Barril de Pólvora
8 Faixas - Independente - 2018

    Formado em Belo Horizonte/MG próximo ao final do ano de 2005, o Barril de Pólvora começou fazendo releituras do Rock Clássico e do Heavy Metal de nomes como  Raul Seixas, Secos e Molhados, O Terço, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Accept, Black Sabbath, Dio, Iron Maiden, Metallica, Judas Priest, UFO, entre outros. Durante alguns anos, a formação sofreu modificações e se estabilizou com Alexis Bonfim na bateria, Saulo Santos no baixo, Flávio Drager no vocal e Emerson Martins na guitarra.

    No ano de 2017, este quarteto começou os ensaios das composições em português que fazem parte deste primeiro álbum auto-intitulado do Barril de Pólvora e em suas letras temos temas atuais com sátiras, críticas e algumas metáforas do nosso cotidiano em melodias voltadas ao Rock, Blues e Metal, característica muito interessante da banda, pois, mesclaram com precisão os estilos.

    Em março de 2018 foi lançado este primeiro cd, gravado por Carlos Ziviani no Casarão do Rock, Casa Estúdio e no Monkey Estúdio, exceção feita apenas para os vocais das músicas Muito Papel Pra Pouca Solução e Barril de Pólvora, que foram registradas por Mateus Mendes no MM'S Estúdio. Os processos de mixagem e masterização ocorreram no Engenho Estúdio Multimídia aos cuidados de Andre Cabelo. E para a capa, o quarteto escolheu um cenário de guerra em uma grande cidade é da Garth Comunicativa. Posso sintetizar tanto esta capa quanto o som que encontraremos no cd com a frase que está no seu encarte: "Estamos todos num grande barril de pólvora. O ódio, a ganância e a intolerância ascenderam o pavio. Agora é questão de tempo, o mundo está prestes a explodir".

   E o Heavy Metal do quarteto mineiro começa com a encorpada O Som do Trovão com uma carregada introdução destacando a linhagem de baixo, bateria e guitarra, todos devidamente sincronizados e energizados para diagramar o caminho dos vocais, que estão por algumas vezes mais agudos, porém, no decorrer da música, eles cravam o formato oitentista brasileiro transbordando potência. É interessante de ressaltar aqui também que mais ao meio... pelas modificações iniciais... temos a sensação de outra canção até o refrão posicionar e terminar esta vibrante primeira faixa, que atribui o Heavy Metal como o som do trovão em uma excelente analogia.

    Em Muito Papel Pra Pouca Solução, Emerson Martins dispara longos solos em sua guitarra, que evoluem para uma canção cadenciada e fortificada em seu ritmo tipicamente Heavy Tradicional com uma letra onde se crítica a enorme burocracia do setor público brasileiro, que tanto atrapalha tudo neste país. O estilo que o Barril de Pólvora aplica na música é altamente inspirado no Iron Maiden, para confirmar... ouça atentamente a base feita pelo baterista Alexis Bonfim e também os toques rápidos executados pelo baixista Saulo Santos.

    O Blues pesado presente em Inércia marca a terceira do cd e além de conquistar com facilidade o fã, também é exibido aqueles sempre impactantes solos de guitarra feitos por Emerson Martins com muita habilidade, aliás, também tenho que enaltecer a versatilidade de Flávio Dager nos vocais em uma letra que ressalta problemas que - infelizmente - são usualmente partes do cotidiano dos brasileiros. Alertas assim são importantes para que nós tentemos mudar essa situação.

    De um formato Rock'n'Roll Pesado e com versos despojados e consideravelmente divertidos, Tocando no Inferno é orientado pela eletricidade da guitarra e é cativante pelo ritmo executado pelo quarteto, que é literalmente flamejante e vai para a memória facilmente e termina naquela linhagem mais Blues, que fazem desta uma baita música deste álbum. Para Loucuras, Sonhos e Delírios, o Barril de Pólvora nos coloca diante de um 'Rockão' extravasando voltagem em um ritmo que transita pelo Blues, Rock'n'Roll e Hard Rock produzindo junto dos vocais uma lembrança ou mesmo homenagem ao poderoso som de nomes brasileiros como Joelho de Porco, Made In Brazil e Centurias, cuja letra merece ser acompanhada com atenção verso a verso, assim como as inversões de andamento aplicadas sempre com muita categoria.

    O título da sexta canção do cd, que é Blues da Saudade já denuncia o que teremos a seguir: um Blues eletrificado de letra nostálgica rememorando ao passado, onde os solos feitos por Emerson Martins em sua guitarra são o destaque, porém, existem os pontos em que até um duelo com o baixo de Saulo Santos acontece, e isso, amplifica o prazer de ouvir esta canção, que é vocalizada com primor por Flávio Drager.

    Na faixa que empresta seu nome para a banda, a Barril de Pólvora, o quarteto envia um Heavy Rock fortificado de ótimas vocalizações e que ganha mais velocidade em seu decorrer, onde a fusão dos instrumentos com a voz tornam a música deveras envolvente, especialmente no refrão, que fica na cabeça e que a cada audição você cantará com Flavio Drager. E a empolgação passada é tamanha, que você sentirá inspirado a voltar a faixa e ouvi-la novamente.

    A instrumental Tempestade, que comparada as demais é mais lenta e encerra o cd evidencia as viradas executadas pelo baterista Alexis Bonfim em um primeiro momento, porque depois a linha mais serena da guitarra torna-se mais forte e conduz a música para belas melodias até o seu final nos deixando contentes com o ótimo disco que acabamos de ouvir.

    Demorou - até por conta das dificuldades em se lançar um disco de Heavy Metal independente no Brasil - mas, o Barril de Pólvora realiza uma excelente estreia com este álbum que transita com muita categoria pelo Heavy Metal Tradicional, pelo Hard Rock e pelo Blues com letras em nossa língua de forma que os fãs de nomes como o Golpe de Estado, Baranga e até Velhas Virgens devem se atentar e curtir a sonzeira contida nestas oito canções. Que venham mais e saibam caros leitores(as) do Rock On Stage, o pavio do Barril de Pólvora está aceso, então coloque o cd para rolar e sinta o prazer desta maravilha explodir diante de seus ouvidos em alto e bom som.
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Novembro/2018

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