Rock On Stage: Kiko, para começar gostaria de pedir para você fazer um balanço dos 13 anos de carreira com o Angra e os 19 como guitarrista.
Kiko Loureiro: Um balanço!?! ( espanto pela pergunta
) O
balanço é positivo acredito, não é? ( Rock On Stage: claro
). Eu comecei estudando guitarra com um sonho. É, positivo? No ano passado lá no Japão fui eleito o segundo melhor guitarrista
lá, quarto melhor nas 3 listas . Esse cd também deu uma repercussão boa,
deu para tocar outras coisas um pouco diferentes do que rola no Angra,
então foi muito bem falado, o pessoal falou: " você toca
assim, num sei que..."; quem me
conhece mais sabe que eu gosto de música brasileira, toco outros estilos
e tudo, mas, quem só me via como guitarrista do Angra foi ter algumas
surpresas de ouvir o cd solo.
Mas os 13 anos de carreira, obviamente, o
saldo é positivo, porque, quando que você começa tocando guitarra,
você... Eu comecei meio por acaso, não tenho família de músico nem nada,
e você tem a vontade de ser um bom guitarrista, de tocar legal, e aí
depois já tem a vontade de vez, o sonho de repente ser profissional,
você tem aquela dúvida,
quando tem uns 17...18 anos, tem que fazer faculdade, " será que ser músico no Brasil, vai ser complicado, vai viver tocando em buteco",
você fica com essa dúvida, e tudo isso eu fui vencendo e perdendo esses
medos, virando um profissional, depois também investindo muito no Angra,
lá no começo, muita dedicação, a gente se " ferrando pra caramba
", sem
desistir, fazendo um estilo que é difícil mesmo, você indo, indo e
conquistando, então sempre dei aula também, porque eu gostava, porque o
pessoal pedia, porque era um jeito de ganhar uma grana também e tudo
mais, ficava dando aula um tempo, workshop que é uma coisa legal, e estar
tocando, o negócio é estar tocando, meu sonho maior é sempre tocar, mesmo quando
se está uma época que sem muito show, eu toco, vou tocar na casa de amigo,
eu vou tocar em barzinho, toco teclado também, vou tocar uns jazz
no teclado, uns negócios assim, então, o negócio é estar tocando e
sempre se aprimorando como músico, essa é a minha maior meta e acho que
dá para ir muito mais assim, eu tenho grandes amigos músicos que eu tenho
como referência de querer chegar assim onde eles estão.
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Rock
On Stage: Como e quando você decidiu ser um guitarrista e quais guitarristas você considera que te influenciaram ao longo de toda a sua carreira?
Kiko Loureiro: Ser guitarrista foi quando eu comecei a tocar de moleque,
aos 11 anos eu
comecei com violão, tanto que tua conta
lá, eu tenho 33, tem 22 anos tocando, uns 20 tocando guitarra mesmo.
E aí comecei ouvir rock, teve aquela coisa lá, o Rock In Rio
I, foi aquela ataque, aquelas bandas, eu falei, " pô eu quero tocar
guitarra", então a influência que teve das bandas em si,
para me mover a
tocar guitarra, teve o Led Zeppelin, o
Van Halen, as bandas que vieram no Rock In Rio em si.
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E o lance que eu
falei quando você está com 18...19 anos, eu fiz faculdade de biologia, uns
dois anos quase, eu tinha aquela dúvida, mas eu sempre estudei bastante
guitarra e já estava tocando, fazia faculdade de biologia, eu
tava tocando numa banda, que já era meio "conhecidinha" em São Paulo que
era A Chave, tinha o Eduardo Ardanuy ( Nota da Edição:
Dr. Sin ) que era guitarrista antes, e já
tinha um público, fazia um show para
umas 500 pessoas, já viajava, e nem tava começando o Angra ainda,
tinha uma banda com o Rafael ( Bittencourt
) também.
