Machinaria - Sacred Revolutions - Profane Revelations
9 Faixas - MS Metal Records - 2015

    O Machinaria é mais um representante do Thrash Metal do sul do país com origem em Bagé no Rio Grande do Sul no ano de 2011, que mistura em som mais extremo o Heavy Metal Tradicional e um tanto de Progressivo. O primeiro single lançado em 2013 recebeu o título de Burning My Soul e atingiu uma positiva repercussão no cenário gaúcho, nas TV´s e nos jornais.

    Embalados pelas primeiras conquistas, eles disponibilizaram o seu segundo single, com o título de Sacred Revolutions/Profane Revelations, com a temática sobre a crueldade e as torturas feitas em nome da religião durante o período da Inquisição na Idade Média. Este single inspirou a banda então formada por Luciano Ferraz nos vocais, Alan Quintana e Matheus Leal nas guitarras, Bruno "Porta" Dachi na bateria e Luiz Mario Moraes no baixo a gravar o seu primeiro álbum, que seria conceitual, com este nome e neste tema.

    E como costuma acontecer com frequência no Brasil, a produção foi da própria banda enquanto que a mixagem e a masterização foram realizadas  pelo baterista Bruno "Porta" Dachi no House Metal Studio em Bagé/RS. O álbum Sacred Revolutions/Profane Revelations teve sua capa desenhada por Luciano Ferraz e mostra uma floresta mais sombria em tons de amarelo e uma cruz, simbolizando a Inquisição explorada neste cd. Com Sacred Revolutions/Profane Revelations nas mãos, o quinteto se apresenta nos festivais Grito do Rock em Bagé, Persona Music e o Otacílio Rock Festival ao lado de excelentes nomes do Underground e outros mais conhecidos.

    Com cânticos religiosos em seus primeiros instantes, Iconoclast abre o cd trazendo um sombrio andamento que passa de linhas arrastadas para cadenciadas com vocais agressivos, que exprimem muita raiva e vão culminar em exuberantes solos de guitarras gerando uma grande vontade de banguear. Mais veloz e com solos de guitarras distorcidos, Scapegoat pende mais para um Thrash Metal, onde somos intimados a berrar seus versos com Luciano Ferraz novamente. E vale dizer que Alan Quintana e Matheus Leal realizam insanas e saborosas evoluções em suas guitarras, especialmente quando as solam até que o Machinaria volte ao ritmo arrasa quarteirão ouvido no começo. Em Act Of Justice, o quinteto gaúcho segue bastante rápido decidido a esmagar a todos com o andamento que propõe na música, aliás, vale dizer que está vigorosa na sua parte instrumental, salvo apenas por alguns trechos um pouco mais calmos e menos agressivos destacando o baixista Luiz Mario Moraes, que te fazem curtir ainda mais esta canção que fica na cabeça.

    Na sequencia de Sacred Revolutions/Profane Revelations temos Holy Office, que assim como nas anteriores, Bruno "Porta" Dachi realiza uma envolvente base em sua bateria para alicerçar o estilo cadenciado escolhido nesta quarta faixa. Entretanto, em seu decorrer o Machinaria aplicou algumas modificações cativantes, com direito a um surpreendente e considerável solo de baixo, bateria e guitarras todos em perfeita sincronia com os vocais, que salvo o estilo agressivo dos vocais de Luciano Ferraz lembra um pouco o Megadeth.

    Na seguinte, ouvimos primeiro linhas mais sombrias que são encobertas por uma manta mais Thrash para logo depois Pictures Of The Dark exiba vocalizações um pouco mais calmas e se torne uma das melhores do cd com longos solos de guitarras feitos pela dupla Alan Quintana e Matheus Leal. Porém, algo que concede o diferencial na música são as modificações habilidosas em sua parte instrumental. Na faixa título, a Sacred Revolutions/Profane Revelations, os gaúchos começam com ótimos riffs de guitarras em um andamento mais lento e melodioso, que apresentam vocais limpos até que uma virada nos coloque diante de seus momentos mais enraivecidos, perfazendo um contraste de muita qualidade, que é deveras interessante e nos fazem reconsiderar aquele posto de melhor faixa do cd.

    Como sempre a eficaz atuação dos guitarristas e do baterista do Machinaria merecem um destaque, pois, pavimentam o caminho para que o versátil vocalista Luciano Ferraz possa cantar ora mais rápido e agressivo, ora mais lento e urrado os versos de New Eyes, Old Lies, que nos exibe solos de guitarras cheios de melodia e linhas de baixo intensas, e todas suas variações sejam melodiosas ou rápidas mais Thrash, enfim, esta sétima canção se trata de outro tiro certo do quinteto. A vibração repleta de eletricidade prossegue em Shallow Grave, que é frenética, contagiante e dotada de pontos para se gritar com o vocalista socando o ar. Como bônus temos Burning My Soul, que saiu no primeiro single do Machinaria destacando os trechos de uma entrevista de Charles Manson como introdução transitando para uma roupagem cadenciada, violenta e com vocais coléricos como vistos no Sepultura, aliados a longos riffs de guitarras cheios de melodia, que fatalmente vão agradar na primeira audição.

    O Machinaria nos mostrou com este Sacred Revolutions/Profane Revelations, que absorveu estilos como o Heavy Metal, o Thrash Metal e o Death Metal fundido-os com uma precisão cirúrgica através de nove impactantes composições, que não ficam no lugar comum, ou seja, não são urradas ou agressivas o tempo todo, não são pancadas sem sentido, enfim, é uma usina de solos variados e instigantes em letras que criticam a Inquisição em um álbum que recomendo ouvir muitas vezes e perceber a cada vez, um novo detalhe.
Nota: 9,0.

Site: http://www.machinaria.com.br, https://www.facebook.com/machinariabrasil/?fref=ts
e http://www.soundcloud.com/machinariaofficial.

Por Fernando R. R. Júnior
Setembro/2016

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