Saída de Emergência - Nova Velha Era
14 Faixas - Saída Music - 2018

    A banda brasileira da cidade de São Paulo/SP chamada Saída de Emergência teve sua formação com o vocalista e guitarrista Dino Chaves ao lado do baixista Lelo Carvalho, que idealizaram um projeto calcado no Rock'n'Roll básico e direto com inspirações em nomes como Luiz Gonzaga, Raul Seixas, Stevie Ray Vaughan e até Jackson do Pandeiro. Isso aconteceu no ano de 2010, sendo que ainda neste mesmo ano, o primeiro cd nomeado como O Importante é o Principal foi lançado contando com Loks Rasmussen ( do Javali ) na bateria.

    Já para o segundo cd, Dino Chaves recrutou o guitarrista Leandro de Castro e com o - agora - quarteto montado e devidamente afiado, a partir de 2016, o Saída de Emergência começou os trabalhos que resultaram no álbum Nova Velha Era, que saiu em 2018 e conta com quatorze canções, que abordam temas que vivemos ( e sofremos ) hoje em dia, tais como: manipulação das informações e a falta de caráter da classe política brasileira, a corrupção, as falsas ilusões e outras injustiças sociais. As letras são todas em português e as gravações de Nova Velha Era foram realizadas no renomado Estúdio Mosh em São Paulo/SP com produção e direção artística do mentor da banda Dino Chaves. A mixagem é de Márcio Gama e Rick Ferreira sendo realizada no Estúdio Pinheiro no Rio de Janeiro/RJ e a masterização é assinada por Ricardo Garcia e ocorreu no Estúdio Magic Master também na capital fluminense.

   Desenhada por Iann Tomé, embalado em digipack de luxo e dotado de uma capa em que temos uma metáfora de um ser humano andando com uma granada no lugar da cabeça em um cenário com um misto de fogos de artifício festivo, porém todo vermelho ante a explosões e chamas produzindo uma sensação beligerante, que nos reflete a ideia de que a aparente festa está conectada a uma enorme batalha e somente um bom Rock'n'Roll nos dará forças para enfrentá-la. Em tempos de tanta polarização política, uma capa assim não poderia ser mais atual. Não é demais citar as enriquecedoras participações especiais do guitarrista Rick Ferreira ( que gravou todos os álbuns de estúdio do inesquecível Raul Seixas a partir do épico Gitá de 1974 e acompanhou o Rei do Rock Brasileiro até o fim de sua vida ), de Petch Calazans no órgão Hammond, do baixista Thiago Espírito Santo ( filho do mestre das quatro Arismar Espírito Santo ) e os backing vocals de Bruno Oliveira. Agora sim... vamos aos detalhes e emoções das músicas.  

    A abertura ocorre com Salve-se Quem Puder, que apresenta um ritmo contagiante e sem firulas, que destaca a ótima voz de Dino Chaves em uma marcante crítica a 'zona' que estamos presenciando no Brasil, enfatizando os políticos que guiam de forma errada o nosso país através da manipulação da população em uma pegada Rock Setentista harmonizada em seus ardorosos riffs de guitarras, além também do proeminente órgão Hammond e as ótimas intervenções de Loks Rasmussen na sua bateria.

     De uma linhagem envolvente com dosagens certeiras de Rock e Blues, Radar 171 critica a famigerada 'indústria da multa', que impede uma volta em um automóvel com tranquilidade, seja pela cidade ou pela estrada ( neste caso direcionando ao Rio de Janeiro/RJ, mas vale para o resto do país sim ), e isso, acontece de uma forma bastante animada, cujo refrão será memorizado, assim como sua esbelta parte instrumental, que destaca os solos de guitarras. Com um andamento mais robusto, a terceira Subestimação nos coloca diante uma pegada cativante passeando com destreza pelo Rock'n'Roll em solos Bluesados executados com competência pelo Saída de Emergência afetando o ouvinte imediatamente, pois, somos expostos a pura essência do estilo em uma letra engraçada, porém, com críticas interessantes.

