O debut homônimo da banda paulista Psychotic Eyes, lançado e promovido de forma independente, agradou fãs da música pesada e também a mídia especialidade, que, de certa forma, ajudou a enaltecer o trabalho do até então quarteto ( o guitarrista Valdemar Ferrari saiu ), que participaram de festivais e levaram o thrash/death de qualidade à novos ouvidos.

    Em conversa com o vocalista/guitarrista Dimitri Brandi, o músico conta que está esperançoso quanto o planejamento para a Psychotic Eyes em 2009. Ele revela que três novas músicas já estão prontas. São elas: Welcome Fatality, I Only Smile behind The Mask” e Throwing Into Chaos”. Também, mais recentemente, a banda anunciou a participação na coletânea Tunnel Of Death, lançada via Guillotine Records, ao lado de mais 35 bandas de vários países. Confira a seguir a entrevista exclusiva com Brandi.

Rock On Stage: Como a banda recebeu as resenhas e comentários em relação ao debut? De que forma isto ajudou a pensar na continuidade da carreira?
Dimitri Brandi:
O nosso debut foi muito bem recebido. Tivemos críticas positivas de todos os órgãos de imprensa especializados: revistas, sites e zines, o que nos deixou muito felizes e animados. Não fazemos música pensando em críticas ou resenhas, mas quando elas são positivas é um ponto a mais, que nos empolga.

     O que achei mais interessante da experiência foi a parte psicológica, de aguardar a publicação das resenhas, antecipar o que poderão dizer e imaginar se alguém vai fazer algum comentário ofensivo ou sarcástico. Isto, felizmente, não aconteceu, todos os críticos foram muito honestos e, por sorte, talvez, a maioria gostou muito do nosso CD. Espero que continuemos agradando (risos).

Rock On Stage: Sobre um novo álbum, quais são os planos? Existe algo proto e conversas quanto o lançamento?
Dimitri Brandi:
Já estamos trabalhando nas novas músicas e temos três faixas praticamente prontas. Como agora o Psychotic Eyes é um trio, sinto que as músicas estão saindo mais diretas e agressivas. Mas não menos trabalhadas, pelo contrário, dá mais trabalho pensar um arranjo só com uma guitarra. É preciso um certo cuidado para não deixar nada vazio. E não temos conversado com selos sobre isto. A indústria musical está muito esquisita e não me surpreenderia se as gravadoras parassem de lançar CDs botando a (des)culpa no mp3, na "crise mundial" ou na guerra entre Israel e os palestinos (risos).

Rock On Stage: Quais as perdas e ganhos na experiência de ter lançado um primeiro álbum de forma independente?
Dimitri Brandi:
A experiência valeu! Foi cansativo, pois foi um trabalho até mesmo braçal, de ter que carregar caixas de CD, enviar pelo correio, sujar os dedos com cola preenchendo envelopes, correr atrás de uma papelada insuportável e outras burocracias. Aprendi muito nesse processo todo. Graças a isso fizemos bons contatos com lojistas, distribuidores, etc., e deu para ver que a maioria dos que trabalham com isso são pessoas honestas, apaixonadas pelo que fazem. Faço questão de citar o pessoal da Overload, Voice, Warlock e Die Hard, todos extremamente profissionais, bem intencionados e, principalmente, pessoas da melhor qualidade. Há também distros mais undergrounds que fazem um excelente trabalho, às quais somos muito gratos! 

    Mas, existe uma meia dúzia de picaretas aproveitadores, que realmente me tiraram do sério. O bom é que jamais vou trabalhar com esse tipo de gente, que só persegue lucro fácil, utilizando-se do discurso de apoio às bandas nacionais. 

Rock On Stage: Como está a cena thrash/death brasileira na atualidade?  Como a Psychotic Eyes se enquadra nela?
Dimitri Brandi:
Nossa cena extrema é muito rica. Temos excelentes bandas em todos os estados do Brasil. Mas, infelizmente, o público não dá o valor merecido. Não quero ficar parecendo ranzinza reclamando de tudo, mas é impressionante a falta de apoio que as bandas brasileiras recebem. Veja nas próprias comunidades do Orkut, gente querendo baixar mp3 das bandas que se dizem fãs, de graça. Depois, também não vão ao show, não assistem bandas nacionais. 

    A Psychotic Eyes está nesse barco. O que nos salva é a união entre as bandas, que viabilizam eventos, coletâneas e outros lançamentos.

Rock On Stage: O quesito "evolução" os acompanha desde os primórdios, das demos até o debut. Nesta nova fase da banda, como esta evolução acontecerá?
Dimitri Brandi:
Estou confiante na nova formação e nas novas músicas. Evolução é algo que sempre perseguimos, mas acho difícil prever o que faremos. Com certeza, vamos fazer algumas maluquices em matéria de arranjos, que devem assustar os mais radicais. Mas é mais forte do que eu, prometo! (risos).

Por Erick Tedesco
Março/2009

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