In No Sense - Despertar
11 Faixas - Independente - 2016

    O In No Sense é uma banda da bela cidade de Fortaleza/CE, que surgiu em 2010 disposta a caminhar pelo Metalcore, além de mostrar influências de Prog, Djent e Hardcore de nomes como As I Lay Dying, Periphery, Project46, Tesseract, Architects, Leprous, Miss May I, Thy Art Is Murder e Bleed From Within. Até o lançamento deste primeiro cd em 2016, cujo título é Despertar, o quinteto disponibilizou dois EP's, o Paranóia de 2012 e o Resistência de 2014, que foram responsáveis pela inclusão da banda em vários festivais.

    Atualmente formado por Jefferson Veríssimo Fontenele nos vocais, Matheus Ferreira e Lucas Arruda nas guitarras e backing vocals, Vicente Ferreira na bateria e Adilson Silva no baixo, o In No Sense executa seu Metalcore em português, o que não é tão comum e só por isso já causa uma certa curiosidade na audição deste álbum, que foi gravado no VTM Studio e Felipe Facó Home Studio entre agosto a dezembro de 2015 em Fortaleza/CE com a produção dos integrantes Lucas Arruda e Vicente Ferreira. Já os processos de mixagem e masterização ficaram à cargo do experiente e competente Adair Daufemback ( responsável por álbuns do Project46, Hangar e Tony MacAlpine ) e foram realizados em Los Angeles na Califórnia/E.U.A. no seu Daufemback Studio.

    Antes de mergulhar nos comentários das músicas, quero me atentar para a capa, que mostra um ser caindo e cercado por prédios em mais um trabalho de Jean Michel da Designations Artwork de Curitiba/PR ( que já desenhou capas para Traumer, Keep Of Kalessin, Sunrise, Machinage, Skinlepsy ) e o álbum Despertar contou com os importantes apoios da Associação Cultural Cearense do Rock e da Prefeitura de Fortaleza/CE.

    O violento Metalcore de Despertar abre o cd entre vocais furiosos e melódicos, que são alternados de acordo com o momento da música em meio a muita habilidade na parte instrumental, que interessantemente caminham por vários trechos viajantes nos solos de guitarras, praticamente Prog Metal. Nesta pegada e destacando os eficientes toques do baixista Guilherme Lins, Cárcere prossegue martelando o tempo todo, exceção feita apenas aos breves momentos de vocais limpos, porque depois é bordoada na certa e das esmagadoras com direito à vocais guturais e rasgados, e isso, em uma letra que retrata a falta de segurança do nosso país. Com um ritmo frenético, envolvente e diferente, Cão marca a terceira pedrada do cd, graças ao seus vocais furiosos nesta letra que é sobre perder a esperança, ambientada por uma sequencia instrumental instigante com direito a alguns vocais limpos como regem o estilo. Para quem aprecia uma diversificação rítmica nos toques de baixo e bateria fique de ouvidos atentos.

    Mais nervosa - por conta de seus solos de guitarras e seus vocais encolerizados - Memórias Póstumas passa a ideia de uma feroz homenagem a um amigo que partiu em sua letra através de complexas atuações instrumentais, que nos capturam ao ouví-las. Investindo em um andamento mais Melódico, que recebe velocidade e uma dosagem considerável de peso um pouco depois, Ao Seu Alcance mantém a desolação sonora do quinteto de Fortaleza, que é rompida apenas no refrão com vocais mais limpos, cuja letra merece uma atenção por ser bastante motivadora e recomendo reparar também aos seus esbeltos toques de baixo. Haciendo Tu Próprio Caminho chega raivosa em um ritmo poderoso e estrangulador com o peso ditado pelo baterista Vicente Ferreira em uma linha mais Hardcore/Crossover na mais encorpada faixa de Despertar, que no momento dos solos exibe ótimas melodias com a participação de Felipe Facó e termina com inesperados dedilhados flamencos.

    Com ares mais sombrios, que trazem a matadora sequencia de baixo, bateria, guitarra e vocais devidamente urrados, P.E.A. ( Perpetua Escuridão Adivinda ) marca a sétima do cd, porém, aqui os vocais limpos estão de volta e dividem alguns versos com a brutalidade dos raivosos. Dotada de cativantes riffs de guitarras feitos por de Matheus Ferreira e Lucas Arruda, Precipício prossegue com a incontrolável cólera do In No Sense, que salvo em alguns instantes não para de 'sentar a porrada sem piedade' em mais uma letra que recomendo depositar sua atenção.

    Para Véu do Acusar, os cearenses contaram com uma nova participação de Felipe Facó na guitarra junto a Matheus Ferreira e Lucas Arruda conferindo solos que trazem uma cara toda obscura para a canção, que é uma das mais robustas do cd através de um andamento mais arrastado, que é vociferado de uma forma urrada quase que na sua totalidade por Jeferson Veríssimo Fontinele próxima a um Death Metal Melódico.

    A décima chama-se Satimônio e aqui o quinteto demonstra sua habilidade em mais outra intricada canção, que é mais rápida, bravia e conta com seus pontos mais calmos em uma letra repleta de revolta, onde preciso destacar a atuação de Adilson Silva no comando das quatro cordas. Fechando o álbum Despertar, o In No Sense envia a dilacerante Imunidade, cujo solo de guitarra em seu início é de uma beleza singular e o que acontece depois te faz pensar em como eles fizeram uma música tão variada e eficiente, porém, sempre furiosa e urrada com inesperados trechos, que terminam de forma mais melancólica e até um tanto que triste.

    Se você aprecia o Metalcore de nomes nos padrões que os nomes lá de fora fazem e não conhece o quinteto In No Sense... trate de ir atrás de Despertar o quanto antes, pois, temos aqui uma trupe, que possui muita qualidade dentro da sua proposta e que espero que eles consigam ser tornarem mais conhecidos no Brasil e no mundo, afinal, a capacidade para isso está demonstrada de sobra neste cd.
Nota: 9,0.

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Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2018

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