    Em um ritmo em que as linhas de baixo delineiam o caminho da música na contribuição de Rick Ferreira, Roupa Suja mantém em sua letra a acidez correta e atual, atenção também na forma sarcástica que seus versos são cantados e nos toques de guitarras devidamente sincronizados com a bateria levando a um excelente resultado alcançado pelo quarteto. Inclusive sua letra faz referência a importante Operação Lava Jato, que tem tirado o sono de muita 'gente boa' do nosso país, alguns até vendo o sol 'nascer quadrado'.

    A efervescência dos consistentes 'Rocks' do Saída de Emergência continuam com Nova Era, canção de alma setentista vocalizada com habilidade por Dino Chaves, que além de seu refrão fazer você cantar com eles e conter o título do cd, é dotada também de uma fórmula Blues/Rock certeira e conta também com riffs empolgantes feitos pelo guitarrista Leandro de Castro, que te acertam em cheio. O mergulho no Blues puro acontece em Bem Acompanhado, que passa uma energia cheia de adrenalina através de uma letra positiva e animadora em que recomendo acompanhá-la com o encarte do cd nas mãos, pois, desejaremos cantar com Dinho Chaves.

    Em Filho da Terra, o Saída de Emergência exibe uma bela canção de ritmo mais lento e um padrão infectante conduzido por uma letra exaltando a beleza e a harmonia da natureza, porém, mesmo mais devagar o peso da bateria exercido por Loks Rasmussen e o caminho seguido pela banda conferem o poderoso Rock'n'Roll a la Rolling Stones do quarteto. Sempre orientados no Rock'n'Roll, a faixa seguinte, Eu Sou Brasileiro produz uma letra que exalta as boas qualidades de nosso povo te jogando para cima e alfineta aos que merecem em uma timbragem de vocais e demais instrumentos consideravelmente saborosa de se curtir. Tente ouvir esta oitava canção de Nova Velha Era e não cantarola-la após algumas audições.

    Para a composição que doou seu título à banda, a Saída de Emergência, o quarteto nos guia para um andamento simples em que os repiques executados pelo baterista Loks Rasmussen direcionam a potência que será atingida pelos solos de guitarras e também o nível dos vocais em mais outra correta crítica social. De volta ao Blues recebemos Coragem, a pulsante e um tanto mais lenta décima canção de Nova Velha Era, cuja letra também é entusiasmada através de vocalizações repletas de muito feeling, além de solos eletrificados nas guitarras de Leandro de Castro e do convidado Rick Ferreira.

    Provida de um marcante ritmo Rock'n'Roll, Século XXI promove um retrato da real bagunça deste grande país chamado Brasil, que em uma execução ao vivo será para dançar e ficar ligado em  cada um seus reivindicantes versos. Com Ostentação, o quarteto nos mostra mais uma contumaz crítica à classe política brasileira sempre embasada com um Rock'n'Roll de primeira, que aqui destaco a cozinha, que é comandada por Leco Carvalho no baixo e Loks Rasmussen na bateria.

    A penúltima é a faixa Tempestade, que é um 'Rockão' caloroso em seus solos de guitarras, que vai chamar a atenção de nosso povo para tentar melhorar perante a este caos social gerado pelos nossos péssimos dirigentes, que se perpetuam no poder ( parece que agora alguns desses 'ruins' saíram... vamos ver ). O 'Bluesão' firme presente em Velório de Indigente ficou com a honra de encerrar este ótimo Nova Velha Era com a participação de Thiago Espírito Santo no baixo, que além do vocalista Dino Chavez enalteço seus longos solos de guitarras e também o órgão Hammond com sua sonoridade toda especial capitaneado por Petch Calazans.

    Em tempos que fazer o básico, o puro e simples Rock'n'Roll de letras diretas parece esquecido pela maioria, ainda bem temos uma Saída de Emergência, que apresentou esta excelente opção musical chamada Nova Velha Era, que é a certeza de simplesmente se curtir uma grandiosa e sincera sonzeira sem 'papas na língua', que não se cansa de ouvir.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Novembro/2018

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