Lu Vitti
 9 Faixas - Independente - 2016

    A bela e simpática cantora Lu Vitti nasceu em Ribeirão Preto/SP em uma família de músicos, sendo o seu avô, o cantor Dércio Ferezin sua maior influência, que também somam-se os cantores Orlando Silva, Lupicínio Rodrigues e Dolores Duran. Em 2001, ela veio para São Paulo/SP, foi garçonete na região da Treze de Maio até ser descoberta por Marcos Loureiro e participar da banda Saco de Ratos.

    Além disso, ela trabalhou também como atriz para importantes diretores e companhias, além de cantar em bares e casas noturnas da capital alternando em seu repertório clássicos do Rock, Jazz, Soul, Blues e da nossa MPB, se tornando mais conhecida. E assim, Lu Vitti realizou shows com nomes da música instrumental, tais como Bocato, Rubem Farias, Filó Machado, Marco da Costa e José Neto, inclusive também já se apresentou na Europa ao lado de Rubem Farias.   

    Nesta sua primeira incursão em cd, Lu Vitti contou com Marco da Costa na bateria, José Neto na guitarra, Rubem Farias no baixo e Fernando Hashimoto no vibrafone para que juntos pudessem registrar as suas nove músicas, que foram gravadas nos Estúdios Galeão e Yglu com direção musical de Rubem Farias entre 2015 e 2016. A mixagem e a  masterização são de Othon Ribeiro e foram realizadas no Estúdio O2R - Arquitetura de Áudio e Vídeo. Este primeiro álbum de Lu Vitti transita com facilidade por vários estilos musicais e todos com a voz marcante da cantora. Na capa que embala o cd em formato 'digipack' temos um retrato da cantora feito pela Naked Fotografia que ficou muito pessoal e acompanha também um informativo encarte com fotos da cantora, da banda e as letras das músicas, que tratam de temas sobre o amor.

    Perdeu Playboy, a  primeira faixa do cd começa com batidas eletrônicas e um contagiante suingue na linha do Soul e também um encorpado ritmo instrumental, que destaca a poderosa voz de Lu Vitti em uma letra que parece um 'tapa na cara' para quem a deixou para trás e isso, em um ritmo onde repara-se nos solos de guitarra do convidado John Rafael em meio ao caloroso ambiente enviado pelos teclados do também convidado Ary Holland e pelo sax de Clayton Souza. Demonstrando muita suavidade nos vocais e uma certa introspecção, Lu Vitti continua com Vingança, que é uma faixa que vai crescendo em seu decorrer e potencializa sua voz em uma letra que mostra seu desejo de levantar de uma forma revigorante e percebe-se que ela consegue embalada por momentos mais pesados e uma melodia suave em um vigoroso trabalho dos músicos que a acompanham.

    Para Let´s Play That, a cantora mergulha em uma linha calma voltada para o Jazz/Soul, onde exibe muito 'feeling' ao cantar seus versos, que contam com uma base instrumental de muita técnica e também com mais um convidado: Chrys Galante, que faz a diferença na percussão, e isso, sem mencionar o exuberante solo de guitarra feito por José Neto. O interessante é como ela libera sua voz e se entrega à música deixando ela fluir por todo o seu ser.

    Com a bateria de Marco da Costa e a percussão de Chrys Galante em evidência, Lu Vitti apresenta Um Brasil Deste Tamanho, canção que tece sutis críticas em sua letra em um flerte claro com o Rock de toques encorpados no baixo feitos por Rubem Farias e chamo sua atenção para as notas altas que ela extraí de sua voz mais próximo ao final desta música.

    Mais romântica e até um pouco apimentada ao interpretar uma letra do mestre da Música Popular Brasileira Chico Buarque, O Meu Amor traz Lu Vitti cantando de forma bastante animada e exalando muita sensualidade em uma linhagem serena e próxima a um Soul, onde saliento também os toques do baixista Rubem Farias. Aos dedilhados tranquilos feitos por José Neto em sua guitarra, a intimista Mulher mostra Lu Vitti cantando seus versos de um formato mais distante, porém, a canção ganha mais energia em seu ritmo e a cantora solta sua voz até que o estilo mais recatado retorne e vá, pouco a pouco, novamente se tornando mais fortificado. 

    Na versão de Blues do Ano 2000 do Cazuza, Lu Vitti exibe outra face de seu rico espectro musical e ela  deposita todo o seu carisma para cantar uma música que ficou excelente em sua interpretação, que como não poderia deixar de faltar em canções assim... temos o esperado ótimo solo de José Neto em sua guitarra e esbeltos repiques na bateria tocada por Marco da Costa.

    Em seguida, ela nos mostra sua interpretação de Bill Withers, onde mergulha fundo no Soul com sua versão para Ain´t No Sunshine encantando pela leveza de sua melodia e pela garra de sua voz, que conta com solos de guitarra mais longos e viajantes, que esclarecem a enorme competência dos músicos que acompanham Lu Vitti ao deixarem seus instrumentos flutuarem livremente. Entretanto, isso dura até que ela chama os holofotes para si ao liberar sua alma, digo sua voz, nos versos finais, que recebem uma nova sessão de improvisos.

    No encerramento do cd temos a surpreendente e inesperada Luciane, que tem seus versos escritos e cantados pelo seu avô Dércio Ferezin ( um cantor da época de outro do rádio ) em um tributo da cantora ao chamado Cancioneiro Popular Brasileiro, cuja composição foi criada para ela.

    Certamente que se formos procurar a fundo poderemos até encontrar outras cantoras tão competentes e que sejam possuidoras de vocais tão impactantes quanto a de Lu Vitti, que me leva a afirmar sobre este seu primeiro disco: estamos diante de uma pequena joia brasileira, que caminha com habilidade e tranquilidade por Soul, Jazz, Blues, Rock e até MPB de uma forma sempre muito agradável em suas canções. Então caro leitor(a) fiquem atentos à nossa Lu Vitti.
Nota: 9,5.

Sites: http://www.luvitti.com/ e https://www.facebook.com/lu.vitaliano?fref=ts.

Por Fernando R. R. Júnior
Maio/2017

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