O vocalista Renato Tribuzy lançou neste ano o seu primeiro trabalho solo, que é o excelente álbum Execution ( leia resenha ). Originalmente programado para ser um álbum de soul music transformou-se em um dos mais importantes projetos do heavy metal da atualidade. Nesta entrevista exclusiva ao Rock On Stage no dia 28 de outubro de 2005, vocês poderão ficar sabendo como foram as gravações de Execution, os convites para os grandes nomes do heavy metal que participaram do disco e como serão os shows da Execution Tour com a presença de vários convidados. Conheçam abaixo o descontraído Renato Tribuzy!!!

Rock On Stage: Quais as principais diferenças entre projeto Execution e o Thotem?
Renato Tribuzy:
Eu acho que é mais pela individualidade do trabalho, no Thotem nós tínhamos aquele trabalho de banda onde você tem que respeitar um pouco do trabalho de todo mundo. Já no Execution, por ser um trabalho solo eu pude direcionar o álbum para exatamente para o que eu estava pensando. Eu sabia que o álbum tinha que ser um álbum de heavy metal oitentista desde do início, quando fiz a primeira música. E quando você trabalha com uma banda, você às vezes cria esperando que seja um álbum de heavy metal oitentista, mas aí o baterista toca um pouco mais de prog, o baixista toca outra coisa, e isso acaba tirando um pouco do caminho que você pensa. E eu acho que foi mais por isso que o álbum acabou tendo uma unidade um pouco mais sólida no final.  

Rock On Stage: De um projeto de soul music com Kiko Loureiro a um excelente disco de heavy metal. Renato, vou te pedir para nos contar como foi essa transição e como foi o processo de composição e gravação de Execution?
Renato Tribuzy: É na verdade, assim quando eu terminei de gravar o primeiro disco do Thotem, que foi com o Kiko produzindo, ele me falou que queria gravar um álbum de soul music e queria que eu cantasse, porque ele achou que eu tinha uns agudos que lembrava muito do Glenn Hughes e ele queria trabalhar assim. E eu falei: “Vamos fazer então...“, aí nós começamos a escrever o álbum; só que quando nós estávamos no meio do trabalho, ele teve que ir para a Alemanha para fazer o trabalho do Rebirth ( do Angra ). E então ele me ligou e falou: “Termina o álbum aí para mim, por favor “, e eu falei: “Não, beleza... vou terminar“ . Só que eu fiz uma besteira enquanto eu estava compondo o álbum, comprei o Ressurretion do Rob Halford, e não conseguia parar de ouvir o álbum. E  falei: “Vou escrever um disco de heavy metal, não dá ...”, e começei a escrever. E quando ele voltou, ele me ligou: “E aí, como que estão as coisas? “. E eu falei: “Olha as coisas estão um pouco diferentes, vou mandar a demo para você, mas a idéia agora é que o disco, é um disco solo meu e eu gostaria que você tocasse”. E o Kiko: “Mas... e o outro disco lá”,  - aquilo ali é uma outra história ( risos ), e ele: “então beleza”, ele olhou: “vamos fazer”. Foi mais ou menos assim, foi culpa do Halford no final das contas ( mais risos ). 

Rock On Stage: A Hellion lançou Execution em versão digipack, isso valoriza o trabalho e ajuda a aumentar a excelente receptividade de público e crítica. Os resultados estão sendo os esperados por você e a gravadora?
Renato Tribuzy: Sim... com certeza sim, na verdade, é infelizmente no Brasil, a gente tem aquela imagem que todo mundo meio que desvaloriza o produto nacional, não só na questão do álbum da banda nacional como também as gravadoras que se propõem a trabalhar com o heavy metal e que são nacionais. Então assim que eu começei a trabalhar o Execution eu tive reuniões com a Warner, com a BMG, com a Universal, com várias gravadoras. E todo me dizia muito sobre isso, “não você tem que fechar com uma major, porque que gravadoras independentes não trabalham bem, que não sei o que....etc”.

