Indiscipline - Sanguínea
 
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Faixas - Shinigami Records - 2017

    O Power Trio feminino Indiscipline teve sua formação na capital fluminense Rio de Janeiro em 2012 e sempre elas batalharam para alcançarem mais visibilidade. Para alcançar esse objetivo lançaram o demo In My Guts em 2014 e o ao vivo Live At Toca em 2015, sendo que em 2016 conseguiram através de uma campanha de crowdfunding - através da plataforma Pledge Music - o dinheiro necessário para a gravação de seu debut, cujo título é Sanguínea e saiu pela Shinigami Records.

    Assim, as guerreiras Maria Cals ( ex-Vociferatus, Melyra e Impacto Profano ) na guitarra, Alice D'Moura nos vocais e baixo e Ale de la Veiga na bateria, gravaram no Estúdio Casa do Mato entre junho e agosto de 2016 as dez músicas do cd com produção e engenharia de Rafael Sentoma e Felipe Eregion ( Unearthly ) com Gus Monsanto ( Revolution Renaissance, Burn City e Adagio ), este último cuidando dos vocais e guitarra. Os processos de mixagem e masterização do cd foram realizados por Arkadiusz "Malta" Malczewski ( Behemoth, Hate, Decapited e Vesania ) no Sound Division Studio em Varsóvia na Polônia enquanto que sua capa, que mostra três garotas quase inocentes em um emanharado de cobras, tigres e dragões é de Jas Helena.

    Apesar dessa aparente inocência expressa na capa de Sanguínea, as meninas do Indiscipline apresentaram canções direcionadas ao Heavy Metal, Punk e Grunge em temas sobre a vida, morte, insanidade, alcoolismo, abuso e relacionamentos humanos, que a partir de agora eu entro em detalhes, ou seja, elas estão ligadas no que acontece no mundo.

    E com a energia inerente a um Power Trio contida em Fear In Your Eyes abre Sanguínea com seu Rock'n'Roll escaldante e robusto destacando-se os solos de guitarra feitos por Maria Cals e os vocais poderosos de Alice D'Moura com uma eletricidade que flerta com o Punk até se formos analisar a fundo, como é possível confirmar na velocidade aplicada pelas meninas. Mantendo a pegada forte percebida na anterior Take It Or Leave It é um pouco mais lenta em seu ritmo, porém, mesmo assim a baterista Ale de la Veiga martelou seu kit com mais raiva e a canção chama a atenção do ouvinte também nos trechos viajantes com pitadas de Grunge, especificamente nos solos de guitarra combinados aos toques no baixo, que aumentam o peso da música e de certa forma a sua crueza executada com muita garra por elas.

    Para Nasty Roar temos uma faixa mais cadenciada, que prossegue incandescente conforme as duas anteriores, onde a variação instrumental que é aplicada despertará a sua atenção assim como os vocais cativantes de Alice D'MouraBurning Bridges é consideravelmente fortificada graças à um ritmo mais sombrio dotado de longos solos de guitarra e sua letra é inspirada na personagem intempestiva e esquentada Arya Stark do livro Crônicas de Gelo e Fogo de George R. R. Martin. A forma que o Indiscipline conduz a música te inspira a banguear e apreciar mais esta quarta faixa do cd.

    Em Degrees Of Shade, as meninas do Indiscipline exibem uma canção mais tranquila comparando-se com as outras, onde os solos de guitarra se mostram discretos quando Alice D'Moura canta seus versos, esses possuidores de muita melodia e notamos como ela sabe explorar muito bem sua voz, tanto que consegue fazer o seu refrão ecoar em nossa memória logo já em sua primeira audição até porque nota-se aqui as influências do Alice In Chains e do Grunge.

    Os primeiros segundos de Losing My Mind já passam a sensação e nos garantem que teremos uma música encorpada e um tanto sombria em que Maria Cals sola sua guitarra longamente em um andamento voltado para o Grunge em que evidencio também a baterista Ale de la Veiga, que sabe o que fazer com suas baquetas, ou seja, nos empolgar e não posso deixar de enaltecer também o seu refrão cantado com muito feeling por Alice D'Moura.

    Depois em Born Dead notamos uma certa serenidade, mas, seu formato mais calmo é embasado por eletrificados solos de guitarra que culminam em um ótimo refrão, que não será difícil de sair cantarolando ele após ouvi-lo algumas vezes. A envolvente Higher marca a oitava composição de Sanguínea, e aqui elas disparam uma faixa cadenciada e de boas vocalizações, além de muita consistência instrumental flertando com o Stoner. Após uma evolução de baixo, guitarra e bateria onde sente-se a garra das garotas, Miss Daniel te conquista com facilidade graças ao ritmo proposto por elas, um Blues Rock pesado dos bons. Finalizando Sanguínea, elas atacam com Poison, que é um Rock'n'Roll acelerado, pesado e vibrante nos moldes do Motörhead que é vocalizado com muita adrenalina por Alice D'Moura fazendo sua letra ser cravada na cabeça.

    Estreia cheia de voltagem do Power Trio feminino Indiscipline com este álbum Sanguínea, que pela vontade e determinação demonstrada em cada uma de suas dez canções me levam a acreditar que a cada audição teremos a tendência a gostar mais deste trabalho, ainda mais se você caro leitor(a) for um apreciador de bandas como AC/DC, Crucified Barbara, Girlschool, Chrome Division, Johnny Cash, Alice In Chais e Motörhead, as principais influências das garotas. Que venham mais, pois, excetuando-se nomes como a Nervosa e a Panndora, não temos muitas bandas somente de mulheres no Brasil, então sigam em frente desbravadoras.
Nota: 8,5.
 

Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2020

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