Quer
dizer, eu estava tocando e acabei até
durante a faculdade de biologia, eu acho que eu até gravei a vídeo-aula, foi a primeira
vídeo-aula, quer dizer já tinha algumas coisas
acontecendo, mas o que me fez largar total foi quando foi gravar o
primeiro cd do Angra, viajei pra Europa e fiquei uns dois meses lá, perdi
um belo tanto de provas, e aí joguei tudo para o ar e falei, agora, mas eu já
tinha embasado, já tinha participado de feira da música tocando, dava
bastante aula, já tinha um certo
nome, já tinha uma vídeo aula, estava
indo gravar um disco com uma banda sendo lançado no Japão, quer dizer,
já estava com um negócio meio formado e foi isso que me deu segurança, mas
eu sempre tive muita dúvida de encarar, porque eu sempre achei que tem que fazer uma faculdade, sempre fui um cara muito estudioso, então...
hoje em dia eu acho que tomei o rumo certo, porque as portas vão abrindo, você fica na dúvida e uma hora você tem que meter a cara
mesmo. Então essa dúvida sempre aparece. Rock
On Stage: As idéias para o álbum No Gravity surgiram durante o período de composição do Temple of Shadows, gostaria de saber como foram os processos de gravação e composição desta sua primeira incursão solo ? E existe em No Gravity alguma música que poderia ter sido utilizada pelo Angra?
Kiko Loureiro: Então, foi junto, porque, na realidade
quando você compõe, você não está pensando, você não está se
policiando, para onde você vai usar, não é uma coisa encomendada, pelo
menos eu não penso assim, eu componho
várias idéias: pode ser música brasileira, pode ser coisa de guitarra,
pode ser uma coisa heavy metal, tanto faz, você pode fazer um negócio
brasileiro que você molde e vire um heavy metal. A gente tem um
certo controle, dá para usar, você pega uma idéia e transforma naquilo,
então um monte de idéias vão fluindo, no piano, no violão, na guitarra,
e você vai colecionando esse monte de idéias, algumas com um formato mais definido
um pouco de música, às vezes só um refrão, às vezes só um riff e
você passa um período ali, para fazer um monte de coisas, depois
tem uma hora que você fala, bem tenho que fazer o disco do Angra, e aí
você ouve aquelas idéias, conecta,
faz mais coisas se concentra durante um mês ali.
E eu fui me concentrando
e juntando várias idéias ali para o Angra e outras que pararam no meio do
caminho ou porque estavam muito guitarrísticas ou porque tinha mais cara de
instrumental. ( Rock On Stage: que eram
boas idéias. ) Que também eram legais, e aí, algumas eu achava que eram
para ser cantadas outras que eu achava que podiam ser um trecho
instrumental dentro de uma música, certo? Então eu mostrei para o Dennis (
Ward ), o produtor do Angra, ele que estava fazendo o
disco do
Angra.
E ele falou : " legal pra caramba essas idéias, porque você não faz um disco solo?". Eu já
estava conversando com a gravadora, e você viu que eu já tinha esse
sonho há muito tempo. E vi que realmente eu tinha várias idéias que
se desse uma arrematada, elas
virariam músicas instrumentais. E foi mais ou menos
isso que aconteceu, dei uma arrematada, e pronto, tem até uma faixa lá de violão no cd que chama Beatiful
Language, que eu compus
no estúdio durante a noite, quando eu estava lá sossegado, depois
de um dia de gravação com o violão,
eu estava assim: " eu precisava ter uma música de violão, eu precisava
ter uma coisa mais brasileira", é
genuinamente mais brasileira, de violão mesmo.
E aí eu fiz aquela
música, já tinha uma no final que é tipo um choro lento ( Nota da
Edição: Choro de Criança ), mas queria que tivesse mais uma, que é uma vinheta, uma coisa curta, eu peguei
várias
idéias que já tinham ali dessa época. O Dennis que deu incentivo: "
essas músicas estão legais!! " ; porque fazendo elas sozinho, tem o lado bom
porque não tem ninguém dando palpite no negócio que você está
fazendo. Você faz o que você quer e ninguém fala: "
é ruim... é
bom",
mas por outro lado ninguém fala se é ruim ou é bom, e também você
pode ter uma certa insegurança e falar: " será que essas músicas são
legais mesmo, será que não é". E foi a coisa mais difícil de gravar o
disco solo foi isso.