    Então eu tive uma reunião com o Moises, da Hellion, e ele me fez uma proposta realmente fantástica, e tudo que ele me propôs ali na época ele cumpriu: que o disco sairia em digipack, que nós teríamos uma primeira prensagem em um bom número, nós teríamos todo um orçamento “x” para mídia, um orçamento “y” para outra coisa, e está tudo sendo direito, ele não me faltou palavra com nada. Estou muito satisfeito com o trabalho que a Hellion está fazendo, tanto que o DVD novo mais uma vez, quem está fazendo é a Hellion. Por mais que esteja fazendo show junto a Top Link (  Nota da Edição: dias 10, 11 e 12 de novembro ) você tem que pensar também que o orçamento de um DVD é coisa alta, é uma coisa que se a Universal resolvesse bancar seria barato, mas para uma gravadora independente como a Hellion é puxado, e mesmo assim eles não deram para trás, estão cumprindo a palavra e vão fazer o DVD. Então, eu abraço aí com bastante força o trabalho da Hellion, estou muito satisfeito com a equipe inteira lá.

Rock On Stage: Como você fez para conseguir tantos nomes fortes no mundo do metal para participar do Execution? Enfim, conte como foram os convites, as gravações.
Renato Tribuzy:
Alguns deles eu já conhecia. O Roy Z eu conheci no coquetel de lançamento do Rebirth do Angra, ele estava aqui no Brasil e foi ao coquetel e lá eu conheci ele. E ele me deu o telefone dele, eu liguei para a casa dele em Los Angeles, e a gente conversou  horas, horas e horas e ele topou fazer o trabalho.

    O Chris Dale eu conheci sem querer, porque quem ia tocar baixo no álbum era o Magnus Rosén do Hammerfall, e então ele me mandou um e-mail dizendo: “Olha Renato, eu estou muito ocupado com o meu próximo disco e não vou poder fazer”. E eu falei: “Não, Magnus, beleza, deixa quieto, eu vou ver se arranjo alguma outra pessoa”. E aí falei com o meu produtor, na época da Escandinávia, do Rock Power: “Olha Alfie, eu estou procurando um baixista e não estou achando, eu queria alguém muito bom, mas eu queria manter esse clima de só ter uns  músicos consagrados no álbum.

    Por mais que eu tenha vários baixistas bons no Brasil, eu gostaria de manter esse clima de alguém daí”. Ele falou: “Poxa, que coincidência, eu estou com o baixista do Bruce Dickinson na minha casa agora”. Falei: ” mentira... “, e  ele: “ sério...” , e aí eu conversei com o Chris. E foi automático, sabe aquela coisa de espírito, você fala com a pessoa e parece que você a conhece há vinte anos? ( Rock On Stage: Sei… ). E então um mês depois ele estava aqui em casa. A gente começou a gravar o disco e já fui para a casa dele umas três vezes.

     No caso do Kiske ( Michael ) foi um amigo meu que era amigo dele e amigo do empresário dele, o Kiske na verdade eu não conhecia, mas eu era um grande fã dele, então, ter ele no disco foi maravilhoso. No caso do Grapow ( Roland ) eu já havia tocado com ele, o Kiko eu já conhecia há muito tempo.

    E o foi Bruce uma batalha, uns três anos correndo atrás do cara, falei com todo mundo que você pode pensar na Sanctuary, eu acho que até faxineiro eu entrei em contato. E ninguém me queria passar o contato dele, até que bateu aquela luz: “vou falar com o Roy Z e vou falar com o Chris Dale, eu não queria fazer isso para não ser chato, mas beleza, fiz, falei com eles, eles falaram com o Bruce e ele me ligou. Daí em diante nós se falamos inúmeras vezes até que ele gravou o álbum. E daí em diante foi mais legal, porque a gente tem um contato muito grande um com o outro agora. Sempre que eu vou a Londres nós saímos, vamos ao bar, ficamos muitas horas conversando. Isso foi uma realização de um sonho legal.

    O Ralph ( Scheepers ) e o Mat ( Sinner ) também foi meio na cara dura, eu não conhecia eles e mas eu queria  gravar o cover da Natural Of Evil, então eu mandei um e-mail na “careta” de pau para eles, falando:
“ olha eu quero gravar o cover de uma música da banda solo do Mat e queria saber se vocês topam fazer”. E aí o Mat mandou assim para mim: “Pô, legal, vai ser da hora ter uma banda brasileira fazendo uma cover da gente, não... vamos fazer sim” . E topou na hora, foi meio assim foi sorte.

