Deforme - Mundo Inferno
14 faixas - Against Records - 2013

      O primeiro cd do Deforme, banda de HC/Deathcore ( fusão de Thrash/Death Metal com o Hardcore ) paulistana formada por membros de nomes fortes do underground como Presto?, Hutt, Atroz e Desalmado, recebeu o título de Mundo Inferno e essa trupe embalou o cd em um slipcase, que traz mais luxo ao pacote.

    O quinteto formado por Sérgio Ogres ( vocal ), Carlos Souza e Leandro Soares ( guitarras ), Ricardo Quattrucci ( baixo ) e João Limeira ( bateria ), foi ao Estúdio Lamparina junto a Thiago Hospede e lá realizou todos os processos de de gravações, mixagem e masterização do cd até o seu lançamento que aconteceu em 2013. As letras das catorze pesadas faixas abordam temas como violência urbana, estupro, crimes e evolução pessoal de vocais ora guturais ora rasgados.

    A faixa título Mundo Inferno abre o cd com o furioso HC/Deathcore do quinteto, que é cantado em português em uma letra ácida, que critica a nossa falta de legislação correta para cuidar da segurança das pessoas em um ritmo pesado e cru. Em Destruição, o baixista Ricardo Quattrucci evidencia-se nas primeiras notas, mas cede lugar a aspereza dos riffs de guitarra e com este ambiente criado Sérgio Ogres vocifera toda a sua indignação com toda a potência de seus guturais. Para Deathblow, o Deforme montou uma base instrumental com os guitarristas Carlos Souza e Leandro Soares exibindo um tanto de distorções em seus toques, porém, que recebe ótimas viradas feitas pelo baterista João Limeira em um andamento mais cadenciado, que é um convite para se abrir uma roda de pogo nervosa, e tudo isso com as vocalizações totalmente iradas e cheias de guturais de Sérgio Ogres.

    Para tratar de um tema como o estupro, o Deforme cravou em Inocência Roubada uma evolução instrumental forte e cadenciada, que assim que Sérgio Ogres canta sentimos o "Dio" de seus versos. Nesta, a banda acelera e diminui o ritmo de acordo com o nível de cólera que a música necessita, que termina com uma solução ideal para um estuprador. Em Fudendo A Cabeça o quinteto resolveu acelerar para valer em uma letra sobre os infelizes que vivem nas ruas perdidos e viciados em drogas, em mais um descaso do poder público atual. A forma violenta que eles fizeram, seja na parte instrumental ou nos vocais, são mesmo um ótimo "tapa na cara" da nossa sociedade hipócrita e politicamente correta. Para Você Não Merece A Tatuagem Que Tem, a banda foca seu olho crítico a toda velocidade nas pessoas que se tatuam sem realmente possuir a atitude necessária para isso ( pense caro leitor(a) existem inúmeros conhecidos que fazem isso, não? ). E a linha instrumental adotada nesta sexta canção de Mundo Inferno alterna momentos bem rápidos com outros mais cadenciados, e ambos, com um verdadeiro despejo de fúria a cada verso pronunciado por Sérgio Ogres.

    Morreu Pra Mim somos expostos a uma sequencia instrumental feita com muita qualidade pela banda, que fez a base correta para Sérgio Ogres soltar seu violento vocal nesta imperdoável e caótica letra sobre traição. Com mais uma dose do destruidor ritmo de guitarras, baixo e bateria chegamos a Nunca Desista, cuja letra - para os padrões exibidos pela banda - é até motivadora e serve para que não se jogue a toalha diante de uma derrota e se prossiga lutando até a vitória final.

    A acelerada Desespero mantém os níveis de violência do Hardcore dos caras em alta e sua letra retrata a situação de pobreza, que leva a se chegar ao título da música. A seguinte, é daquelas que quando for tocada ao vivo fará as rodas estourarem, afinal, Inferno da Mente é uma saraivada de socos na cara, assim como as demais composições presentes em Mundo Inferno, nesta destaco a atuação do baterista João Limeira, que "mete a mão" no kit, quando a música não está cadenciada.

    Respeito Verdadeiro exibe um set instrumental pesadíssimo, que te induz ao que virá em seguida: muita agressividade em riffs mais cadenciados. Os instantes finais da música anterior são ligados aos primeiros acordes de Escravo da Mente e desta forma, eles seguem sabiamente em uma linha mais rápida e com vocais furiosos, ou seja, mais uma canção tocada sem piedade. A revoltada Fuck Pedigree marca - com seu devastador andamento - a penúltima de Mundo Inferno e a banda soube aplicar linhas instrumentais um tanto cadenciadas para envolver o ouvinte. Para fechar a odiosa 'bolachinha' nada melhor que mais uma porrada na cara não é? E FFF é daquelas músicas que são rápidas, nervosas e que em sua letra nos mostram alguns dos muitos 'tipinhos inúteis' da sociedade moderna.

    Nós que somos do Heavy Metal e ouvimos suas várias vertentes, vez ou outra necessitamos de curtir um álbum como este Mundo Inferno do Deforme, que sintetiza em pouco mais de quarenta minutos soluções para certos problemas sociais e também declara tudo que desejamos falar em muitas situações do dia-a-dia ( mas nem sempre podemos ), em suma, curtir um álbum assim faz bem a nossa saúde.
Nota: 8,5.

Site: https://www.facebook.com/deforme.dthc.

Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2014

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