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Influenciados principalmente por Testament, Anthrax, Metallica e Lamb Of God, o Legacy Of Kain teve seu nome extraído da história do primeiro assassinato da história, a morte de Abel pelo seu irmão Caim, que foi tomado por sentimentos como inveja, ganância e ciúme, os quais ainda são motivos de muitas mortes no mundo e desta forma evidenciam um dos maiores inimigos da seres humanos, ou seja, eles mesmos. Então na visão da banda, o Legado de Caim é a intolerância, a hipocrisia, a arrogância que nos levam à guerras e ao caos completo.
A história por trás de Paralelo XI foi apresentada à banda pelo ex-baixista Felipe Mata e é sobre um dos maiores massacres que aconteceram no Brasil, este conhecido como Massacre do Paralelo 11, que aconteceu em 1963 quando homens contratados por uma empresa exploradora de borracha das árvores da Floresta Amazônica atacou trinta pessoas, que eram membros da tribo indígena Citas-Larga, sendo que a maioria foi morta com requintes de crueldade e a aldeia deles foi totalmente destruída resultando em uma denúncia do Brasil internacionalmente por crime de genocídio. Bom que bandas como o Torture Squad ( com o demolidor cd Esquadrão de Tortura - leia resenha - em que abordaram sobre as pessoas desaparecidas nos porões da ditadura ) e o Distraught ( com o excelente Locked Forever - confira resenha - onde contam sobre os esquecidos, torturados e mortos no manicômio Colônia em Barbacena/MG ) e agora com este Paralelo XI com o Legacy Of Kain não tiveram medo e trouxeram à tona temas que - tenho certeza - muitos no país preferem que não sejam mencionados por ninguém.
A curta Nightmare com seu som de canto de pássaros, passos e vozes de crianças fazem a introdução do disco e se ligam aos dedilhados contidos no princípio de This Pain Is For Me and You, que pouco depois explodem suas linhas agressivas em um Thrash/Death voraz e rápido, que é vocalizado aos urros por Markos Franzmann e o mais interessante é a virada cadenciada que o Legacy Of Kain aplica na música, pois, não espera-se que ela ocorra. Na terceira, que é a Worse Days Will Come, os curitibanos atacam com uma canção veloz, furiosa e com urros cruéis, assim como as pancadas tocadas pelo baterista Tiago Rodrigues em seu kit, que somadas ao ritmo imposto é certeza de cativar os fãs de sons extremos.
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Sempre avassaladores, os curitibanos continuam disparando sua cólera sem tempo para respirar, e isso é percebido em Silent Ground, que varia de trechos velozes para cadenciados em uma execução consideravelmente tocada com habilidade pela banda e para coroar esta linha extrema, temos vocais devidamente opressores. A décima primeira de Paralelo XI é a The Promisses You Made e notamos o uso de 'triggers' na bateria de Tiago Rodrigues, que conferem ainda mais ira ao som do Legacy Of Kain, pois, o que acontece depois é uma sessão violenta de urros por todos os lados, que na sua maior parte fazem a música ser rápida e dilacerante.
Os breves momentos melódicos presentes em This Means War trazem uma agressiva composição cadenciada, que é ótima para sacudir o pescoço em sua audição até chegar a hora dos solos de guitarras, pois, aí seu ritmo é elevado e ela fica totalmente esmagadora. Para terminar esta verdadeira paulada 'sangue no zoio' que é este Paralelo XI, o Legacy Of Kain envia a faixa Disease, que apresenta inicialmente sirenes e riffs velozes, além de seguir por trechos cadenciados que destacam os toques de baixo, que também foi tocado pelo guitarrista Karim Serri, já os vocais, como não poderiam deixar de ser... são urrados e furiosos o tempo todo até serem encerrados ao som do pulso perdido entre sirenes.
Este segundo disco do Legacy Of Kain coloca de vez a banda no cenário do Death/Thrash Metal Brasileiro com a marca de quem sabe fazer um álbum simplesmente impiedoso, que não tem medo nenhum de abordar temas polêmicos em suas letras, mandam o 'politicamente correto' tomar no meio do ... e cuja selvageria de cada uma das suas treze canções distribuídas em seus brutais 45 minutos são consideravelmente do gosto dos fãs e não devem nada para a galera lá de fora.
Nota: 9,0.Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2020
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