Rock On Stage: Dennis Ward ( Angra, Kiko Loureiro ) assina a produção. Devido ao grande número de convidados especiais foi melhor trabalhar com ele ? E a produção do DVD ficará a cargo dele também ?
Renato Tribuzy: Na verdade não foi bem assim, a produção do álbum ficou comigo, eu fiz a produção do álbum, o Dennis fez a mixagem e a masterização. Mas nós tivemos aí várias, várias coisas, as baterias foram gravadas pelo Achim ( Koehler ), que é o mesmo cara que vem ao Brasil gravar o meu DVD, ele é o produtor do Primal Fear, por exemplo, além de Discounter, entre outras bandas.

    Eu produzi as guitarras, o baixo, o teclado e a voz, eu produzi isso tudo, mas não sozinho, sempre com ajuda do Roy Z. O Roy Z sempre no telefone me dando um algum toque, me falando alguma coisa. E na hora da mixagem que é quando você faz a salsa final, que você junta tudo, aí eu convidei o Dennis para fazer. Na verdade foi tudo muito importante, porque eu aprendi muito, afinal eu estava tendo ajuda de três dos melhores produtores do mundo, e pude ver o feeling que eles trabalham, como eles entendem as coisas que eu entendia de uma forma diferente, para mim foi muito importante, mas eu acho que o trabalho do Dennis dentro disso fez uma enorme diferença. Porque quando o disco estava todo desmontado, que era o vocal do Michael Kiske num cd, o vocal do Bruce Dickinson no outro, os meus vocais em outro, as guitarras do Kiko num sei aonde, as guitarras do... Quando eu vi, eram mais ou menos uns 40 cds, eu falei assim: “Meu Deus, quando chegar com isso na casa do Dennis como ele vai mixar esse negócio!!! Ele vai me mandar a .... isso é certo... “ - Que na verdade ele fez né... ( risos ). Quando ele viu a quantidade de coisas que tinham,  ele disse: “Porque você não me disse que era tanto trabalho? “ Eu falei: “Olha cara eu não sabia... “ ( mais risos ). Mas quando ele me mandou a primeira música pronta assim para mim, vê o que você acha, que eu ouvi, eu falei: “Poxa cara... acertou... acertou.. é isso que eu estava querendo!!!“.

    Mas a gente bateu um papo muito longo antes de começar a mixagem, eu falei o que estava procurando, que tipo de som, que eu não queria que o som fosse muito amarrado, como são essas bandas atuais hoje, parece que tem um computador tocando. Não é isso que eu quero, eu quero que se tenha algum erro que fique. Se tiver nota desafinada na minha voz, na voz do Bruce, na voz de quem for, que fique. Eu quero tentar manter aquela magia que tem nos álbuns do Iron Maiden, que às vezes você ouve e vê o Nicko McBrain errar, ou algum solo que bate na casa errada, isso é um grande barato. É muito feio você ouvir os discos de bandas de heavy metal hoje parece que não tem alma, porque é tão perfeito. ( Rock On Stage: Verdade, é muita tecnologia... ). É, ele pegou a alma do negócio e arrebentou. Espero fazer o próximo álbum com ele também.

( Rock On Stage:  Correto, e a produção do DVD ficará com o Dennis Ward? ). Não a produção do DVD são duas etapas, nós temos a produção da imagem que vai ser feita pelo Drico, pelo menos é o que está parecendo, que é o responsável pelo DVD do Shaaman ( Ritualive ) que eu acho fantástico aquele DVD. E a produção do áudio, que é a outra parte do DVD, vai ser feita pelo Achim, que é o responsável pela DVD do Primal Fear, por exemplo.

    Então depois disso tudo, o DVD funciona mais ou menos assim, depois que você pega essas duas coisas, você tem um terceiro produtor, que é a pessoa que vai mixar e juntar isso tudo e fazer aquilo que você vê em casa, que é o áudio e a imagem juntinhos, porque são gravadas separadas, aí eu vou ter uma terceira pessoa que eu estou em dúvida, que é o Achim, o Dennis e o Roy, eu vou ver quem vai se sentir melhor para esse tipo de trabalho também e mandar bala ( Rock On Stage: mas de qualquer forma só gente boa que está mexendo... ) Só gente boa é.. só gente fera. 

