Queen + Paul Rodgers pela América latina em 2008
Sob a ótica de uma fã

     Quando fui convidada para fazer a resenha dos shows do Queen, levei muito tempo pra aceitar, não porque temia este desafio, mas porque dentre tantos críticos de música, entendidos do assunto; só aceitei porque decidi fazer sob a ótica de uma fã... fã esta que pode ver Queen em março de 1981 e janeiro de 1985, quando a banda Queen imperava no mundo com seu vocalista Freddie Mercury, além de ter visto alguns concertos de Queen + Paul Rodgers, sua nova formação, acho que isso me daria credibilidade e material para poder opinar e falar desta  volta da banda á América do  Sul.  Mas ressalto aqui, que sempre a apesar de tudo, será a visão de uma fã, sem nenhuma outra pretensão.

    A tour de 2008, intitulada Cosmos Rock, trouxe mais uma vez a união dos remanescentes da banda Queen: o guitarrista Brian  May e o baterista Roger Taylor com o cantor Paul Rodgers ( ex-Free e Bad Company ), que segundo os membros da própria banda, era muito apreciado por Freddie Mercury e também, os músicos: Danny Miranda, que assumiria os baixos no lugar de John Deacon, que optou por se afastar após a morte de Freddie, Jamie Moses que faz a segunda guitarra e Spike Edney, o tecladista fantasma do Queen. Sim fantasma, pois desde os tempos de Freddie Mercury, ele dava suporte atrás do palco, enquanto Freddie cantava.

    Esta tour, seria muito mais que especial, pois ela teria duas funções básicas: reafirmaria o Queen no cenário musical sem a presença marcante e inesquecível de Freddie e reconquistaria espaços de vendagem, como por exemplo aqui na América Latina, continente totalmente declarado fã de Freddie... e assim se deu!! O primeiro show da tour foi numa quinta-feria, 12 de setembro na cidade de Kharkov e se seguiram cerca de 40 shows ao redor do mundo, destacando Europa e América do Sul. Tiveram momentos de emoção ímpares ( com Freddie cantando no  telão Bijou ), como todos os membros da banda vestidos de camisetas da seleção argentina de futebol com seus respectivos nomes. Ou ver todos bem pertinho interagindo com o público em 39', ou ver o Primeiro Ministro tocando bateria; ou ainda poder ver Roger de pertinho solando enquanto a bateria era literalmente montada no palco. Para nós fãs, trata-se de algo inexplicável!!!

    Mas parecia que para os latinos americanos, ainda mais emoção estava reservada, afinal faziam cerca de vinte anos que a banda havia visitado as terras latinas. Entre boatos e confirmações de shows literalmente em cima da hora, acabamos podendo desfrutar de cinco concertos no continente: um no Chile, um na Argentina e três no Brasil, todos acompanhados por membros da equipe Queenbrazill ( na qual escrevo há cerca de 5 anos ), que mais uma vez, se destaca pela cobertura eficaz. Os shows mantiveram a base do set list, diferenciando algumas músicas, como Las Palavras De Amor, um presente para os argentinos, mas em todos os cinco concertos que vimos aqui, eles apareciam com camisetas da seleção de futebol ( esporte favorito dos latinos ) e que pelo menos um membro homenageava a casa ( e este era  Brian ).

    Neste cinco concertos, algo parecia ser parte do show: a emoção da platéia, mista de jovens adolescentes de cerca de quinze anos, algumas crianças e  os quarentões, gerações unidas em prol da uma boa música: eterna, imortal...única...essa emoção toda ( algo que não se vê em muitos outros concertos ) - digo isso, porque talvez os latinos sejam passionais e intensos, ou porque a saudade era imensa, estavam desprovidos das eternas discussões se Paul deveria assumir o lugar de Freddie, ou se o Queen, deveria continuar sendo o Queen. Os fãs foram exclusivamente rever seus ídolos, ou ver grandes músicos fazendo o que sabem fazer: grandes concertos!!! Aliás, ressalto aqui, que para mim, Queen com Freddie era a banda perfeita, e com Paul está ótima!!! Se é meio Queen, ou não.. é Queen e é sempre muito bom vê-los tocando!!!

