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A abertura do cd é com Princípio Vital que possui alguns curtos efeitos que ressaltam os vocais de Erich que narram em português os primeiros versos em meio a riffs distorcidos e ares relativamente viajantes, com uma atuação competente do baterista Vidaut. Cabeza de Vaca é aberta com muita percussão que ganha uma dose de peso até lembrar um thrash metal. Entretanto, a ordem do Maldita é ter um som cheio de experimentalismos e nesta mistura sonora, encontramos vocais agressivos com instrumentos de sopro, o que é bastante incomum.
Aplicando mais incursões experimentais, o leve som que fica ao fundo de Nero cria o ambiente para que Erich cante introspectivamente Fetichismo, que tem seus momentos mais agressivos mas com uma levada bem alternativa. Sinfonia ( Para Um Gólgota ) possui um riff de guitarra que serve de linha condutora para os gemidos e vocalizações estranhos de Erich, que criam um clima viajante, mas deveras esquisito, sem esquecer de seus momentos mais pesados. Cunilíngua é mais pesada, com a guitarra de Lereu aparecendo bem mais, só que os cariocas colocam muitos elementos diferentes em sua música e o resultado sai na faixa seguinte: Mania - e ficam muito bem seja pela distorção da guitarra ou pelo peso cadenciado do baixo e da bateria.
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S.N.C. mostra solos de guitarras até que a percussão e o baixo elevem-se junto a voz de Erich, que novamente narra mais ao invés de cantar, mas narra daquele jeito estranho que lhe é peculiar. A seguinte é Apocalipse Indígena e o Maldita concebeu um som influenciado por muitos batuques de índios que dão espaço para as distorções das seis cordas da guitarra de Lereu e acabam abrindo alas para Erich cantar e criticar, sem dó e piedade, o que aconteceu com os nossos nativos quando os conquistadores europeus chegaram e olhe só, encerram o som em um samba ( mais carioca impossível ).
Estigma exibe seus efeitos até o riff pesado de guitarra entrar em cena e a linha industrial do Maldita é dividida com trechos bem agressivos. Garoto Nero começa mais suavizada, mas as incursões eletrônicas misturadas com as linhas experimentais fazem esta décima quarta faixa do cd um momento bem raivoso. Para a última música, Translúcido, o Maldita seguiu por um caminho mais alternativo com uma ótima atuação do guitarrista e do vocalista, aliás, este último despeja sua fúria em alguns versos. Curiosidade: nos três minutos finais do cd o piano aplica um andamento mais progressivo ao cd.
Os experimentalismos e o excesso de instropecção fazem de Nero um álbum mais difícil de ser assimilado, como disse no começo do texto, mas também o que poderíamos esperar de um álbum que é inspirado no louco imperador romano?
Nota: 7,0.Site: http://www.bandamaldita.com.br e http://www.myspace.com/bandamaldita
Por Fernando R. R. Júnior
Setembro/2010