Rock On Stage: Como você está se sentindo em relação aos shows que marcarão a gravação do DVD? Afinal todas as feras convidadas estarão presentes e chega a ser a realização de um sonho dividir o palco com todos esses ilustres convidados?

Renato Tribuzy: Nossa com certeza... com certeza, eu me lembro quando eu tinha meus 16 anos de idade e eu ficava assistindo, sem sacanagem, umas três ou quatro vezes por dia o Maiden England do Iron Maiden por exemplo, e ficava olhando aquilo ali e falava: “Pô, o meu sonho... “  - olha só como é que moleque é um bicho retardado... falava assim: “Meu sonho é um dia na minha vida, fazer um show para mais de 3.000 pessoas, se eu conseguir isso nossa... eu posso morrer no dia seguinte...” , juro por Deus que eu pensava um negócio desse. Então hoje em dia quando eu olho o Execution e penso: “Meu Deus, eu gravei com todo mundo que me inspirou para que eu fizesse o trabalho que eu faço hoje”. E hoje em dia cada vez que eu abro meu e-mail e vem um e-mail do Ralf Scheepers, por exemplo, dizendo que está animado para vir tocar, que está doido para vir, você vê que as pessoas estão animadas para comprar o barulho ao seu lado, é uma honra, num chega a ser uma responsabilidade como muita gente me disse: “Ah é uma responsabilidade muito grande ”. Não.. não é...!!! A gente vai subir e fazer um show, você tem que encarar isso como um show qualquer, você não pode ficar : “Meu Deus vai ser um mega-show, ai Jesus Cristo...” ( Nota da Edição: mudando a voz para total empolgação e alguns risos ).

    É lógico, senão você não sobe no palco, vai ser mais um show, como eu fiz pelo nordeste, com eu fiz em qualquer lugar, só que agora tem luz para caramba rodando, a casa é maior e tem mais gente, tudo bem, vamos lá.  Só que eu acho que a honra do negócio, acho o que vai realmente dificultar vai ser quando estivermos no camarim, eu acho que não vai ser nem no hotel, quando estiver no camarim um olhar para a cara do outro e dizer assim: “ É... taí... Bruce Dickinson está sentado numa cadeira esperando a hora de cantar comigo, Jesus Cristo!!! ", tudo bem, mas eu acho que vou ficar bem nervoso ( risos ).

Rock On Stage: A gravação do Execution Tour será o segundo DVD no Brasil com a presença de vários convidados importantes no mundo do metal ( o primeiro foi o Ritualive do Shaaman ). Renato você sente que isso é um reconhecimento do pessoal lá de fora da alta qualidade do heavy metal nacional?
Renato Tribuzy: Com certeza, isso você não tenha dúvida, porque é uma coisa engraçada, eu achava que era, até eu começar a viajar bastante por causa do Execution, dar entrevistas lá fora, eu achava que era balela esse papo aí de que o pessoal dizia: “Ah não porque as bandas de heavy metal nacional são respeitadas...", e então eu falava: ”Deve ser nada, isso tudo deve ser tudo papo furado para a gente comprar disco aqui”, e são mesmo, mas no caso do DVD do Execution, na verdade, eu sou um artista novo, por mais que o disco seja muito legal, tenha ficado muito bom, é um artista novo, então o que está acontecendo ali, que realmente está muito bonito, e é isso que eu estou achando bonito nessa noite, e é isso que estou passando para todo mundo que eu falo, não é um show que está visando lucro ou está visando dali eu me tornar o Angra, não é isso, é um show que está mostrando uma diferença na página do heavy metal nacional. 

    Por exemplo: pela primeira vez, um artista do porte do Bruce Dickinson, não é um artista de uma banda qualquer, poxa, é um cara do Iron Maiden ( Rock On Stage: criador do heavy metal praticamente... ), é.., ele está vindo, não é por grana, não é por nada, ele está vindo porque ele quer fazer parte dessa coisa, ele quer estar ali, ele quer dar o apoio maior ao álbum, como o próprio pessoal do Sanctuary falou para mim: “É muito interessante para a gente ver o Bruce tomar essa bandeira do seu trabalho, a gente nunca viu ele fazer isso, ele segurou teu trabalho com as mãos e está sacudindo, ele vai lá e ele vai fazer”. Ele parou as coisas que ele tinha com o Iron Maiden para vir aqui e fazer comigo. ( Rock On Stage: Puxa, vai ser uma reunião de amigos ... ) Isso, está todo mundo pensando assim: “vamos lá, dar uma força para o Renato, o moleque batalhou três anos, a gente viu o esforço do cara, o cara merece essa força” . E é fantástico, porque eu sinto que é realmente isso, eles quando falam comigo: “ Estou muito animado para estar no palco contigo para tocar aquela música, já escutei várias vezes” .