    Voltando á tour, com certeza foi bem mais Queen + Paul, pois percebemos um destaque maior ao Brian May e Roger Taylor e reafirmo que a idéia de solar enquanto a bateria era montada, deu um toque a mais ao talento desse lindo homem e fez a mulherada ( e eu me incluo nesta lista ) ficar feliz em vê-lo tão de perto, afinal bateristas geralmente ficam longe do público e tocar Under Pressure com as baquetas no baixo eletrônico, sacada de mestre!!!

    Bem, poderia aqui ressaltar as qualidades de Brian May, um dos melhores guitarristas do mundo, mas, seria falar o óbvio. Brian, além de um  músico ímpar, tem a função de ser o mestre de cerimônias da banda, e o faz muito bem, seja falando em espanhol ou português, consegue unir a todos e faz de um grande e mega concerto, um papo de amigos em volta de uma mesa de bar.

 

    Já Paul Rodgers, cujo talento é reconhecido, guarda uma das maiores qualidades que é a humildade. Ele nunca desejou ser Freddie, nem canta como tal, nem pretende fazê-lo. Nas músicas gravadas do Queen, dá seu toque, seu jeito, e isso faz com que ele seja o homem perfeito pra estar no lugar que ele não está. Calma, eu explico: Paul tem tanta noção de que Freddie é insubstituível, que ele consegue ser o novo vocalista sem ferir este espaço de Freddie. Para mim, essa é sua maior qualidade!

    Não posso esquecer do trio suporte: Jamie, Danny e Spike, que além de tocarem muito, interagem com o público dando a sensação de uma grande festa, e um grande show não é mesmo isso? Uma enorme festa!!! Se isso não bastasse, Roger, em um momento mais que sexy, solta frases em português como: "Que calor!!..". É my Lord, calor sentimos nós, as suas fãs ao vê-lo tocando e cantando muito. Sua interpretação de A Kind Of Magic, a eterna I'm Love With My Car ( música que me fez virar fã ) - é de dar  suador - e os momentos emoções pura: Brian dizendo ( na Argentina, o quanto estavam emocionados de voltar aqui ), ou que Love Of My Life, era a música do Brasil e é mesmo, afinal alguém se esquece de 1985, no Rock in Rio, quando literalmente calamos Freddie Mercury? Pois é.. Eles não esqueceram.. nem nós!!!

   Em 2005, a imagem de Freddie aparecia no telão do palco em dois momentos: Na música These Are Days Of Lives, e na música Bohemian Rapysody. Nesta tour, Freddie aparece cantando Bijou -  linda - chega a dar a impressão que ele canta junto com Brian, que sola, e claro, volta novamente, no telão com a música do século, sua criação Bo Hap, seria homenagem?  Em 2005 soava assim, mas há quem diria que era apelo afetivo. Pois assim, justificariam aos fãs a continuação da banda sem sua estrela-mor. Depois da tour de 2005 e nesta nova tour, parece que é simplesmente um eterno respeito aquele inesquecível e incomparável Freddie, afinal onde tiver Queen, ele sempre estará lá. E sabem, às vezes acho que ele estava, ou esteve em cada concerto, abrilhantando um pouquinho a mais.

     Se eu falar mais, será apenas variações sobre o mesmo tema. O que posso dizer é que os shows foram perfeitos, tecnicamente, musicalmente, a platéia amou, interagiu e se divertiu Missão cumprida!!! Pois é, o Queen voltou, sem Freddie para o topo do mundo. Talvez porque a magia seja enorme ou ainda porque quem nasce para majestade nunca perde a coroa, ou parafraseando meu amigo Arnaldo, e fazendo uma analogia ao mundo Queen, falando do quadro Gioconda ( Monalisa ) de Leonardo da Vinci: "O quadro é escuro, pequeno e apesar de Da Vinci já ter morrido, é o quadro mais perfeito do mundo e deve ser visto!". Trazendo para o Queen, Freddie morreu, era certamente a alma da banda, é inigualável, mas apesar de sua morte ( a qual nós fãs somos eternamente inconformados ), o show deve continuar, pois há outros talentos em jogo, e que Brian e Roger se encarreguem de fazer com que a magia continue, pois nós fãs, estaremos lá cantando, reverenciando-os  e aplaudindo esta grande banda!!!!

    Vida longa a Rainha!!!


Texto e Fotos 
Lady Taylor -  www.Queenbrazil.com.
Fevereiro/2009

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