Holocausto War Metal - Batismo de Fogo
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Faixas - Warcore Records - 2020

    No meio militar, o batismo de fogo de uma nova arma, seja ela uma metralhadora, um tanque de guerra, um avião de caça ou bombardeio, ou mesmo um navio de guerra ou um submarino, acontece quando ele tem a sua primeira missão real de combate contra o inimigo. No caso deste álbum, o nome Batismo de Fogo de seu título é referente à nova tropa comandada por Valério Exterminator, que é composta pelos atiradores de elite Riffão The Trigger no baixo e vocais e Manfredo War Tank na bateria e backing vocals, além do citado 'líder de pelotão' que está na guitarra e vocais. Juntos, o seu nome código é Holocausto War Metal, que surgiu em 2019 dos restos do Holocausto, banda mineira da cidade de Belo Horizonte, que desde  os anos 80 já se engalfinhava no difícil front de batalha do Underground Brasileiro.

    Esta nova arma do trio contém nove salvas mortais, que foram registradas no seguinte Bunker Manfred Studio entre julho a setembro de 2020 com produção dos próprios membros do Holocausto War Metal. A capa que mostra três soldados disparando seus obus é de Fernando Lima do Drowned e o disco é dedicado aos bravos e honrados soldados da Força Expedicionária Brasileira, que lutaram no Teatro de Guerra da Itália na Batalha de Monte Cassino durante a II Grande Guerra Mundial. Sabendo destes detalhes, vamos aprofundar mais nesta trincheira disponibilizada pela Warcore Records ( gravadora fundada pela banda ) e conhecer mais dos seus poderosos relatos de combate a partir de agora.

    Com a voz de Giovanni "Reco" Amorim ( do Offensor de Belo Horizonte/MG e Grotesque Creation dos Estados Unidos ) e o trompete do soldado Araujo em seus toques fúnebres em homenagem aos heróis perdidos em batalha, a faixa título Batismo de Fogo é um poema dedicado à Força Expedicionária Brasileira. Após as sirenes de ataque aéreo serem tocadas, o Holocausto War Metal começa o conflito com muito peso e velocidade na agressiva e caótica canção nomeada como Guerra, que apresenta seus vocais furiosos, seu ritmo cru e intenso, que também e possuidor de partes cadenciadas bastante envolventes, além de versos que relatam os vários tipos de guerras existentes no planeta.

    Em Isis, o trio exibe as barbaridades dos extremistas que forjaram este grupo terrorista e tantas vidas ceifaram no Iraque, Síria e outros locais enquanto dominaram um território que foi chamado por eles como Estado Islâmico e nesta música, os mineiros fizeram isso através de uma composição rude, visceral e raivosa o tempo todo aumentando sua brabeza durante o seus poucos mais de três minutos resultando em um War Metal simplesmente devastador com os vocais divididos entre Valério Exterminator e Fernando Campos do Scalped.

    Dotada de bons solos de guitarra executados por Valério Exterminator, que alteram-se muito pouco, a opressiva Ex-Combatente mantém o poderio de fogo do Holocausto War Metal inabalável e neste denso ambiente frenético, ele libera seus irados vocais, que trazem os relatos de Francisco Tischner e Firmo G. de Carvalho, que foram soldados da Força Expedicionária Brasileira na II Guerra Mundial e participaram de batalhas na Itália. Depois de sons pertencentes à uma rajada, Arames Farpados estoura tal qual uma metralhadora em seu andamento, que é guiada pelos toques feitos pelo baterista Riffão The Trigger e também nos vocais obtusos de Valério Exterminator. Para a hostil Sniper: Alvo Na Mira, o Holocausto War Metal nos convida para uma violenta reflexão sobre o ponto de vista um atirador de elite em sua tarefa exibido por trechos esmagadores e outros cadenciados, que te mantém ligado no que o trio lhe reservou nesta sexta canção de Batismo de Fogo, que recomendo um olhar atento à sua letra.

    Para a seguinte, eles disparam um ritmo robusto, veloz e incansável War Metal em Simo HayHa para contarem a história do atirador finlandês, que não perdia nenhum de seus tiros, se é que me entende. Já na penúltima, a Crianças-Soldado somos lembrados de uma das piores situações de guerras e líderes totalitários: o uso de crianças em combates e o Holocausto War Metal exibe esta horrível face da guerra com uma canção encorpada, praticamente o tempo toda acelerada, com vocais coléricos e que é devastadora.

    Terminando o Batismo de Fogo temos a Cobras Fumantes, que marca a lembrança dos três pracinhas brasileiros, que se perderam de sua tropa e enfrentaram sozinhos um pelotão alemão em Mote Cassino. Eles receberam ordens dos alemães para se renderem, mas optaram por lutar até a morte obtendo respeito do inimigo pela significativa bravura no campo de batalha, e, obviamente que tanto seu ritmo quanto seus vocais extremos são um espelho do que eles enfrentaram. E hoje em dia devemos sentir orgulho por estes três reais e verdadeiros heróis brasileiros, que foram saudados pelo Holocausto War Metal com um trecho da Canção do Expedicionário no final do álbum.

    Porém, trago à sua ponderação caro leitor(a) do Rock On Stage a frase do ex-combatente Joaquim Xavier da Silveira, que está no encarte do cd: "De repente, percebi como pode um soldado sentir-se solitário em sua trincheira, solidão no meio de muitas outras. Eu estava vendo, como milhares de pracinhas, o mundo através de uma trincheira. E uma trincheira tem mais de amargo do que de heroico (...). A guerra nada tem de heroico. É triste, e a trincheira é um dos piores lugares da Terra".

    Apesar de toda a violência e fúria que um disco de War Metal carrega com canções altamente destruidoras e possuidoras de críticas severas e certeiras como é o esperado no estilo, neste caso específico deste álbum Batismo de Fogo, acredito que o principal ponto que diferencia esta obra do Holocausto War Metal de qualquer outra está cravado nas homenagens aos valentes soldados brasileiros da II Guerra Mundial e desta forma faço questão de citar a seguinte frase presente em sua contracapa: "Se não fizermos memórias aos nossos heróis, contribuímos para que seus feitos sejam apagados da história" - Força Expedicionária Brasileira. Desejo que o trio siga forte prestando este tributo em cada uma das futuras batalhas de sua guerra pelo Underground enaltecidas pelas conquistas que conseguirão com álbuns desta qualidade.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Outubro/2021
 

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