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É duro que você
está fazendo e ter certeza,
você sabe que é só você que decide, porque nem o Dennis, ele produziu
mais a parte de som, de engenharia, do que dando palpites. Quando é uma
banda, com cinco pessoas, junta cabeças, esse aqui quer isso, melhor
vocês irem por aqui, é o meio termo, enfim. Agora, o disco é meu, eu que
estava fazendo, quer dizer ele fala: " você que é " ...
ele não dava o aval final nunca, então isso te deixa meio que no ar, no
chão. ( Rock On Stage: você não tempo de parada, você não sabe
qual parte corta, qual parte continua, qual parte melhora ). Quer dizer
saber você sabe, você sabe aquela tua idéia, você não sabe se aquela é
a melhor idéia, ali você pode assim, na hora você tem essa sensação, " será
que é bom... será que é " ... Eu estava trabalhando com um
superprodutor, com um baterista super legal que é o Mike Terrana, super
experiente, e as coisas que eu fiz produzir o cd do começo ao fim,
quer dizer, em todas as partes, o aspecto financeiro, o aspecto de marcar
estúdio, decidir quem ia tocar, de falar, da batera como eu queria que
fosse, eu gravei o baixo, eu gravei percussão, gravei o piano,
gravei os violões que tem.
Eu que fechei o estúdio, chamei o Dennis e
falava como que queria que fosse, depois, o contrato com gravadora, foi um
trabalho que eu pude usar toda minha experiência que tive em todos
estes anos de fazer do zero da composição até o cd estar na loja. Eu
participei de tudo, da arte do negócio, de orientar o cara que ia tirar
foto, o contrato com a gravadora, edição das músicas, enfim, de tudo
mesmo. Então foi muito bom viver essa experiência aí.
Rock On Stage: Com No Gravity você sente que conseguiu mostrar suas influências de outros estilos que às vezes não é possível devido à sonoridade que o Angra possui?
Kiko Loureiro: Então, tem o lance do violão, que talvez uma faixa
de violão num disco do Angra só de violão, que é uma banda,
talvez não rolasse, tem umas coisas lá meio Jeff Beck, Satriani, mais hard
rock um pouco, que é uma coisa de guitarrista que eu ouvi bastante, que é uma coisa mais
do mundo dos guitarristas, Satriani, Stevie Vai, Jeff
Beck, Malmsteen e
tantos outros que a gente pode citar Vinnie Moore, Greg Howe, esses pessoal
de música instrumental de guitarra, tem
bastante coisa disso, tem uma coisa um
pouco mais Angra, a estrutura das músicas elas são meio Angra, já que
eu também componho no Angra, ela tem coisa meio de canção, de tema
A, tema B, refrão, uma base pra um solo tal, para quem reparar a estrutura
do Angra, a estrutura das músicas solo vai reparar que tem similaridade,
assim bastante, mas a parte de guitarra que não caberia Angra e o
de
violão, que também num caberia a princípio no Angra, caber sempre cabe,
basta você querer fazer não é?.
Rock On Stage: Quando estamos sem gravidade ( No Gravity ) flutuamos, ouvindo o cd vemos que o álbum é bem viajante e relaxante, isso é influência de rock progressivo dos anos 70? E quais faixas você destacaria em especial?
Kiko Loureiro: O título é mais ou menos essa idéia
exatamente, porque as pessoas falam de música instrumental e tem gente
que não tem muita afinidade com música instrumental, que não pára para
pensar, porque logicamente, sempre tem aquela pessoa que gosta do começo
ou de um solo legal ou então música erudita uma orquestra, se a pessoa
parar, ela pode se tocar com uma música instrumental. E as pessoas
perguntam o que você sente quando você toca. E aí tem um pouco dessa
coisa da viagem, para você num usar um termo de " viagem " para
não
fazer uma coisa muito de maconheiro nem nada ( rs ), eu usei mais essa
expressão do " sem gravidade " que é neste intuito
mesmo. Mas
a música instrumental em geral, apesar de ter uma música que dei esse
nome, é mais " baladinha " e realmente quando você toca
algumas músicas e esse é o ideal do guitarrista, do músico em si, é
tocar sem pensar, você realmente, assim como a gente fala sem
pensar, você toca, você improvisa e vai tocando, você não está pensando
em que escala que é, se você vai sabe quanto mais relaxado que você
estiver, mais vai fluir a sua musicalidade que é uma coisa natural,
obviamente você tem que estudar bastante para ter esse domínio, mas
então era nesse sentido, nessa
questão o que
você sente quando você toca, que o ideal é chegar nesse estágio que
você não sinta nada, puramente, é música em si, você não tem a
preocupação com mais nada.
