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Além de participar da banda latino-americana de Tim "Ripper" Owens em suas passagens pelo Brasil, Kiko Shred já realizou uma turnê solo pelo México em 2017 e no ano seguinte retornou para vários Workshops de guitarra no país, que resultaram em um almoço a convite do Gabinete da Presidência do país onde recebeu uma medalha de agradecimento por suas apresentações. Dá até uma ponta de inveja, pois, quando um brasileiro que toca Rock e Heavy Metal receberá algo semelhante entregue por um presidente brasileiro em seu gabinete? Bem... deixa para lá... melhor prosseguir a resenha.
Royal Art foi gravado e mixado por Andria Busic ( Dr. Sin ) no Busic Studio em São Paulo/SP e masterizado por Márcio Edit. Para sua capa temos um desenho da caverna de um mago com suas poções e feitiços em que ele esculpe uma guitarra na pedra, uma excelente arte de Tristan Greatrex e Alcides Burn, sendo que este último cuidou do ótimo encarte que nos expõe à outros belos desenhos.
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Após uma introdução empolgante em sua linhagem instrumental com uma pegada Hard'n'Heavy, o convidado Mike Vescera ( ex-Dr. Sin, Loudness, Yngwie Malmsteen ) canta os versos de Straight Ahead com sua forma vibrante de sempre e inclui aromas marcantes na música, que exibe também longos solos nas seis cordas de Kiko Shred em um crescente que fica cada vez melhor. Com um estilo neoclássico para fã de nomes como Yngwie Malmsteen não colocarem defeito, a faixa título Royal Art é instrumental e por alguns momentos, mostra sonoridades mais pesadas com outras mais melodiosas, enquanto que Kiko Shred sola reluzentemente em um grande convite para ouvir tudo de olhos fechados ao apreciar suas interações com o baixo e especialmente, a bateria, que está cheia de repiques nos pratos feitos por Lucas Tagliari.
A encorpada e rápida Over The Edge é a sexta do cd evidenciando o lado Power Metal de Kiko Shred em uma faixa cativante, que somente Mario Pastore poderia cantá-la depositando todo o seu forte carisma de forma tão pessoal e consideravelmente envolvente. Detalhe, apesar de repletos de técnica, os solos são puramente voltados ao Heavy Metal e mais importante, não são enjoativos. A emocionante Tébas é uma composição instrumental que basta apenas uma audição para se tornar fã dela, pois, sente-se com prazer a sua evolução, que atravessa suas camadas eruditas em um momento para uma saborosa reflexão musical. Não pense que os holofotes desta sétima faixa estão direcionados somente para os caprichosos solos de Kiko Shred, porque a base feita no baixo por Will Costa e na bateria por Lucas Tagliari também merecem um destaque de tão belas que são.
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Nesta mescla totalmente meio a meio de canções instrumentais com outras com vocais, sendo que todas muito bem harmonizadas, o que enaltece não só o trabalho dos músicos, bem como a produção e mixagem, Kiko Shred nos entrega com Royal Art um disco que vai além do que costumeiramente costumamos encontrar em álbuns de guitarristas e o artista soube como fazer isso aliando-se à ótimos parceiros, como enfatizei nesta resenha ( casos de Will Costa e Lucas Tagliari ) e a um dos maiores vocalistas do país ( Mário Pastore ), que concedeu um diferencial importante com sua versátil voz.
Em suma temos em Royal Art um ótimo disco para agradar facilmente 'gregos e troianos', ou seja, aqueles mais puristas que adoram músicas instrumentais cheias de técnica e também aqueles que adoram um Heavy Metal feito por uma banda e que contenham letras em que possam memorizadas e cantadas.
Nota: 9,5.Por Fernando R. R. Júnior
Setembro/2019
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