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Um fato curioso a ser mencionado nesta resenha é sobre o nome da banda, cuja tradução em japonês é a que mais se aproxima a foda-se é a com 'vá em frente e morra', que foi compartilhada com Igor Amadeus Cavalera em japonês e ele sugeriu ao pai que escolhessem então sua tradução para o inglês, que é definida por Max Cavalera como: "É realmente um soco na cara e adoro a reação das pessoas".
Em se tratando dos Cavalera lógico que a temática do disco está centrada nos males sociais atuais tais como: pandemia, fanatismo religioso, policiais desonestos, políticos corruptos, abusadores e destruidores do meio ambiente. Quanto a esta temática Max Cavalera comenta: "Queríamos que as letras fossem um grande foda-se para tudo o que está acontecendo agora. Igor também escreve livros, coisas do tipo Stephen King. Ele tem uma imaginação selvagem. Ele é um garoto selvagem. Foi incrível pegar seu cérebro enquanto trabalhávamos nas letras juntos. Às vezes, eu fazia a coisa típica do Max, algo simples, e ele mudava as palavras e as tornava muito melhores".
E o já não tão garoto elogia a liberdade dada pelo pai ao dizer: "Ele é uma figura tão importante. É fácil para qualquer um se sentir ofuscado por ele em qualquer banda. Ele tem um som e uma aura imponentes. Fiquei muito feliz que ele ficou um pouco atrás e me deixou enlouquecer com Go Ahead And Die. Eu sinto que as pessoas serão capazes de ouvir o que estou trazendo para a mesa com ele meio que apoiando. A fusão dessas coisas saiu muito bem e foi muito legal da parte dele me deixar tomar as rédeas".
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Antes de contar das músicas deste Go Ahead And Die, que saiu no Brasil pela parceria da Shinigami Records com a Nuclear Blast, vale apontar que a capa desenhada por Stweart Casting mostra a cena de um tumulto envolvendo policiais esmagando uma pessoa com outra protestando em meio ao caos... Isso te lembra alguma coisa cara o leitor(a)??? Como caso que despertou o movimento Black Lives Matter após a violenta morte de George Floyd nas mãos da força policial da cidade de Mineápolis. Bem vamos ao álbum....
O primeiro impacto certeiro acontece com a explosiva Truckload Full Of Bodies em que a ira característica dos Cavalera aparece com toda potência e crueza que é possível obter metralhando assim o ouvinte em partes que notamos aquele Thrash oitentista com outras que exibem Death Metal resultando em uma música em que a reação que temos é de querer 'banguear' imediatamente. O disco segue com Toxic Freedom, que começa com toques ríspidos feitos por Igor Amadeus Cavalera em seu baixo e também com toda a agressividade contida nos vocais de Max Cavalera em uma linhagem quase Punk até descambar em um ritmo acelerado e devidamente mortífero do jeito que os fãs adoram.
A avalanche sonora presente na pulverizante I.C.E. Cage nos coloca diante de um ritmo devastador e de vocais consideravelmente furiosos, que te fazem questionar onde eles buscam tanta raiva para despejar tudo isso em nossos ouvidos... seriam dos filmes que viram juntos? O clima Death/Thrash Old School continua com firmeza em Isolated/Desolated e esta remete aos primórdios do Sepultura nos tempos em que a banda era demasiadamente áspera, só que desta vez a faixa é voltada para um Punk Rock Extremo de momentos cadenciados e vocais dotados de incontáveis níveis de violência.
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Em um misto de Punk com Thrash, o Go Ahead And Die envia aniquiladora Worth Less Than Piss, que começa detonando tanto na sua parte instrumental quanto nos seus vocais, que são gritados totalmente sem piedade e depois desacelera um pouco, porém, nunca diminuir a sua ira. A penúltima chega em um tom macabro e que abre um intenso e acelerado Thrash Metal cheio de vocais insanos que fazem de ( In The ) Slaughterline ser uma das mais avassaladoras faixas deste álbum, onde não são poupadas as fronteiras de sua violência com direito a linhagens instrumentais cativantes e feitas com muita habilidade pelo trio, sendo que é impossível destacar somente um deles.
A última desta hecatombe sonora é a devastadora Roadkill, que aparentemente é sinistra, arrastada, repleta de vocais raivosos e insalubres e pronta para te deixar impressionado caro leitor(a) do Rock On Stage com a tamanha ferocidade exalada a cada segundo pelo Go Ahead And Die, que só para ser melhor ainda, a canção acelera em seu final, exibe uma violência impraticável e termina bastante sombria como começou.
Que o confinamento e o impedimento de fazer a maioria do que gostamos de fazer tem como frutos a insatisfação, o ódio, a raiva... é até compreensível, mas o que Max Cavalera, Igor Amadeus Cavalera e Zach Coleman nos proporcionaram com este primeiro álbum do Go Ahead And Die foi a melhor forma expelir todos estes sentimentos ruins para fora através das impactantes canções em um dos melhores álbuns do ano de 2021, que traduz o que é um verdadeiro de Thrash Metal Old School. Fãs de Sepultura, Napalm Death, Extreme Noise Terror, Discharge, Terrorizer.... sintam-se representados nesta obra-prima de DNA brazuka.
Nota: 10,0.Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2022
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