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Então qualquer música, teoricamente por ser
instrumental, a chamada música pura, que os músicos do erudito já diziam,
quebrar a canção que tem uma letra,
que a letra ela tem umas palavras que já direcionam o teu raciocínio, se
fala de guerra, de amor, de outro tema, você já direciona e
acha aquela música que está falando daquilo, enquanto que a música
instrumental ela teoricamente fala o que você quiser viajar, então, é a
mesma coisa que ler um livro com
figurinha e um
livro sem figurinha, então se você vê um filme do livro e te decepciona,
porque a tua imaginação vai muito além do que a imaginação filme, do
diretor, então o livro que você cria aquela fantasia, ou a música
instrumental que não tem o texto, que cria uma fantasia muito maior,
então é nesse sentido aí.
O fã do Angra vai achar que ele viaja mais
nas músicas mais rápidas, o outro fã de guitarra vai achar que ele
viaja mais numa música mais balada, tanto faz a música no disco inteiro,
tem uns que viajam mais naquele violãozinho, eu fiz assim porque eu gosto
de tudo aquilo que está ali. E eu consigo viajar de todas aquelas formas.
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Rock
On Stage: Como e quantas horas você dedica aos estudos de guitarra; de que forma é feita a pesquisa musical, enfim, novos sons, novas influências? E quais conselhos para um jovem guitarrista que pretende trilhar os caminhos da guitarra ?
Kiko Loureiro: Vamos lá, uma de cada, quantas horas - eu já estudei
várias horas de guitarra no passado, hoje em dia eu mais toco, faço
trabalhos, hoje vou tocar, fazer um som um pouco ( Nota
da Edição: sobre o
workshow que aconteceria nos próximos instantes ), mais ou menos o meu
dia-a-dia é esse, passagem de som um pouco e tocar mesmo. Um pouco às
vezes com a guitarra na mão de brincadeira, quando eu estou em casa procuro
estar conectado com a música o máximo possível, isso não significa
tocar guitarra do jeito que vocês me vêem, fazendo escalas, eu nem
treino muito isso para falar bem a verdade.
Ou eu estou compondo, criando
novas coisas que exigem um raciocínio e a técnica; ou estou estudando piano, que eu estudo já faz tempo e
gosto, violão
também é uma coisa que eu toco razoavelmente, então, procuro estudar,
não a técnica, mas a
sonoridade do violão, ainda mais depois desse disco ( No Gravity ), as
duas faixas de violão que tem, muita gente falou que achou legal, que deu
mais incentivo para ir mais a fundo no violão, então tem o
violão, o piano que requer bastante tempo, que é um instrumento que
tenho muita vontade de dominar mais, e outros estilos de música. Já
respondendo então a outra pergunta da pesquisa também - quando você
está em casa principalmente, tento passar o
máximo de horas possível dedicado à música: ouvindo cd´s,
vendo um DVD, um show, alguma coisa assim, indo em shows, tocando
com amigos, tenho uma bateria em casa, então pode ir um cara lá leva lá
uns pratos e aí faz uma jam, quando
dá tempo eu faço isso, já fiz isso tocando baixo também que eu gosto,
eu tenho um baixo em casa, aí pode ser jazz, pode ser só MPB, um heavy metal
não, porque o heavy metal eu já viajo bastante com o Angra, e estou sempre tocando heavy metal. Quando eu tenho uns três dias
em casa livre, acaba querendo buscar outras coisas, você se alimentar com
outras coisas e agora que tem também o cd solo, eu fiz alguns shows com o Felipe Andreoli do Angra e o Fernando
Scheffer na bateria, o Fernandão, e também fiz ensaios com
eles, e fizemos alguns shows, recentemente fomos para a Bahia, tocamos com o guitarrista do Living Colour ( Vernon
Reid ) no mês passado, e isso requer ensaio, requer estudar essas
partes, estar conectado com a música e a pesquisa é fundamental.
