Entrevista com o Ritmia -  22 de abril de 2005

   O Ritmia é um trio que faz um rock progressivo e é formado por Ricardo Primata ( guitarra ), Ricardo Sampaio ( baixo ) e Gabriel Melo ( vocais ) contando com a participação de vários competentes músicos nas "demais posições". Esse bate papo que você lê abaixo foi realizado com Ricardo Primata, no qual ele nos conta um pouco sobre o Ritmia, o lançamento do cd, participações no disco e planos para o futuro. 

Rock On Stage:  Quando surgiu o projeto do Ritmia e como foi o processo de composição do cd?  
Ricardo :
O Ritmia existe desde 2002, quando eu e o baixista Ricardo Sampaio resolvemos externar as nossas idéias, começando aí o processo de composição do trabalho. Em seguida convidamos amigos, grandes músicos, para participar desta jornada.

Rock On Stage:  Quando você Ricardo resolveu se tornar guitarrista e quais nomes foram as principais influências?  
Ricardo :
O meu interesse pela música começou aos 7 anos de idade, junto com a magia da guitarra, porque ficava vendo meu tio Paulinho que ouvia Rock N’ Roll ( graças a Deus ) tocar numa guitarra “tosca”  feita por ele, imitando o estilo de Angus Young do AC/DC. Porém, tudo começou aos 11 anos de idade, quando assisti da cabine de iluminação, devido a minha idade, ao show de uma extinta banda baiana chamada Cabo de Guerra que tocava rock nacional com um pouco de rock progressivo. A partir daí passei a estudar violão popular, em seguida violão erudito paralelo ao estudo da guitarra e atualmente, composição e regência no curso de graduação da Universidade Federal da Bahia. Minhas influências são muitas, pois ouço diversos estilos musicais principalmente devido ao fato de trabalhar com música, dando aulas, realizando workshops, gravações, etc. Entretanto, na minha prateleira sempre teve muitos discos, principalmente os de rock progressivo das décadas de 70 e 80, por exemplo:
Yes, Emerson Lake Palmer, Rick Wakeman, Focus, Triumvirat, Trace, Marillion, Rush, Dream Theater, Symphony X,...

Rock On Stage: Como é a cena de rock progressivo no nordeste brasileiro e em geral do rock na Bahia?  
Ricardo:
O cenário de rock progressivo aqui no Nordeste tem crescido, principalmente com o trabalho do Ritmia. Entretanto, outras vertentes do rock como o heavy-metal, a cada dia ganha novos adeptos resultando em shows cada vez mais lotados. Além disto, estamos começando a exportar o nosso “rock”.  

Rock On Stage: O que você me diz do maior rockeiro brasileiro, o Raul Seixas que foi seu conterrâneo? Assim como vocês ele também fazia um rock´n´roll mesclando o baião. Em futuras composições do Ritmia teremos novamente um pouco de baião?
Ricardo:
Grande poeta, pena que teve que morrer para ter seu devido reconhecimento na “mídia”. Com certeza em meus futuros trabalhos, ouviremos um pouco da música regional de qualquer parte do mundo, porque além de ser eclético, sou apreciador da boa música.

Rock On Stage: Das influências citadas por você Ricardo temos: Rush, Yes, Marillion, entre outras. De que forma essas bandas serviram de inspiração para a composição do cd?   
Ricardo :
Essas bandas nos mostraram um caminho de muita musicalidade.
 

Rock On Stage: Da atual cena prog-metal quais bandas você destaca e porque?
Ricardo:
O Dream Theater por está sempre inovando seu som sem cair na mesmice, a Slow que é uma banda da qual faço parte e que tem um grande potencial com excelentes músicos.

Rock On Stage: Posso rotular a banda como um rock progressivo moderno e de altíssimo nível que faz combinação harmoniosa de baião, valsa, ópera, salsa e prog metal?
Ricardo:
Pode. Geralmente costumo deixar que as pessoas rotulem, porque deste jeito o trabalho é interpretado de diversas formas.  

Rock On Stage: No disco de estréia do Ritmia vemos solos e melodias altamente técnicos. Fale um pouco como eles surgem.
Ricardo:
Geralmente construo o solo de uma música pensando no contexto dela. Improviso na harmonia, e as idéias deste primeiro improviso quase sempre são as que ficam, porque são as mais espontâneas. No caso de uma música instrumental, penso num tema e a partir daí, desenvolvo o resto com base na minha concepção e em elementos da composição como dinâmica, contra-ponto, modulação, e o que vier na mente. Isto é mais ou menos o que acontece com a sétima música, Despertar, do CD do Ritmia. Despertar é uma música instrumental onde imagino uma pessoa acordando, levantando, se preparando para o desafio, que pode ser um simples dia de trabalho ou uma vida inteira, vencendo e em seguida descansando.

