No início do mês de julho de 2005, tive a oportunidade de conversar com Fábio Almeida - vocais, Luiz Oliveira - guitarras, Adolfo Mendonça - teclados e Igor França - baixo, alguns dos integrantes do Metal Jam que lançou em 2004 o álbum The Prayer de forma independente, e agora com distribuição da Hellion Records.  Neste papo eles contam sobre o nome da banda, o álbum The Prayer, influências, shows e planos para o futuro. Confiram:

Rock On Stage: A origem do nome Metal Jam é bem curiosa. Peço que conte aos leitores do Rock On Stage como foi.
Luiz:
Essa é uma pergunta que sempre respondo e gosto dessa história, pois acho que ela se confunde com toda a trajetória da banda, que é cheia de momentos inusitados, e caminhos tortuosos que nos testam 
e ao mesmo tempo que superamos os testes, recebemos uma luz nos apontando um novo caminho para continuar. Estava eu, caminhando nas ruas de Santos, cansado de estudar guitarra sozinho no meu quarto, resolvi agendar uma data pra eu tocar. A dona do bar, na época o Armazém 7, me disse: "me dê o nome da sua banda e de mais 4" eu inventei o nome Metal Jam e chamei os outros 4. Até então era só eu na banda. E fui aos poucos chamando uns amigos e uns ilustres desconhecidos, que hoje fazem parte da formação. Começamos a nos apresentar com este nome, que foi ficando cada vez mais  conhecido, e hoje não consigo imaginar um nome tão bom para esta banda, é fácil de ficar na cabeça: "Metal Jam". 

Rock On Stage:  E de cara o Metal Jam já mandou no seu debut um álbum conceitual, e isso é relativamente difícil no primeiro trabalho. Conte-nos sobre o processo de composição deste disco e os temas envolvidos nas letras de The Prayer.
Luiz : sobre as letras - sempre gostei de escrever e me identifico muito com o processo. Não acredito que uma música sobreviva apenas por ter um bom instrumental ou uma boa melodia vocal. A música é um veículo de expressão muito forte, e acho que as letras têm de ser fortes, para que o ouvinte se identifique com som a cada vez que ele parara para ouvi-lo.The Prayer relata um incesto - a jornada de um homem que se apaixona  pela irmã, sua ilusão, seu desejo, a rejeição, a prece, a queda da máscara de sua alma, o ódio e enfim a loucura. Você deverá ouvir o cd várias vezes para sacar todas as indiretas deixadas nas entrelinhas...e se você não se identificar com nenhuma das letras é porque certamente não sabe o que é viver.

Rock On Stage: The Prayer demorou um ano para ser produzido pelo Zuzo Moussawer, porque isso aconteceu?
Igor:
É interessante ressaltar que as gravações aconteciam SOMENTE aos finais de semana. Na verdade, demorou 6 meses, mas se você ver bem, na verdade demoraram apenas dois meses. Foi um processo lento, pensado, analisando e estudado para que não soasse como outras bandas, o que é bem difícil. Claro que , ainda assim, a banda soa como os grandes nomes do prog-metal ( que são nossas referências ), mas tudo  foi devidamente podado para que nada soasse como "cópia"

Rock On Stage: E quais foram as participações especiais no álbum?
Fábio:
Tivemos a participação da cantora Raquel Costa, na faixa Loneliness; os cantores Paulo Marcos 
e Paulo Sérgio do Push , André Ricardo do Invaders junto ao nosso vocalista Fábio Almeida compuseram o coro que pode ser ouvido em diversas faixas. Existe ainda uma participação "relâmpago" do Zuzo Moussawer na faixa Hidden Secrets.

Rock On Stage: O álbum The Prayer foi lançado inicialmente independente, e ele conta uma ótima qualidade gráfica no encarte, uma excelente produção, e músicas ótimas. gostaria de saber se é muito difícil trilhar esse caminho independente e sem apoio de uma gravadora?
Adolfo:
Muito difícil, pois contamos apenas com o interesse do público nos nossos shows e em nossa modesta divulgação para conhecer a banda. Por uma gravadora, a estrutura de "promoção" de um artista é muito maior, incluindo rádio, propaganda, grandes matérias e outros recursos.

Rock On Stage: Considerei o Metal Jam uma revelação no ano de 2004 e gostaria de saber como está sendo 2005 para a banda, sendo que atualmente o álbum The Prayer está sendo distribuído pela Hellion? E como essa distribuição tem ajudado a banda?
Igor: Apesar da distribuição ser por um selo de peso, a divulgação ainda não é a desejada. 2005, para nós, tem sido um ano lento, de construção de pequenos "grandes" degraus, e isso a gente mesmo vem fazendo, 
esquematizando shows, fazendo contatos no exterior, e afins.
Adolfo:
A Hellion é essencial, pois sem uma distribuidora, o CD não chega às lojas. Existem, claro, algumas lojas nas quais nós deixamos pessoalmente o CD, mas não podemos fazer isso no Brasil todo. A Hellion faz este papel e leva nosso CD inclusive para algumas lojas no exterior.