Eu fui para o Paraguai domingo e a nós estavámos lá no Paraguai, e demos autógrafos
numa loja de cd, a galera escolhe um cd de heavy metal e eu já
fui direto e:" quem é o melhor violonista do Paraguai?" e me deram uma mulher e um cara que eram o melhor, eu ouvi um
pouco, gostei e assim na primeira ouvida, então peguei aquele cd,
porque você não vai ter a oportunidade de saber quem é o melhor
violonista do
Paraguai se você não estiver lá e perguntar para um paraguaio da loja de
cd. E é isso, eu tenho uma curiosidade: "você vai no lugar e quem
é o melhor? ", por exemplo: aqui,o
Paulo ( Popmind ) vai tocar uma música, essa interação
eu acho muito boa, vou conhecer um guitarrista daqui, que o pessoal fala que toca bem e aí, vou tocar uma música, vou ver
ele tocando, sempre tem alguma
coisa, sempre estou aprendendo alguma coisa. Ainda mais quando você vai para
outros países, aqui no Brasil nós já estamos mais ou menos na mesma
fonte, que nós aprendemos as coisas, mas você vai para o Paraguai, e ainda
mais outro estilo de outro país. Isso é muito bom e essa
pesquisa tem que ser constante. (
Rock On Stage: E os conselhos para o pessoal que está iniciando? ) bem...
algumas coisas que eu falei já servem de conselhos, quer dizer, são
essas várias horas de estudo, eu tive muitas horas de estudo antes na guitarra
até chegar um certo nível técnico, onde eu aí pode abrir mais o leque
para aprender musica de uma forma geral e composição. Depois de um certo
estágio que já tava tocando, teve uma certa limpeza, uma técnica razoável
na guitarra eu pude abrir, tem que estudar harmonia bastante, estudar
outros estilos, não ser preconceituoso com outros estilos, porque dali
você vai se identificar, vai aprender muita coisa, e ser preconceituoso
com outro tipo de música parece que você não gosta de
música.
Logicamente você pode falar: "essa música não é
bem tocada, não é boa ...", mas por causa do estilo, isso é
errado, então você tem uma visão muito de fã, menos de músico.
Quando se perde aquela visão do fã, de fã daquela banda
só, que às vezes ele até é fã de uma banda e tem outro no mesmo estilo
que o ele já não gosta, só porque não é
aquela que ele gosta. Então isso é uma visão de fã, o músico
que quer ser músico mesmo tem que se policiar para não ter muito
isso, tem que ouvir, testar, tudo bem, se ele num gostar beleza, mas
experimentou, vivenciou aquilo, ouviu, baixou de outras coisas,
ouviu falar que aquele músico é muito bom, vai lá ver, seja o
estilo que for, repare nos
grandes compositores da história seja da onde eles forem.
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Muita horas de estudo com o instrumento
e tocar com as outras pessoas, isso é o fundamental, ter uma banda e tocar com outros também,
ir lá brincar com alguém que toca viola sertaneja que seja, "...sabe
como que é, deixa eu tocar também", vê, aprende alguma coisa, alguma
linguagem vem ali, quando ele tocar com distorção, alguma coisa daquilo
vem e já vai ser um ponto diferente que ele vai ter do outro que
toca guitarra lá na Alemanha. Então esse é o toque, e tem que ter dedicação total. Rock On
Stage: Temple of Shadows já é considerado pela maioria dos fãs como o melhor álbum do Angra, devido à este fato vocês terão ou não muito mais trabalho para compor o sucessor do deste disco? E vocês já possuem algumas idéias sendo trabalhadas neste sentido?
