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As gravações foram realizadas no Estúdio Daufembach com produção de Adair Daufembach em São Paulo/SP, sendo que ele também assina a mixagem e a masterização do trabalho. A arte da capa foi criada por Hugo Silva do Abacrombie Ink e é baseada na ideia dos membros Otávio Augusto, Isadora Sartor, que demonstra o ar conceitual da obra, dividida em quatro Atos e vários Anexos em suas doze faixas.
A abertura acontece com Prefacio, que traz sinos e cânticos religiosos, que ao tocar dos tambores de Lucas Gomes somos levados aos primeiros solos de guitarras e isso até que Ato I: O Início da Escuridão surja trazendo o Deathcore altamente violento do septeto de forma escancarada, que contém uma sinistra presença dos teclados. Detalhe... eles cantam em português com uma fúria descomunal, que quase não consegue-se entender suas palavras. Em Anexo I: Cárcere, o Pray For Mercy continua desferindo seus ferozes e incansáveis golpes musicais extremos a toda velocidade de baixo, bateria e guitarras entre urros sombrios e aquele clima obscuro dos teclados, que em suas partes orquestradas revela uma concepção cinematográfica à obra.
Com os teclados de Gustavo Oliveira ficando em evidência novamente, os demais "moem" nossos ouvidos em Anexo II: Intrepidus, que é garantia certeira de muitos guturais proferidos por Otávio Augusto e Bruno Tortorello em um ritmo instrumental deveras aniquilador. Para Anexo III: Invocação, os caras elevaram sua cólera a níveis insanos e cantam com imensa raiva cada um dos seus versos de forma quase inteligível, porém, mesmo me tamanha brutalidade é interessante reparar nas notas mais calmas, que realizam uma contraposição ao caos que está reinante. Continuando In Absentia temos Ato II: Aceite a Dor, onde ouvimos falas atormentadas ante a um ambiente caótico e viajante deixando claro a queda na escuridão do personagem.
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No Ato III: Descobertas das Cinzas: o pandemônio continua a reinar com muito ímpeto sendo que os dois vocalistas exprimem uma fúria, que apenas é encontrada em poucos artefatos das bandas extremas e detalhe, que foram registrados com muita habilidade por Adair Daufembach, pois, consegue-se ouvir tudo sem embolar. Com Anexo VII: Decesso temos os dedilhados opacos do baixista André Soares apresentando um andamento cadenciado dotado de vocais que estão sempre urrados e também lotadas de linhas sombrias, que conclamam a morte do personagem e, por consequência, sua ida para o inferno. Para encerrar este 'cria única' da arte extrema brasileira temos os solos dilacerantes dos guitarristas Hebberty Taurus e Isadora Sartor, que exibem a última parte da queda com a angustiante Ato IV: Martírio, onde o Pray For Mercy elevou sua brutalidade até os maiores índices observados no cd.
In Absentia é um dos mais extremos discos que ouvi neste ano de 2015 e que merece uma atenção maior em sua audição, com o encarte nas mãos para que possa se compreender melhor as mensagens de suas letras, todo o misticismo, a paranoia do personagem, enfim, uma obra que deixa claro como uma pessoa pode caminhar vertiginosamente à escuridão ou mesmo à loucura completa em situações cada vez piores. Quem aprecia um som que contenha uma mistura do Death Metal com o Black Metal Sinfônico em doze angustiantes canções terá neste trabalho do Pray For Mercy um excelente lançamento.
Nota: 9,5.Sites: http://www.prayformercy.com.br/, https://www.facebook.com/PrayForMercyDeath
e https://youtube.com/user/prayformercybr.
Por Fernando R. R. Júnior
Outubro/2015