Somba - Homônimo
12 Faixas - Independente - 2014

    Com formação em 1998 pelos colegas da Escola de Música da UFMG, a banda mineira Somba é influenciada pelo Rock Clássico Brasileiro de Mutantes, Secos e Molhados, pelo Rock Rural de Sá, Rodrix e Guarabira e pelas Jam Bands como o The Grateful Dead, além de Beatles e um tanto de MPB dos 60 e 70. Em dois anos ( 2000 ), eles lançaram o single Abbey Roça, já em 2003 o álbum Clube da Esquina dos Aflitos, depois em 2007 o álbum Cuma? e para 2010 saiu o Aos Vivos do Stonehenge. O line up atual da banda é o seguinte: Guilherme Castro nos vocais, guitarras e violões, André Mola na guitarra, Avelar Jr. nos vocais e baixo, Leo Dias nos vocais, bateria e percussão.

    Homônimo, devidamente embalado no formato de digipack com um encarte de muita qualidade marca o quinto lançamento do quarteto mineiro e foi gravado no Bunker em Nova Lima em Belo Horizonte/MG entre janeiro e abril de 2014, com mixagem de Chico Neves e masterização de Ricardo Garcia no Magic Master.

    Kem Soul abre o álbum Homônimo com uma contundente evolução na bateria de Leo Dias, que elevam sua linhagem Rock/Blues feita pelo Somba em uma letra bastante interessante, que é cantada com muita empolgação por Leo Dias. Com uma aura psicodélica, graças aos teclados e aos riffs calmos do guitarrista Guilherme Castro, The Ox conta com letras em inglês que apresentam um clima sereno, praticamente introspectivo, que é muito gostoso de se ouvir.

    Para Carne Fraca, o Somba nos traz um Rock descompromissado, que é vocalizado pelo baterista Leo Dias e no decorrer da música temos um discreto solo de trompete e flugelhorn do convidado Érico Fonseca levando um clima de Beatles no ar. Com linhas de Blues, Trânsito é uma balada bacana de se ouvir em uma tarde cheia de preguiça e sentir seus belos solos de guitarras, que são simples, envolventes, tranquilos e fazem você relaxar enquanto a ouve. Real One é uma canção com letras em inglês, que novamente traz um estilo de Beatles no ar, especialmente no período pós 1966, que é muito bem tocado pelo trio e que conquista o fã rapidamente. Seus vocais são divididos por Avelar Jr. e Guilherme Castro e o término é possuidor de em um ritmo bastante atrativo, confira.

    Com a pegada de um Funk/Soul Music, Vem Pro Meu Lado Nega! marca a sexta faixa de Homônimo, que cativa pelo seu andamento dançante destacando as participações de Paulo Márcio no trompete, Pedro Aristides no trombone, Jonas Vitor no sax tenor e Bruno Pimenta trazendo um ambiente a la Jethro Tull na flauta. Mas, o que surpreende mesmo nesta música são os momentos com trechos que remetem à Marcha Imperial do Guerra Nas Estrelas e a voz do vilão Darth Vader.   

    By Heart And Soul traz uma atmosfera cheia de feeling presente no Blues, que se intensificam quando é mais lento e neste caso ficaram ainda mais sintomáticos na bela interpretação da convidada Lorena Amaral, que se entregou de corpo e alma à canção e isso te faz querer acompanhar a letra para cantar com ela, além é claro, de prestar aquela atenção nos solos de guitarras, na atuação de baixo e bateria como também na beleza dos metais.

    Homônimo segue com Rocambole, um Jazz cativante que destaca as cantoras Sylvia Klein, Renata Vanucci e Carolina Rennó em um ritmo que é acompanhado com primor pelo violino de Ernani Teixeira, que juntos ao Somba produzem uma sonzeira, que é diferente do que normalmente resenho aqui no Rock On Stage, mas que passa sua energia instantaneamente e contagia na hora.

    Com Musichat, o trio nos mostra um som com conexões sessentistas para se viajar com vocais calmos traçando alguns questionamentos em sua letra, que às vezes nos ocorre - sabe aqueles do tipo de como surgiu a música - aliados em uma soberba atuação dos instrumentos de sopro. Mergulhando em uma viagem das boas e das grandes, os dedilhados de Correria nos propõem um momento de reflexão em sua curta letra, que marca mais uma participação dos convidados dos metais neste disco do Somba revelando mais uma vez, ares grandiosos e deliciosos de se apreciar. Fãs da segunda metade da carreira dos Beatles, se liguem neste som deveras Psicodélico.

    4:20 é a primeira das canções bônus de Homônimo e a proposição de um silêncio completo ( que doido!!! ), que dura exatamente o tempo de seu título. Para acordar da calmaria da anterior temos os mais fortes riffs de guitarras do cd na elétrica Light Your Fire, um Rockão puramente setentista dos bons e que curte-se instantaneamente, pois o Somba exibe alguns improvisos em seu decorrer, que enaltecem ainda mais seu brilho.

    Com um título longo e estranho, a última do cd é a Eu Queria Fazer Música Para Vender, mas PQP!!! Eu Não Consigo, que traz um Rock Pesado a la Made In Brazil com letras e estilo até que um pouco agressivos, que são guiados pela trinca guitarras, baixo e bateria, além de serem exibidos em alto e bom tom demonstrando a face mais Rocker deste cd Homônimo, cuja letra ficará na sua memória após algumas audições.

    Versatilidade. Essa foi a palavra de ordem neste disco Homônimo do Somba e os caras foram além e lançaram um excelente trabalho que caminha com facilidade por vários ( e até complexos ) estilos musicais produzindo no ouvinte uma vontade de se escutar suas músicas várias vezes e com as letras nas mãos.
Nota: 10,0.

Sites: www.somba.com.br, www.facebook.com/BandaSOMBA
e www.myspace.com/sombabh.

Por Fernando R. R. Júnior
Julho/2015

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