Imago Mortis - Vida The Play Of Change
11 faixas - Die Hard Records

    A origem do Imago Mortis data do ano de 1995 na cidade do Rio de Janeiro/RJ, e após lançarem um trabalho demo ( Réquiem ), já em 1988 eles assinam um contrato com a Megahard Records e lançam o álbum Images From The Shady Gallery que teve uma ótima repercussão na mídia especializada. Não demorou para que o segundo trabalho da banda fosse lançado: em novembro de 2002, agora com a Die Hard Records, o Imago Mortis lança o aclamado álbum conceitual Vida - The Play Of Change,  que será contado em detalhes nesta resenha. Nas 11 faixas que estão no disco temos uma interessante forma de contar a história de uma pessoa que sofre de Vida - uma doença terminal e incurável, e nós somos levados a ver como será o encontro dela com a morte. O line up que grava o disco é composto de:  Alex Voorhees  nos vocais, Fabrício Lopes na guitarra e backing vocal, Fábio Barretto no baixo e backing vocal, Alex Guimarães  nos teclado, órgão, hammond e backing vocal e André Delacroix na bateria. A excelente produção ouvida no álbum é um trabalho feito por Gustavo Carmo e a parte de edição, mixagem e masterização ficaram a cargo de Philip Colodetti no Creative Sound Studio. Outro merecido destaque do álbum está na parte gráfica ( capa e encartes ) assinada por Rodrigo Cruz que junto com as músicas levam o ouvinte para o caminho desejado pela banda.

       Vida - The Play Of Change é aberto com Long River, canção que percebemos a bateria de André obtendo notas mais altas e a guitarra de Fabrício fazendo solos rasgados em uma bela melodia. Esta música começa a contar a história do personagem que está morrendo e vai para o seu leito de morte. É interessante que a obra nos mostra vários personagens interagindo com Me ( Eu ) durante a história e isso cativa ainda mais o ouvinte, ainda mais pela melodia intensa que não deixa o peso baixar em momento  algum. Em seguida temos Center Hospital música começa a mostrar os cinco estágios que o doente terminal passa ( isso segundo a psiquiatra alemã Elizabeth Klübber Ross, que após suas pesquisas descobriu que existem 5 estágios que o doente passa até a chegada da morte, são eles: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. ).

         Os efeitos desta música nos levam a imaginar um hospital e deixa a mente livre para viajarmos no tema e na melodia. O peso que Center Hospital vai recebendo com o andamento proposto pelo Imago Mortis é evidenciado pelos riffs da guitarra de Fabrício. Continuando a mostrar o estágio da negação temos a ótima Three Parchae, com um ótimo início instrumental e destaco os solos pesados e levemente distorcidos de guitarra. Parabéns ao vocalista Alex Voorhees que possui ótimos dotes em sua voz e no final exibe um potencial quase gutural, outro ponto forte de Three Parchae é a presença do piano de Alex Guimarães que deixa a música quase operística.

    Para mostrar a fase da raiva, temos a excelente música Pain, onde Me está clamando por um anestésico nesta canção tocada com uma melodia bem diferente do normal, que realmente traduz o sentimento de dor. Pain é a canção mais rápida até aqui e os vocais mais guturais e urrados de Alex Voorhees são diferenciados a cada personagem que entra na história. Ainda na fase da raiva temos Envy, que possui uma linha linha clássica que marca outra rápida e caótica canção deste excelente álbum do Imago Mortis. Vale lembrar que em Envy, a bateria é tocada com muita técnica e André Delacroix realiza uma introdução muito bela; quando os vocais de Alex Voorhees entram na música o ouvinte já está ganho. Chamo sua atenção também para notar a coesão da banda como um todo criando uma notável linha clássica e metálica ( inspirada em Toccata And Fugue In D Minor de Bach ).

    Em seguida é a fase da barganha, onde Me tenta apelar para todos os meios no intuito que sua vida seja prolongada, como é mostrado na faixa Me And God, que Me pede para Deus uma segunda chance. Isso é exibido com um excelente ambiente apoiado na guitarra e violão de Fabrício Lopes e ouça também como Alex Voorhees mostra porque pode entrar sossegado no hall dos grandes vocalistas ao deixar sua voz totalmente pura. Mais um outro merecido destaque de Me And God vai para Alex Guimarães no piano. Ainda nesta fase, em The Silent King, temos o personagem cansado e sonhando com o demônio. Para contar este sonho a banda trouxe até o ouvinte solos cadenciados na guitarra, vocais rasgados e ótimas viradas na bateria e no baixo de Fábio Barreto. Ahh!! não posso deixar de mencionar o belo solo de órgão hammond feito por Alex Guimarães perto do final desta música.

    A quarta fase é a depressão representada nas duas faixas seguintes, a primeira Insomnia já abre com um longo e viajante solo de guitarra, que marca esta mais leve canção onde o personagem parece desistir. Nem preciso dizer que é um dos melhores momentos do disco não é mesmo? Praticamente interligada a Insomnia temos Terminal Christ que 'pega' o clima da anterior e é iniciada com o personagem em total desânimo desistindo mesmo de sua Vida e marca o momento da morte. Atente seus ouvidos para a bateria de André Delacroix e os teclados de Alex Guimarães que encerram esta música com uma forte presença de guitarras de forma magistral.  

    Na última fase que é a aceitação ( da morte ), temos um momento muito bonito na música Unchained Prometheus, a linda canção instrumental no piano de Alex Guimarães que deixa um ar melancólico simbolizando a partida do personagem como se estivesse num funeral. Fechando este grandioso trabalho dos cariocas do Imago Mortis temos a música Saudade que é apresentada no violão seguindo com o lindo clima que permeou o disco inteiro. Saudade é cantada em português por Fabrício Lopes e possui linhas progressivas ( a la Pink Floyd ) que são perfeitas para soltar a mente e viajar fundo com esta música que simboliza as boas recordações que temos das pessoas queridas. Apesar do clima triste que fica no ar, é indiscutível como o Imago Mortis fez uma grande canção.

    A parte multimídia do disco é uma das mais interessantes que já vi em um álbum e representa a Transcedência ( o que seria a sexta fase juntamente com Long River ). O Imago Mortis teve uma ótima idéia ao utilizar o jogo da mudança, que baseado em nossas perguntas, somos levados ao universo do I Ching ( o milenar Livro da Mudança ) com 12 Arcanos que representam as músicas do disco e apresentam milhares de possibilidades para contar sua história, não deixe de conferir.

    Não tenha dúvidas meu caro leitor(a) que Vida - The Play Of Change irá agradar em cheio fãs de heavy metal, gótico, progressivo e doom, e claro, quem gosta de uma boa música. Ainda é preciso dizer que você deve conhecer este excelente álbum trazido até nós pela Die Hard Records e incluí-lo em sua coleção? E aguardem que a banda já está lançando em 2006 o seu terceiro cd intitulado de Transcendental.

Site: www.imagomortis.com.br

Por Fernando R. R. Júnior

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