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Rebuilting The Future começa com uma suíte dividida em cinco partes e a primeira apresenta melodias bem trabalhadas em um andamento lento e carregado, que pouco depois trazem os vocais rasgados e guturais de Douglas Martins declamando com sua insatisfação os versos da mórbida When The Time For My Last Breath Comes Part I em que ele mesclou Doom Metal no ritmo e Black Metal nos vocais com habilidade. Aliás repare também nos teclados dramáticos e os vocais como se fossem um coro que foram inclusos próximos do final para depois retomar o estilo furioso de seu som. De ares viajantes em seu princípio, que pouco depois dão lugar a toques cativantes nos teclados, praticamente Progressivos e atmosféricos que perduram por quase a música toda, Suffocating Grayish Darkness Part II continua com seu andamento denso, bem feito e dotado de urros ferozes, além de outros pontos lamuriantes e depressivos. A terceira é There Is No End Part III, verso que fica ecoando no final da anterior e que ao caminhar por sua estrutura encorpada, que ganha mais velocidade e fúria em seu decorrer sendo embasada por melodias de Heavy Metal Tradicional até retomar o seu estilo devagar e fúnebre.
Aos dedilhados entristecidos, o Deep Memories exibe a Between Two Dimensions Part IV, que conta com ótimos solos de guitarra - até que calmos por assim dizer - que duram somente até o momento em que os vocais urrados surgem expressando seu descontentamento, porém, executado de forma brilhante. Interessante como são alternados vocais limpos na música concedendo um ar mais Doom à canção. Em Looking At The Black Mirror Part V percebemos como está interligada na anterior, de forma a quase não perceber a mudança de faixa, e além deste ponto, ressalto também a imponência de seu peso novamente em um ambiente lento e carregado em que os teclados seguram nossa atenção até as partes mais calmas aparecerem com vocais menos raivosos e nos surpreenderem finalizando a música.
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Por fim temos a instrumental Erased Directed Mindsets, que é uma viajante criação do Deep Memories para este Rebuilting The Future, onde inicialmente temos a percussão e os teclados se evidenciando para depois serem exibidos toques melancólicos no piano, que se juntam à melodia e terminam o disco de forma empolgante.
Posso de forma talvez audaciosa dizer que embora este Rebuilting The Future do Deep Memories aparentemente possa parecer um simples álbum de Black Metal, entretanto, o disco flerta claramente com elementos do Doom, Gothic, Heavy Metal e Progressivo e tudo consideravelmente muito bem harmonizado por Douglas Martins e ao contrário de 99% das bandas deste estilo, sua temática não é blasfêmica. Quem costuma ouvir Paradise Lost, Katatonia, Anathema, My Dying Bride, Theatre Of Tragedy e até Dimmu Borgir apreciará bastante este trabalho, que é muito superior ao que possa se pensar olhando para o disco uma primeira vez.
Nota: 9,0.Por Fernando R. R. Júnior
Outubro/2019
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