Metralion - Requiem For a Society
12 faixas - Dies Irae - 2021
   

    Depois de três décadas ausentes do cenário, a clássica banda de Thrash Metal da cidade do Rio de Janeiro/RJ conhecida como Metralion teve os primeiros registros, o álbum Quo Vadis ( 1988 ) e o EP A Mosh In Brazil ( 1989 ) relançados pelo selo chinês Awakening Records em novembro de 2019.

    Isso motivou a banda retomar suas atividades que resultou no lançamento dos singles Pigs of Law+Penury e Rivals+Tyrants, um prelúdio para este segundo disco de estúdio, que recebeu o nome de Requiem For a Society, traz um total doze composições e foi disponibilizado em 2021 pela gravadora carioca Dies Irae.

    Atualmente formado por Rica nos vocais, Fernão Carvalho na guitarra rítmica e baixo e Roberto Loureiro na bateria, o álbum Requiem For a Society foi gravado, mixado e masterizado por Victor Barbosa ( que trabalha com o Nervochaos, é baterista do Agoniza e ex-Expose Your Hate, Sanctifier e Lord Blasphemate ) no Estúdio Flames no Rio de janeiro entre março e julho de 2021.

    Na capa do cd temos os quatro cavaleiros do Apocalipse surgindo acima de uma grande cidade, que foi desenhada por Alcides Burn da Burn Artworks e o álbum está disponibilizado pela Dies Irae conta além do encarte de muitas páginas também com um pôster destacando a capa do cd e também um adesivo, além de estar embalado em slipcase valorizando o álbum para os colecionadores de materiais físicos.

    Sobre este retorno da banda, dos singles e do álbum Requiem For a Society, o baterista Roberto Loureiro comentou: "Os singles que lançamos antes foram uma prévia do álbum, que traz quase tudo que fizemos no passado e três músicas inéditas - 'Hell is Real', 'Katabasis' e 'Requiem For a Society', a faixa-título. Trata-se de uma ponte entre nosso passado e o que pretendemos para o futuro. Ficamos mais de trinta anos sem dar notícia e nossos vídeos deram uma boa repercussão, inclusive no exterior".

    Na abertura temos War Heroes com solos que lembram uma metralhadora sendo disparada, que instantes depois trazem o Thrash Metal cru e acelerado do Metralion em uma letra questionando o envio de soldados para a guerra e as alterações de andamento dão um grau maior a música te conquistando imediatamente. Depois eles seguem firmes com a Rivals+Tyrants, que após o seu início mais intenso, a canção se torna cadenciada enquanto Rica canta seus versos e posteriormente, o Metralion dispara a potência de seu Thrash Metal Old School aumentando o ritmo ( com destaque para os solos inflamados de guitarras ) e nos convocando para as rodas de empolgação  e isso, enquanto eles expressam uma letra em que sua temática também é contraria as guerras.

    De princípio elaborado e envolvente em suas linhas instrumentais, que crescem de forma cadenciada, Life In Flames já é a terceira do disco e seu estilo orientado na chama trazida pelo solos de guitarra do convidado Alex Cavalcanti e pela forma raivosa que Rica canta seus versos. Para a sombria Empires, o Metralion envia sua faixa mais matadora até aqui, onde eles alternam suas partes velozes com as cadenciados com a devida crueza e a robustez que é exigida para deixarem a música uma verdadeira pedrada Thrash Metal e vigorosa como desejamos e adoramos.

    Na seguinte, que é a Hell Is Real, o trio não permite que o ouvinte respire e deixa seu pulsante rolo compressor sonoro se manter atuante e agressivo em cada um de seus minutos. Depois em Cold Rules, o Metralion nos mostra uma composição cadenciada e consideravelmente encorpada, cujo trecho final recebe a adição de doses cavalares de velocidade fervendo de vez o seu Thrash Metal, que inteligentemente sofre modificações lhe trazendo a pegada inicial, onde também destaco a presença de Marcos Dantas do Azul Limão no solos de guitarra e também a sua letra, que exibiu situação de muitas crianças do país.

    Unidas na mesma faixa temos Pigs Of Law e Penury, que chega com toda violência sonora que o Metralion apresenta em suas músicas, sendo que aqui eles fazem uma crítica aos políticos e policiais através de um ritmo que é rápido como um raio e acerta em cheio os nossos ouvidos progredindo assim para uma verdadeira avalanche Thrash Metal, e aí, já estamos em Penury, que te fará entender porque estas duas composições são ligadas umbilicalmente. E se você achou muito pesada a dupla anterior, se prepare então para a bordoada No Way Out em que o Metralion deixa que o seu Thrash Metal mais insano desabar fortemente em sua cabeça exalando uma pegada oitentista totalmente rude, mas repleta de energia.

    E o caos o que os cariocas fizeram neste álbum continua na nona de Requiem For a Society com a impura Katabasis, que teoricamente é arrastada, porém, o trio permite o seu crescimento colérico e nos surpreende nos toques de violão em meio ao seu peso aterrorizante. Disorder, que conta com o convidado Sérgio Facci do Vodu nos teclados até começa com um andamento mais veloz, entretanto, o Metralion aplica uma atmosfera obscura e que leva a música para um formato lento até que posteriormente eles explorando a intensidade enorme de seu Thrash Metal, que é devidamente vitaminado pelos eletrificados riffs de guitarras propondo uma nova abertura de roda de empolgação.

    Na penúltima, que é a Time Of Crisis, o Metralion deixa os solos de guitarra tomarem conta da atenção e levam sua rifflerama pouco após os primeiros versos resultando assim em uma insanidade Thrash altamente cativante, que teve a injeção de Paulão Vianna do Sodoma nos solos de guitarra junto a Fernão Carvalho, onde o pensamento foi apenas um: agitar Incontrolavelmente com a banda.

    Finalizando o disco temos sua faixa título, Requiem For a Society que começa mais vagarosa e raivosa com muito uso dos pratos do baterista Roberto Loureiro, que através das evoluções que faz em seu kit literalmente dinamitando nossos ouvidos enquanto que Rica canta seus versos com muita cólera até que a música em tese pare e enfatize a participação de Sophie Fraser e John Fraser do Hand Of Kalliach nas partes faladas encerrando o disco de forma totalmente assustadora e inesperada ( esquecendo-se da estranha melodia final 'a la' trilha de filme ).

    Aos fãs do mais impiedoso Thrash Metal Old School com aquele padrão visceral, carregado, ríspido e voraz como é visto em álbuns de nomes como Kreator, Sodom e Destruction ( sim... notei muitas similaridades com a pegada alemã de fazer Thrash Metal no som do Metralion ) saibam que vocês terão com este Requiem For a Society um marcante álbum onde todas essas características são evidenciadas e executadas com precisão pelo trio. Então... não deixe de conhecer a banda o quanto antes caros leitores(as) do Rock On Stage.
Nota: 8,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Março/2022

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