Greensleeves - Inertial Frames
12 Faixas - Independente - 2014

    Demorou quase cinco anos para que o quinteto paranaense da cidade de Curitiba lançasse o sucessor do seu ótimo debut, o The Elephant Truth ( confira resenha ). Obviamente, que essa demora foi causada tanto pelo momento da indústria musical em si, ( que para uma banda independente, essas dificuldades são amplificadas e agravadas pela complicada situação econômica do país ) mas também para que eles pudessem preparar com calma o sucessor, que levou um ano para ser gravado. E para que isso acontecesse Gui Nogueira nos vocais, Victor Schmidlin e Cícero Baggio nas guitarras, João Koerner no baixo e Luís Requião na bateria, driblaram isso tudo e lançaram em setembro 2014, o seu segundo cd com o título de Inertial Frames.   

    Suas gravações foram realizadas em partes, dada a complexidade do som Prog Metal do quinteto e Vinícius Braganho gravou a bateria no Nico´s Studio em abril de 2013 em Curitiba/PR, o baixo e as guitarras foram registrados no Cabong Studio entre maio a novembro de 2013 pelo guitarrista Victor Schmidlin e por fim, os vocais foram gravados por Gelson Budel e Tuca Conegundes no Áudio Coruja entre setembro e outubro de 2013, ambos também em Curitiba/PR.

    Os processos de mixagem e masterização tiveram os cuidados de Caio Duarte entre fevereiro e abril de 2014 e foram realizados no Broad Band Studio em Brasília/DF. Além de programar a sequencia dos computadorizada e os arranjos orquestrados, o guitarrista Victor Schmidlin também cuidou das partes de teclados e da capa do cd que mostra uma pessoa sentada e no lugar do rosto uma televisão, demonstrando o poder que a TV possui nas pessoas e obviamente a inanição que ela nos leva.

    Dito isto tudo vamos às doze faixas de Inertial Frames, que é aberto com Fireflies ao sinal da sirene de ataque aéreo e depois temos as guitarras se evidenciando no complexo e viajante ritmo melodioso executado pelo Greensleeves, até que os vocais aumentem o carisma deste envolvente Prog Metal de ótimas variações em seu decorrer. Depois, com Unsolved somos expostos a um andamento de guitarras que vai se tornando mais pesado e cheio de harmonias, que posteriormente recebe ótimos dedilhados quando Gui Nogueira começa a cantar. A emoção vista aqui eleva-se mais ainda nas modificações que o quinteto realiza durante ligando ainda mais quem a escuta. Enfim, um Prog Metal de primeira e com um refrão que inspira a cantar junto devido à sua aura positiva. 

   Gabriel Canoro do Living Garden participa da caótica e significativamente pesada Construct nos vocais junto a Gui Nogueira e entre seus trechos pesados com outros melódicos temos uma base sensacional de baixo e bateria. Esta terceira faixa de Inertial Frames atravessa suas partes com muita técnica e habilidade dos músicos, confirme reparando na melodia magnífica que eles exibiram no final da Parte II e o peso que é cravado nos primeiros versos da última parte, e isso sem citar ainda a viagem que temos no seu final, com os exuberantes solos de guitarras de Victor Schmidlin e Cícero Baggio.  

    Com toques que se ligam na anterior e propõem uma melodia mais calma, porém sombria, e que são executados primorosamente pelo Greensleeves, Dyschromatopsia segue o cd com belas doses de evolução, seja pela forma que é vocalizada ou pelo seu ritmo instrumental, que é dotado de solos de guitarras que tiveram inspiração em um certo John Petrucci. Em Deconding Love temos toques calmos juntos a trechos pesados, que são cantados com muita atitude por Gui Nogueira de modo que funde-se perfeitamente ao andamento instrumental proposto, que é um Prog Metal que mergulha nas viagens na hora dos solos combinados de teclados e guitarras. E além de tudo isso, ainda contém uma cativante refrão.

     Com belos dedilhados que trazem riffs longos e carregados de melodia, a bela Broken marca a sexta faixa do cd, cujo crescente positivo se faz apreciar ainda mais este Inertial Frames, e detalhe, eles souberam como acrescentar e retirar o peso no momento certo, e o vocalista teve a capacidade necessária para conduzir a energia em cada parte. Ainda nesta excelente linha acústica ( em seu início ), Fading Heroes continua o cd recebendo solos de guitarras, uma forte potência oriunda da bateria e do baixo, que a deixam veloz e mais empolgante, onde é possível perceber a dedicação que temos do vocalista, que acompanha as excelentes mudanças de ritmos realizadas pelos demais integrantes da banda e solta seus agudos. Mas os longos e duelados solos de guitarras de Victor Schmidlin e Cícero Baggio também podem serem incluídos entre os destaques desta faixa. Exaltando o lado mais Heavy Metal em seus primeiros instantes, Seed Of Ego conta com um vibrante refrão e um andamento onde enalteço os toques do baixista João Koerner. Entretanto, o ritmo instrumental também abre o caminho para boas viagens e muita técnica dos guitarristas.

    Sempre com muita categoria por todo o cd, o baterista Luís Requião teve a oportunidade de demonstrar suas habilidades no início de Lich Bride e aparecer no trecho instrumental desta nona e variada canção de Inertial Frames, que também possui solos de guitarras na medida, vocais com muita versatilidade e um andamento que por vezes está rápido e por outras cadenciado, mas sempre com muita harmonia a cada nota. Com linhas acústicas e muito feeling nos vocais, Fixed exibe uma balada para se cantar junto com o Greensleeves imediatamente, pois sua letra é deveras animadora e positiva. E como em toda balada que se preza temos mais um excelente solo de guitarra.

    A suíte Inertial Frames Of Reference dividida em quatro partes leva ao ápice do Prog Metal do quinteto curitibano e possui elementos que trouxeram toda fama ao estilo, pois começa com muita complexidade instrumental e vocalizações cheias de versatilidade, que passam muita energia em seus versos, depois fica mais acústica em sua segunda parte e muito emocionante aos toques de violão e voz.

    Já para a terceira retoma as linhas Prog com as guitarras de Victor Schmidlin e Cícero Baggio deixando claro o lado Metal da banda mais uma vez, e isso, aliados à um ritmo cadenciado de bateria e baixo, que traz alguns vocais mais agressivos. Fechando a última parte, o baixista João Koerner dispara eficientes notas que passam mais poder de fogo às guitarras, que trazem aquele andamento de linhas caóticas e dueladas que são muito exploradas no Dream Theater. Defino esta música em uma palavra: espetacular.

    Para terminar este magnífico trabalho temos a curta The Little Things, que passa muita melancolia e progressividade em seus versos e ritmo presentes em Inertial Frames ao concluir o conceito lírico do cd. Aliás, as letras são um capítulo à parte, pois contém mensagens que não apenas criticam a sociedade humana que vive diante da TV, mas também coloca palavras de ordem para que tomemos decisões e não caiamos novamente nos mesmos erros. Inertial Frames é disparado um dos melhores álbuns que ouvi em 2014, de qualidade igual aos lançamentos gringos, que mostrou ao Brasil ( e faço votos para que também ao mundo ) o nível que se encontra o Prog Metal tupiniquim.
Nota: 10,0.

Sites: http://www.facebook.com/greensleevesfb.


Por Fernando R. R. Júnior
Março/2015

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