Kiko Loureiro: Rebirth foi um cd muito bem falado, Holy Land
também foi muito bem falado, você sempre tem a preocupação de fazer um
disco melhor, nós sempre temos a preocupação de fazer uma coisa
melhor, seja o que for, você fala: " já fiz assim, quero fazer
melhor ",
então o próximo cd nós vamos tentar
fazer melhor, agora, é engraçado
porque você nunca sabe como é que vai sair, como que vai fluir, são
várias coisas e dependem de várias coisas. O melhor que você acha que é
para você se o público também entende que é o melhor também. Às
vezes,
um cd como o Holy Land é um cd que, quando foi feito, algumas pessoas
falavam " é meio estranho.. " , e hoje em dia falam que é um
grande cd, que marcou, principalmente na Europa
gostam muito.
No Japão, só porque tinha
percussão, e eles não estavam acostumado, acharam estranho, hoje em dia
falam que é o melhor disco e agora o Temple Of Shadows tem uma coisas
diferentes. Só que aí o Angra já cavou um negócio no passado, que
é essas coisas malucas no heavy metal, hoje
em dia se fala de cara que é um disco interessante, ele fica com medo
de falar que é uma ruim, ele
fala: "é interessante, então vai ser bom vai ser marco, pois pelo menos é
interessante". E já que tem uma mesmice que ronda esse negócio do heavy
metal melódico, é uma coisa muito repetitiva e quando você propõe umas
coisas diferentes, o disco já se destaca, então, nós temos que propor novas
coisas que sejam diferentes do que nós já tínhamos proposto para ele se
destacar. Porque se nós viermos com coisas semelhantes ao que já era
diferente quando fizemos o Temple Of Shadows, talvez seja
repetitivo para o Angra e a preocupação de fazer melhor
sempre vai existir.
Da esquerda para
direita: Kiko Loureiro, Nilza Formagio e Fernando (
Rock On Stage )
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Rock On Stage: Quais os planos para o futuro: um novo álbum solo, o
DVD com o Angra com as participações do disco, enfim quais
expectativas poderemos ter?
Kiko Loureiro: É tem o DVD que nós queremos fazer dessa turnê Temple Of Shadows, e o próximo
plano é um cd do
Angra, um próximo cd solo é para quando der uma brecha, não tem data,
eu não posso me colocar como um compromisso, o Angra já tem
um compromisso de dois em dois anos, tem alguma coisa, tem que ter
um DVD, tem que ter um cd depois, teve um EP como o Hunters And Prey,
tem que ter alguma coisa assim. O cd solo é como já diz: solo,
é uma coisa a parte, quando der tempo você vai lá e faz, de
repente aparece alguém com umas composições legais, ou tem que
gravar alguma coisa de violão sei lá, as idéias mil podem
aparecer, sem compromisso, não tem compromisso de se posicionar no
mercado como uma banda, não tem nada disso, porque se eu encarar o
trabalho solo como mais um compromisso aí vou ficar louco
também ( risos ) .
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Rock On Stage: Kiko muito obrigado pela entrevista, deixo o espaço livre para você mandar uma mensagem para os fãs e aos leitores do Rock On Stage.
Kiko Loureiro: Muito obrigado, já ouvi falar muito bem
do Rock On Stage ( Nota da Edição: Valeu Aquiles!!!! ) então vou ler minha entrevista aí
para
conferir. Dar um toque para a galera internauta olhar o meu site, obviamente, o www.kikoloureiro.com.br,
e tem o www.kikoloureiro.com.br/nogravity
que fala de todas as faixas, tem as fotos da gravação inteira,
tem um monte de coisa, um monte de review que já saiu e obviamente, o site
do Angra também, o www.angra.net,
e
mais isso aí, para galera participar, entrar nos fóruns, tem um monte de
discussão legal, no meu fórum tem umas discussões legais de guitarra, principalmente a galera que gosta de guitarra
entrar lá e muito obrigado pela participação.
Por
Fernando R. R. Júnior
Fotos Alexandre ( Screshy - www.screshy.com
)
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