    O Ralf Scheepers vai cantar Absolution que é a música do Michael Kiske, ele chega para mim e: Pô cara, ouvi várias vezes essa música, a música é maravilhosa, talvez se você fizer uma regravação dela, quem sabe eu possa  cantar contigo ela ..” , você realmente que eles gostaram do trabalho. O Mat Sinner falou para mim que no dia que ele recebeu o cd que ele ouviu sete vezes só naquele dia. ( Rock On Stage: Caramba!! ). É ... o Kiko Loureiro falou para mim que o cd não saía do carro, quer dizer, não parava de ouvir. O pessoal da Sanctuary falou que o Bruce fez eles escutarem o cd inteiro desde Londres até o último show que eles fizeram da turnê de Dance Of Death, elefalou: “a gente foi ouvindo no ônibus, que o Bruce colocou e nós fomos e o disco realmente é maravilhoso e nós entendemos porque é que o Bruce está comprando esse barulho”.

    Então isso para mim é o mais importante, além de ser um artista novo que está contando com o apoio dessas pessoas, o que eu acho que dá uma força para todo o pessoal novo que está fazendo uma banda agora, que está batalhando, e ele vê que é possível. Você não precisa ser um artista de 15 anos como é o Angra, ou como é o Shaaman para conseguir esse respeito. Se você consegue um bom álbum de primeira, o cenário internacional é unido e vai ajudar você. Eles acham que você merece e vão ajudar você nós não estamos abrindo show de ninguém, pela primeira vez não é uma banda nacional abrindo um show para uma banda internacional, é o contrário. ( Rock On Stage: É... o Jeff Scott Soto está abrindo) Quer dizer mais uma página que nós estamos virando com esse evento, parar com essa besteira de que banda nacional é banda de abertura. Aqui tem bandas melhores que muita banda lá fora, já fiz turnê com várias bandas lá fora e eu sei o que estou falando, então essa valorização que está acontecendo agora é extraordinário. Além de tudo que o Jeff Scott Soto é um dos meus maiores ídolos, eu estava falando com o pessoal da minha banda, eu não posso assistir o primeiro dia do Jeff Scott Soto porque eu vou ficar rouco de tanto gritar, quando ele tocar aquelas músicas do Rockstar eu vou ter um treco...( risos ) eu falei não posso fazer isso, eu tenho que estar no hotel, senão quando chegar a hora do show estou rouquinho ( mais risos.. ).

Rock On Stage: Você pretende realizar a Execution Tour lá fora? E se possível contar com alguns dos convidados especiais em alguns shows ?
Renato Tribuzy: É... é possível, é difícil fazer como estamos fazendo aqui no Brasil, todo mundo junto, isso na verdade não é nem difícil, é impossível. Porque lá fora é de onde eles vem e o que acontece, o Bruce em Londres ele tem o escritório da EMI, Sanctuary muito em cima dele, não dá para ele se desligar e fazer o show sem pedir permissão para Deus e todo mundo, isso criaria muita burocracia para ele subir no palco e fazer algumas músicas comigo.

    Da mesma forma o Grapow, a mesma coisa com Mat, então seria tipo assim: você vai fazer um show em Londres, você faz um mega-show e depois você faz um show pequenininho que não vai dar grandes repercussões e aí você liga para um deles e fala: “Estou tocando numa casinha aqui para menos de 1.000 pessoas pinta aí para nós tocar um som junto. “, aí ele vai, mas se for numa casa para 5.000 pessoas: " poxa não dá para eu ir, minha gravadora vai me matar se eu fizer isso”, lá fora é um pouco mais chato, mas o pessoal que está vindo, eles estão comprando esse barulho com as gravadoras. Porque fazer esse show é uma coisa muito bonita, mas as pessoas não sabem toda a dor de cabeça que envolve. Não é simplesmente o Ralf Scheepers dizer que ele vem, ele tem que vir, pedir permissão para Nuclear Blast, pedir permissão para a gravadora dele no Brasil, etc, para poder deixar eu usar a imagem dele no meu DVD. Tem várias coisas que nós tivemos que resolver durante o ano para que eles pudessem vir.

