeiro romance ) e não sentia que o Moonspell estivesse
unido e com futuro.
Quando a
pandemia nos atingiu, senti um vazio muito grande, que fui
preenchendo com as músicas do Hermitage, com a entrada do baterista
Hugo
Ribeiro e com o fato de que, contra a minha vontade, não tínhamos nada para
fazer. Por isso, decidi que não iria desistir... E aqui estou!
Rock On Stage: Nessa mesma entrevista, há uma frase sua que virou manchete
em Portugal: "a música não morreu, mas se tornou um acessório". Como vocês
veem a banda no futuro? A ideia de celebrar os próximos 30 anos do Moonspell
faz algum sentido?
Fernando Ribeiro: Não sei. Não penso muito no futuro agora, pelo menos não a longo prazo. É
como escrever um livro e eu sei que esse "livro" está inacabado. Faltam
alguns capítulos, como um novo disco para suceder ao Hermitage. Também
quero muito fazer o nosso segundo álbum completamente em português, entre
outras coisas.
Eu disse que a música é um acessório porque já não
representa, ou tem, aquela centralidade nas nossas vidas, algo que acabou no
fim dos anos 90. Por exemplo, o meu filho conhece quase tudo através do Tik
Tok, em que as composições servem apenas de pano de fundo. É uma outra
maneira de fazer descobertas, mas, já não é uma relação de amor, é uma paixão
breve, imediata.