Scars Souls - Highbreed
Masque Records - 11 faixas digipack


   O Brasil está vivendo uma fase em que todas as ramificações do heavy metal  ( seja em death, thrash e prog, etc. ) está revelando grandes nomes.  Neste caso mais específico, temos um excelente grupo carioca que já existe desde 1991: o Scars Souls que nesta época contava com os irmãos Rogério ( guitarra ) e Ricardo Segall ( baixo ), Andréa Palmieri ( vocais ), Kandell Rocha ( bateria ) e assim gravaram a demo tape Making Contact. A estabilidade do line up é conseguida quando Adilson Júnior entra na bateria da banda e o Scars Souls grava em 1994 seu primeiro cd independente auto intitulado, porém, somente lançado posteriormente em 1996, obtetendo uma boa divulgação em países da Europa, Japão e nos E.U.A.

 

    Aproveitando a boa fase a banda participa de algumas coletâneas, tais como Headline Colection, Brasil Alternativo 3 e Planet Metal 5. Depois de muitos shows lançam em 1998 o segundo cd: Troia - que exibe as linhas progressivas da banda. Em 2000 mais uma mudança, saiu Ricardo Segall e entrou Ricardo Picolli no baixo. E com Rogério ( guitarra ), Ricardo ( baixo ), Andrea ( vocais ) e Adilson Júnior ( bateria ) eles preparam Highbreed, álbum gravado em 2005 por Maurício e Leonardo no Fast Foward Studio no Rio de Janeiro/RJ, com mixagem e masterização feitas por Ricardo Picolli em seu próprio estúdio ( o Picolli Studio ). O ótimo trabalho realizado rendeu ao álbum um excelente nível de gravação onde percebemos todos os instrumentos com perfeição. O lançamento no mercado brasileiro coube a gravadora Masque Records em 2006 e deu a Highbreed um luxuoso slipcase, com um excelente desenho na capa e um competente trabalho de encartes feitos pelo designer Jobert Mello. As letras, assinadas por Andrea Palmieri, tem em sua temática o desespero do ser humano e a busca por uma melhor existência.

    O álbum é aberto com Revelation a linda canção instrumental que já nos transporta para o tempo que os mestres do heavyssivo reinavam nos anos 70, afinal é puro 2112 do Rush. Em seguida temos a canção Addiction que começa leve, mas ganha peso e velocidade onde já pude notar os belos dotes vocálicos de Andrea Palmieri. Outro destaque de Addiction são as excelentes viradas no andamento e a bela melodia de baixo e bateria fazendo o fundo para os notáveis riffs de Rogério Segall - com várias influências de rock progressivo setentista. Não percebe-se a mudança de faixa e quando Warnings inicia levemente são os teclados que nos transportam para uma longa viagem no melhor estilo feito por Emerson, Lake & Palmer. Não deixe de perceber caro leitor(a), o exuberante trabalho do baixista Ricardo Picolli ao fundo da música. Temos aqui uma canção muito boa, que possui uma ótima viagem nos teclados e com o peso ditado pela guitarra que apresenta trechos mais distorcidos.

    A quarta música de Highbreed é Feelings apresentando um set instrumental de dar inveja à muitas bandas por aí, que serve para demonstrar a exímia qualidade da cozinha da banda capitaneada por Ricardo e Adilson. Com maravilhosas mudanças de andamento, linha melódica excelente, vocais agradáveis e com muita personalidade, posso afirmar que Feelings é a melhor das músicas do disco até aqui, lembrando um pouco do trabalho do Genesis, só que bem mais pesado.

     Em seguida temos Open Letter, uma música mais leve, praticamente uma balada, onde baixo, bateria e guitarra estão mais calmos dando lugar para que o potencial vocálico de Andrea Palmieri venha à tona, mas como toda balada que se preze, o solo de guitarra de Rogério mostra o peso necessário para perfazer uma ótima viagem. Depois temos a rápida Hybrid que possui um estilo bem speed metal e moderno, enfim, uma música altamente calcada no força da guitarra de Rogério - ditando a forma que a canção é tocada.

    Mais um excelente momento instrumental está na canção Parallel Systems, onde os pontos fortes são a bateria de Adilson, os dedilhados e os teclados, que juntos criam uma bela melodia com lindas evoluções no decorrer da música. A faixa seguinte é Solitude que tem no seu início um som de vento que vai criando o clima para a mais longa e uma das melhores canções do disco. Com muita melodia e um excelente solo de guitarra - lembrando o que Steve Howe já fez no Yes - temos o caminho que nos leva e nos traz da parte mais calma para a mais pesada, e um outro destaque de Solitude são os vocais de Andrea. Com muitos efeitos iguais a mudarmos de estação em um rádio temos Inori fazendo a introdução de Yokan, música que apresenta os estilhaçantes solos de guitarra de volta e com força. É interessante mencionar aqui que a música fica mais leve ao entrar dos teclados e o seu andamento é puramente prog-metal. Com Yokan, Andrea exibe outra face de sua versátil voz, agora com um grande potencial lírico em alguns versos. Mantendo o alto nível de Yokan  Rogério aproveita o competente trabalho de baixo e bateria para solar sua guitarra alternando no ponto certo entre o peso do heavy e a harmonia do progressivo. Ainda temos para encerrar este belo trabalho do Scars Souls a música Final Impressions, hora do baixista Ricardo realizar ótimos toques em seu baixo resultando em uma linda melodia ritmada para que Andrea solte sua voz com muita suavidade.

    Para quem é acostumado com as viagens de rock progressivo, este álbum Highbreed do Scars Souls deve ser conhecido e apreciado. Mas, chamo sua atenção para um detalhe, as viagens promovidas por esta banda carioca contém um pouco mais peso calcado nas ótimas melodias de guitarras, intensamente apoiadas por baixo, bateria e teclados. Assim sendo, não perca tempo e corra atrás deste excelente lançamento trazido pela Masque Records - te garanto que você irá gostar do prog-metal do Scars Souls.

Site : www.scarssouls.com
E-mail: contact@scarssouls.com
Gravadora: www.masquerecords.com

Por Fernando R. R. Júnior

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