Rock On Stage: Até que ponto o Dream Theater é uma influência para o Metal Jam?
Adolfo: Todos gostamos de Dream Theater demais. A principal influência é que o álbum "Scenes from a Memory" veio a sugerir um pouco a idéia de um álbum conceitual, assim como o "The Wall" do Pink Floyd e o "Operation MindCrime" do Queensryche. Nas músicas, o DT era uma influência muito mais presente no começo da banda.  Depois começaram a aparecer outras sonoridades. Hoje, a influência do DT se encontra no mesmo degrau que dezenas de bandas e compositores que nós escutamos! Para você ter uma idéia, cada crítico encontra uma influência principal para nosso som. Chegaram a citar até Shadow Gallery,  que na época nem conhecíamos!

Rock On Stage: Como estão os shows de divulgação do cd The Prayer? Vocês destacariam algum show em especial?
Igor: Infelizmente nos deparamos com alguns empecilhos , quando o assunto é divulgação. Existem, ainda, organizadores de eventos que não apóiam bandas de som próprio, alegando que o local do evento em questão não lotará, logo, não gerará lucro. Infelizmente, pra nós, que somos uma banda totalmente independente, isso pesa, pois cada ajuda, de qualquer forma que seja, é bem-vinda. Seja ela na organização, cobertura de gastos com transporte, enfim. Vale notar, que a maioria dos shows, não há cachê. Nosso intuito é divulgar nosso som, mas claro, com o mínimo de condições, e creio que o mínimo seria esse. 

Rock On Stage: Li em uma entrevista que o cd The Prayer já foi parar até na Alemanha. E o que o pessoal de lá falou do trabalho do MetalJam ?
Luiz: A crítica Alemã, é uma das mais exigentes do mundo todo, e é um orgulho para nós entrar no site da just for kicks ( www.justforkics.de ) e ler um dos reviews mais completos da banda, onde o crítico trata as músicas como preces, e ainda faz trocadilho com nome da banda, dizendo "Metal Jam não é uma geléia que você vai digerir de uma hora para outra é sim uma marmelada Prog Rock de muito bom gosto"! Outro review diz : " The Prayer ( a faixa ) é um verdadeiro Hino, e nos comparou ao Angra e ao Sepultura, sendo uma das melhores bandas que o crítico ouviu vindo do Brasil, mas tiveram uns que foram bem patriotas dizendo que os Brasileiros ainda não alcançaram a qualidade Germânica...dizer o que pra essa gente?

Rock On Stage: Como são as cenas de heavy metal e prog metal em Santos e no litoral paulista?
Adolfo: Temos várias bandas por aqui, mas pouco espaço "publicitário" para as bandas crescerem. Aqui temos uma das principais cenas de hardcore do país, o que acaba engolindo um pouco o espaço das bandas de metal. Dá pra citar como boas referências de metal na Baixada Santista algumas bandas com CD ou demo já lançado e que já se apresentaram em diversas cidades: Vulcano, Push, Rygel, Darkwitch, Dark Eden...

Rock On Stage: Essa é típica mas vou fazê-la: vocês acham que o prog metal está saturado no mundo? E no Brasil?
Adolfo: Acho que não existe a mesma dimensão de público e mídia que o metal dos anos 80 e essa onda New Metal. Mas mesmo assim, ainda aparecem revelações como o Pain of Salvation e Evergrey. Temos boas bandas, talvez uma parte do público de metal não esteja acostumado a ouvir tanta mistura numa música só! Outros já tem mais facilidade. Podemos dizer que é um estilo que limita um pouco o público, por causa das misturas e complexidade. Mas saturado não. O que talvez esteja saturado sejam aquelas demonstrações técnicas que alguns artistas de metal colocam em suas músicas, sem qualquer preocupação musical. É um tipo de marketing! Isso sim, já está acabando!

Rock On Stage: Quais os planos para o futuro? Poderemos esperar novos álbuns conceituais ou ainda é muito cedo para falar disso?
Adolfo: No "conceitual" as idéias surgem mais facilmente e acabamos criando músicas com ótimos temas, usando metáforas que nas entrelinhas são histórias vividas por qualquer pessoa. Porém ainda não sabemos. Queremos divulgar mais o The Prayer antes de pensar num novo álbum. Ainda resta muito caminho e muita gente pra ouvir este CD!

Rock On Stage: Bem, quero agradecer ao MetalJam pela entrevista e que vocês fiquem a vontade para as considerações finais e uma mensagem para os leitores do Rock On Stage.
Fábio: Gostaríamos de agradecer ao Rock On Stage pela oportunidade de mostrar um pouco sobre nós para o público e convidar a conhecer nossas músicas e nosso trabalho no site www.metaljam.net

Mais Metal Jam: leia a resenha do álbum The Prayer.

Por Fernando R. R. Júnior

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