    Não adianta apenas ele falar: “eu quero ir “, é tanta burocracia, que você vê que mesmo assim eles não desistiram que faz da coisa ainda mais legal. ( Rock On Stage: deixa mais adrenalina ainda... ) É mostra que os caras realmente queriam estar aqui. ( Rock On Stage: Isso é importante para o Brasil... ). Nossa demais, e isso é uma das coisas mais importantes, eles estão vindo porque é no Brasil, isso é certo. Se eu falasse para eles que o show ia ser na França, muita gente não iria ou na Espanha, na Itália. Mas quando você diz, vai ser no Brasil, eu me lembro, mas não vou citar qual deles falou isso, mas um deles chegou para mim e falou: “Cara, eu estou indo mais ainda porque é no Brasil e público brasileiro merece “

( Rock On Stage: E eles ficam impressionados com o Brasil, pela agitação do público, quando eles tocam com a banda deles ). Não é nem por isso, porque aqui o público é honesto, e essa glória que eles tem aqui é diferente da "glória européia", a "glória européia" é meio assim: “poxa que legal, o Ralf é um cara que canta muito, o Bruce é um cara que canta muito, o Kiko toca muito.", beleza, aqui no Brasil a coisa é :”Meu Deus... Bruce é Deus, Ralf é Jesus e o Kiko Loureiro é o capeta da guitarra.” ( risos ). Eles têm essas colocações, “Deus... Jesus...”, lá na Europa é muito frio esse tipo de coisa, então eles sentem esse carinho brasileiro, então quando você diz assim: “eu tenho uma idéia de fazer um mega-show com todos vocês no Brasil, vocês podem vir ?“, eles :” No Brasil ?” "É .. “. “ Lógico”, . que é a primeira pergunta que eles fazem: "No Brasil, estou lá ... “. Muito legal.

Rock On Stage:  Quais os planos para o futuro após a gravação do DVD ao vivo?
Renato Tribuzy:
Bem nós temos alguns shows sendo fechados, mas não tem nada certo ainda, porque após o DVD estar pronto, nós temos a outra parte que é a edição, mixagem e isso leva uns dois meses. Então como o DVD está sendo gravado pela Hellion, vai ser uma coisa que a Hellion vai me passar. Exemplo: “Olha Renato, nós fizemos o DVD e queremos que você vá para a Alemanha em fevereiro, para fazer a edição até abril, porque o cd tem que sair em junho”, então só depois só de saber disso eu poderei marcar mais shows. Mas eu sei que já tem alguns shows sendo marcados para a partir de março ( de 2006 ), e eu espero que dê tempo que são coisas de um 14 ou 15 shows e eu estou bem animado para fazer e  todos no Brasil.

Rock On Stage: Muito obrigado pela entrevista Renato, com certeza, a gravação do DVD será um sucesso, e peço-lhe para deixar uma mensagem para os leitores do Rock On Stage e aos fãs do Tribuzy.
Renato Tribuzy: Eu queria agradecer todo mundo que está dando a maior força, graças a Deus no Brasil inteiro, porque eu acho que é muito mais importante do que... não desmerecendo nenhum outro país ou nada disso, mas onde você vive é uma coisa mais bonita, você sentir, você receber um e-mail do Rio Grande do Sul, você receber um e-mail de Minas, você receber um e-mail de vários lugares dizendo que: ”olha comprei seu cd, adorei cd, eu vou à São Paulo ver o seu show. ”, nossa, cada vez que eu vejo um negócio desses eu fico emocionado, então quero agradecer todo mundo que está dando essa força, que vai estar lá, não é só um mega-show: é uma mega produção, mas também foi uma mega dor de cabeça e também espero que todo mundo esteja lá. Vamos agradecer todo mundo e obrigado.

Mais Tribuzy: www.tribuzy.com
Agradecimentos: Cristiane, Fábião e a Juliana Negri.

Por Fernando R. R. Júnior

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