    É por isto que a música começa com  um dedilhado de guitarra e vai crescendo sucessivamente entrando o baixo, a bateria e o teclado, até chegar no clímax, o ponto mais alto, que é o solo de guitarra que inicia arrebentando tudo. A partir do solo do teclado, a música vai decrescendo até chegar num final calmo e tranqüilo, onde a guitarra faz uma melodia usando o potenciômetro de volume, que lembra um violino.

Rock On Stage: Ricardo, gostaria que você comentasse um pouco sobre as participações do álbum, porque o Ritmia propriamente dito é um trio, mas lendo encarte do cd vejo que tivemos vários músicos participando.   
Ricardo :
Fui compondo sem limites, e em determinadas horas precisei de um violoncelo, de uma muringa, etc, e para colocar minhas idéias em prática, convidei grandes músicos para executá-las.  

Rock On Stage: A vocalista Zahra Rahysa é dona de uma voz magnâmina. Penso que ela deveria ser incorporada à banda, então, conte-nos mais sobre ela.
Ricardo:
Rahysa é uma excelente musicista, dona de uma belíssima voz, uma pessoa muito determinada e competente. Com certeza, sempre veremos o seu nome em grandes trabalhos.

Rock On Stage: A seqüência Slavery e Terra Sagrada é uma das que mais me impressionou ao ouvir o cd. Fale um pouco sobre o conceito lírico dela e como surgiu a idéia da mesma.   
Ricardo:
Gosto muito da idéia de um disco conceitual, com certeza ainda vou gravar um. Slavery praticamente é uma introdução para Terra Sagrada, essas músicas têm diversas passagens diferentes, com climas e dinâmicas bem distintas. A parte lírica da música fica por conta do refrão: “A terra sagrada nas mãos de nossos ancestrais, exaurida, roubada, largada por não servir mais”. Um belíssimo coro cantado em português, valorizando nossa língua. ( N.E. sem dúvida, um verso fantástico ).

Rock On Stage: Aproveitando o gancho da pergunta anterior, gostaria também de alguns comentários sobre as demais músicas como Keys of Future ( que abre o cd ), Last Sad Night ( com o dueto vocal de Zahra e Gabriel Melo ), Listen My Cry ( com salsa e muito rock progressivo ); enfim um raio x do disco inteiro.
Ricardo:
Cada música tem sua peculiaridade, as pessoas que ouvem o CD tem pontos de vistas diferentes com relação às músicas. Posso dizer que as músicas do CD são muito ricas nos arranjos, com uma imensa variedade de ritmos, passeando por diversos climas, com muito virtuosismo e cheias de sentimentos.

Rock On Stage: O Ritmia planeja fazer shows? Se sim, planejam visitar o sudeste?
Ricardo:
Torna-se muito difícil reunir um “time” como o Ritmia, principalmente porque precisaríamos de uma grande estrutura. No momento estamos divulgando o 1º CD e não descartamos a possibilidade de no futuro fazer shows.  

Rock On Stage: Infelizmente, aqui no Brasil é bem difícil conseguir um contrato com uma gravadora, gostaria de saber como estão os contatos para que o cd do Ritmia seja lançado no país inteiro.  
Ricardo:
A primeira tiragem, independente, está acabando. Estamos divulgando o CD e entrando em contato com as gravadoras para quem sabe lançarmos por um selo.

Rock On Stage: E sobre o projeto Slow, o que podemos esperar? E para quando teremos um novo trabalho do Ritmia?
Ricardo:
A Slow está em estúdio gravando seu EP que vai ser lançado no 2º semestre de 2005 e, além disto, temos alguns shows marcados. Quem quiser conferir mais sobre a Slow é só acessar  o site : www.slow.com.br . O segundo CD do Ritmia não tem previsão porque ainda estamos divulgando o primeiro.

Rock On Stage: Ricardo agradeço pela entrevista ao Rock On Stage e deixo aqui o espaço aberto para seus comentários finais e exposição dos seus planos para o futuro. 
Ricardo :
Eu que agradeço o espaço e aproveito para convidar a todos para conhecer um pouco mais do meu trabalho, através do site : www.ricardoprimata.com.br . Com relação ao futuro, continuo divulgando o CD do Ritmia, estou tocando com a banda Slow, de prog-metal, que estará lançando o EP no segundo semestre de 2005, e tenho meu trabalho instrumental o qual deverei laçá-lo no final do ano. Além disto, ministro aula particular de guitarra e violão erudito, realizo workshops, gravações, estou produzindo algumas bandas de rock e acabo de fechar parceria com a empresa M.Laghus Basses and Guitars.  

Mais Ritmia: aqui e no sites www.ritmia.com.br e www.ricardoprimata.com.br

Por Fernando R. R. Júnior

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