Brave - The Oracle
8
Faixas - Anti Posers Records - 2020

    Com origem datada no já bastante distante ano de 1998, muitos shows e participações em festivais, várias Demos e EP's, a banda ituana conhecida como Brave lançou em 2020 pela Anti Posers Records o seu terceiro álbum de estúdio com o nome de The Oracle e dando sequencia assim ao seu Brutal Power Metal ( estilo que eles ostentam como os criadores ). Desta vez Sidney Milano nos vocais, Carlos Bertolazi na guitarra, Ricardo Carbonero no baixo e Carlos Alex Grave na bateria nos colocam diante de oito faixas novas e repletas da garra que são detentores.

    The Oracle foi gravado e mixado no Teochi Studio em Itu/SP por Márcio Teochi e masterizado no Absolute Master em Capivari/SP, exceção apenas a We Burn The Heart, que foi gravada, mixada e masterizada pelo Brave no seu Brave Studio. A capa que mostra cavaleiros medievais, fogos e um sinistro gárgula é, assim como seu encarte, desenhada por Manoel Hellsen do M H Design Art e as fotos são de Susi dos Santos da Som do Darma.

    Sobre o álbum o baixista Ricardo Carbonero comenta: "Em The Oracle não há nenhuma sobra de estúdio ou ideia antiga, todo material é absolutamente novo. Se comparado com nossos álbuns anteriores, The Oracle é mais maduro e teve uma dedicação maior, tanto no processo de criação como na gravação das músicas, sem contar que dessa vez tivemos um envolvimento maior de todos os integrantes da banda." E o vocalista Sidney Milano complementa: "The Oracle é um disco singular, Brutal Power Metal do começo ao fim, mas, ainda assim, plural e dinâmico em sua concepção. Em The Oracle tivemos mais uma dose de amadurecimento e muito mais gana. A sonoridade está com mais energia e identidade pessoal como um todo. Tudo isso sem perdermos, é claro, a pegada tradicional do Brutal Power Metal".

    Relativo às letras, de temáticas pagãs, Sidney Milano esclarece: "No mundo antigo, a arte divinatória era uma forma de comunicação com os deuses. Os guerreiros, antes de iniciar jornadas rumo a explorações de terras distantes, ou mesmo antes de batalhas épicas, sempre recorriam às divindades através dos oráculos". E ainda segundo ele, as letras se aplicam em nosso cotidiano, conforme conclui seu raciocínio: "Obviamente que o mundo em que vivemos hoje é bem diferente. Não mais lutamos com espadas e escudos, mas, ainda assim continuamos a lutar. Todos os dias é preciso levantar e lutar por nossa sobrevivência." Assim sendo, vamos pegar nossa espada e começar a batalha, digo, pegar o cd e ouvir as suas oito faixas.

    Ao som de ventos uivantes, que antecedem uma tempestade somos expostos aos solos melódicos presentes em Intro, que faz a abertura de The Oracle e se conecta em Firestorm, que já apresenta uma sequencia instrumental devidamente marcante em seu princípio com excelentes variações até que Sidney Milano brade seus vocais com uma certa agressividade em um Heavy Metal cadenciado e de solos envolventes e sempre pesados.

    Na canção título, a caprichada The Oracle, sentimos muito mais eletricidade em suas notas e riffs, que somados aos vocais trazem uma atmosfera fortificada que me lembrou do Grave Digger e que é capaz de impactar o fã de Heavy Metal imediatamente, além de demonstrar que nasceu para ser tocada ao vivo.

    Para a quarta do cd, que é a We Fight For Odin nota-se um começo mais lento e até dramático, que dá lugar à um eficiente ritmo Heavy Metal de solos e vocais inflamáveis com ares de Manowar despertando o desejo de cerrar os punhos e erguê-los durante sua audição em que recomendo uma atenção ao trabalho de Carlos Bertolazi em sua guitarra.

    Wake The Fury é o formidável Heavy Metal contagiante que prossegue The Oracle, onde a mescla de vocais e solos de guitarra acontecem liberando muita voltagem, e isso, sem mencionar a sempre poderosa cozinha comandada por Ricardo Carboneto no baixo e Carlos Alex Grave na bateria, que juntos garantem a máxima potência necessária para a música nos conquistar de vez, pois, desperta a vontade de banguear. A seguinte é a Fall To The Empire, é a minha favorita neste The Oracle e foi moldada com bases centradas no melhor do Heavy Metal com suas melodias te acertando em cheio ( ou seja guitarra, bateria e baixo poderosos e consideravelmente estridentes como gostamos ), bem como seus vocais, que novamente te remetem ao Grave Digger.

    Depois de várias batalhas em nome de Odin, finalmente chegamos ao Valhalla com esta épica sétima canção do cd em que Sidney Milano canta com muita emoção até que sejam aplicados versos recheados com mais raiva no decorrer dos seus belos e cativantes riffs executados por Carlos Bertolazi em sua guitarra, porém, sem esquecer junto aos demais de sua linhagem Heavy Metal Tradicional. Fechando este ótimo e vibrante álbum temos sons de ondas quebrando nas pedras da praia juntos aos dedilhados a We Burn The Heart, canção que apresenta linhas calmas e vocais graves de Sidney Milano demonstrando inspiração em nomes como Running Wild e, desta forma, tornam esta última faixa do cd devidamente emblemática e nos enviando um ritmo bastante motivador.

   Para os admiradores do True Heavy Metal, que são fãs de vocais robustos com influências notórias de Grave Digger, Manowar e Running Wild este The Oracle é uma prova da capacidade dos brasileiros nos surpreender sempre, e no caso do Brave soma-se a isso, a habilidade em produzir canções que te fazem notar e desejar ouvir o seu admirável poder de fogo muitas vezes.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Agosto/2021
 

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