MindFlow - Destruction Device
 11 faixas -
Unlock Your Mind Productions - 2008

    Quando o Rock Progressivo cruzou com o Heavy Metal e ocorreu o nascimento do Prog Metal, muitas bandas adotaram este como o caminho a seguir, como é o caso dos paulistas do MindFlow que encontraram neste filho a forma de mostrar sua arte. A formação com Danilo Herbert nos vocais, Rodrigo Hidalgo na guitarra e vocais, Rafael Pensado na bateria, Ricardo Winandy no baixo e Miguel Spada nos teclados, mantém-se estável desde o primeiro lançamento o conceitual Just the Two of Us...Me and Them!  ( de 2004, leia resenha ) e seu sucessor Mind Over Body ( de 2006, mais detalhes leia aqui, que além do excelente trabalho sonoro, eles também fizeram um encarte insuperável ), e em 2008 é disponibilizado o terceiro trabalho Destruction Device, que coloca o homem como um dispositivo de sua própria destruição.

    Com este novo lançamento, produzido e mixado por Ben Grosse no The Mix Room  em Los Angeles/CA ( aliás, ele é responsável por trabalhos de Megadeth, Marilyn Manson, Slipknot, Disturbed ), o MindFlow não apenas se supera como colocou uma pimenta no seu trabalho, pois o álbum está bem mais Heavy Metal, mais agressivo, chegando próximo em algo que se gostasse de rótulos diria que temos um Prog-Agressive-Metal. Antes de começar a falar do som, tenho que exaltar a qualidade do luxuoso digipack com cinta de plástico vermelho, pôster e encartes nos quais o cd está embalado. E detalhe, tudo em uma história sobre assassinatos e colocando os membros da banda como principais suspeitos de serem o J.A.C.K. ( o serial killer que aterroriza na história do cd ).

    A violência progressiva de altíssimo nível já é sentida com a sequencia no baixo bem sinistra com a e o peso vai tomando conta desta primeira faixa Destruction Device que apresenta uma linha melódica feroz na voz de Danilo Herbert e com muito peso na guitarra e o que ouvimos é um som denso encorpado para pegar o ouvinte de surpresa e derrubar ele. Mantendo o peso e a pressão na guitarra de Rodrigo Hidalgo temos Lethal com suas linhas mais intensas e melodiosas, e chamo sua atenção para a força no baixo de Ricardo Winady e também para os vocais agressivos de Danilo Herbert que trazem uma agressividade incomum ao MindFlow. Breaktrough começa mais lenta e Danilo canta enchendo sua voz de melodia e a canção vai ganhando peso ao decorrer de seu andamento e com certeza funciona perfeitamente ao vivo. A quarta é Under An Alias evidenciando a guitarra e o baixo que estão extremamente pesados e desta vez os paulistas estão realizando um Heavy 'progreagressivo' -  por assim dizer - com direito até a alguns guturais no refrão, pois a alternação de trechos melodiosos com agressivos dão o diferencial desta música. Os solos de baixo, guitarra e bateria juntos capacitam Under An Alias um grande momento deste Destruction Device.

    Em seguida temos Inevitable Nightfall com um clima bem soturno de filme de suspense e quando a banda adiciona o peso você vai entender porque o MindFlow é uma banda de metal. Afiação a toda prova, mescla de trechos pesados com mais leves e  viajantes -  como por exemplo o que Miguel Spada coloca com seus teclados no meio de Inevitable Nightfall - dão as características de uma viagem pesada, no estilo que o Dream Theater costuma fazer.

   

     Said and Done é talvez a melhor música do cd, veja porque:  já entra com a guitarra sendo tocada de um forma agressiva que convida o ouvinte a mergulhar sua mente mais detalhadamente no som do MindFlow, tem um refrão que crava na memória rapidamente e ainda com direito a muita vibração passada pelo vocalista Danilo Herbert em ótima atuação. A sétima música do cd com Fragile State Of Peace e o seu início é ritmado pelo piano de Miguel Spada como se fosse uma trilha sonora, mas com direito a riffs agressivos, um ótimo trabalho nas linhas do baixo de Ricardo Winady e novamente alterna a agressividade com uma viagem.  Outro destaque é o virtuoso trabalho do batera Rafael Pensado no final de Fragile State Of Peace. A seguinte é Not Free Enough e ganha sua importância devido à vocalização feita com muito feeling por Danilo Herbert onde tem-se que aclamar a versatilidade do vocalista. Mas este som não seria completo senão fosse pela incursão precisa do piano de Miguel Spada no trecho mais progressivo.

    Inapt World traz muitos efeitos e muita energia Heavy Metal que é quebrada pela ótimo comprometimento do MindFlow com refrão intenso.  O interessante é que apresenta uma alternação de trechos progressivos com agressivos, uma dualidade ótima. First Things First é a primeira das duas faixas gravadas no sistema binaural - recomendada para ouvir no seu fone de ouvido - e assim que você possa mergulhar e sentir-se como um personagem da trama proposta neste disco, sentir-se como se estivesse presenciando os acontecimentos que fazem parte do jogo Follow Your Instinct 2.0 - The J.A.C.K.. Asseguro a todos que ficou bem assustador mesmo, John David Hugh Jones interpreta Jack e a vítima é interpretada por Natalia Palavinas, e isto quebra a sequencia sonora ouvida até aqui, e que eu me lembre, nenhuma banda fez isso até hoje.

   

    De uma forma bem estranha chegamos aos 11 minutos de Shocking Death Bed Confession ( com a participação do produtor Ben Grosse fazendo algumas vozes ) até que Danilo Herbert entre rasgando com tudo e mais um vez a agressividade está em foco e a banda mostra um som com um nível de complexidade notável. E parabéns à banda pelas mudanças de tempo e andamento, e uma das melhores faixas já compostas pelo MindFlow, um um grandioso trabalho de teclados e baixo, com efeitos vibrantes, difícil para comentar aqui, você tem que ouvir e tirar suas próprias conclusões.

    Encerrando o disco temos The Screwdriver Effect, outra música para escutar-se com os foninhos na experiência binaural e o que se sente ao ouvir este som é que o serial-killer conseguiu outra vítima para não somente para matar, mas também para torturá-la, e você presenciando isto.

     Uma das características mais interessantes do MindFlow é que a história do álbum não acaba ao finalizar a audição de Destruction Device, a ideia do disco é de apenas apresentar mais pistas para que o fã enverede-se pelo site da banda ( transformado em uma página do departamento de inteligência ), seja um detetive para  descobrir quem é o serial killer. Parabéns pelo lançamento e eu já fico aqui pensando: quais serão as surpresas para o próximo lançamento? Será que Jack será preso ou ele fará mais vítimas? Quando iremos saber mais detalhes?

Site Oficial: www.mindflow.com.br
Gravadora: www.unlockyourmindproductions.com

Por Fernando R. R. Júnior

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