Spartacus - Imperium Legis
11 Faixas - Independente - 2015

    Spartacus. Nome de um dos mais famosos heróis da Roma Antiga, que neste caso empresta seu nome para uma banda de Heavy Metal da cidade de Porto Alegre/RS, cujas legiões já batalham na cena gaúcha desde o final dos anos 80 e graças a coletânea ( em LP ) Rock Garagem II, conseguiram reconhecimento no sul do país.

    Entretanto, se dissolveram no início de 1992 e só voltaram a se agrupar em 2000, com uma ótima participação no cenário underground gaúcho, se destacando em alguns importantes shows, como o Fórum Social Mundial em 2002, a abertura para a Patrulha do Espaço ( em 2003 ), o Festival Heavy RS com o Dr. Sin no ano de 2004. E de forma independente, depois de muito esforço lançaram o primeiro cd independente, o Libertae, que teve sua divulgação durante o ano de 2004, com direito inclusive a um show televisionado para todo o Rio Grande do Sul pela TVE/RS em mais um Fórum Social Mundial.

    Entretanto, isso não garantiu que o Spartacus continuasse firme, pois, mais mudanças no line up aconteceram e a banda enfrentou mais um longo processo em sua nova reestruturação. Finalmente, entre maio de 2010 a agosto de 2011, os seguintes guerreiros Victor Petroscki nos teclados, guitarras e backing vocals, Marco Canto nos vocais, Marco Di Martino no baixo e Guilherme Oliveira na bateria se aquartelaram ante ao general Sebastian Carsin no Estúdios Hurricane em Porto Alegre/RS para a realização dos processos de gravação e mixagem de Imperium Legis, nome do seu segundo cd. A bela capa que mostra a vitória de um gladiador no Coliseu Romano é a ilustração "Gladiadores" de Jean-Léon Gerôme e data do ano de 1874. As letras do Spartacus são todas em português, e vamos aos detalhes do cd.

    Encontro de Almas abre o Imperium Legis com eficientes repiques de bateria, que em seguida, trazem os eficientes riffs de guitarra e os vocais em uma linha Heavy Metal oitentista, que te conquistam rapidamente, seja pelo andamento instrumental ou pela forma de cantar de Marco Canto. Inclusive, seu refrão é possuidor de uma fácil assimilação. Depois, com um ritmo mais carregado pela forte presença do baixista Marco Di Martino em seus toques e do baterista Guilherme Oliveira em meio a linhas melodiosas de guitarra e vocais envolventes, temos à ótima Na Rota de Colisão. E um aviso aos fãs do Iron Maiden e Blaze Bayley: reparem no estilo imposto pelo Spartacus nesta segunda faixa e me falem.

    Em Não Morra o Sentimento encontramos um pesado andamento mais cadenciado, que é muito bem feito pelos gaúchos e vai evoluindo para um Heavy Metal bastante cativante à maneira que seus minutos passam. Inteligentemente, a banda criou pontos na música que nos inspiram a acompanhar sua letra. E para nós que consideramos o Heavy Metal como uma estilo de vida, quero que perceba a beleza dos solos de guitarra de Victor Petroscki.

    Assim, nesta forma pesada de conduzir suas músicas, o Spartacus deixa claro o poder do Metal, como fica evidente na seguinte, a Império da Lei que mantém a guitarra, a bateria e o baixo, todos sempre com muito vigor para que Marco Canto possa soltar sua incendiaria voz e transformar esta quarta canção em uma verdadeira sonzeira do quarteto, que novamente é brindada com um exuberante solo de guitarra.

    Para Nas Trevas da Insanidade, o quarteto atacou com alguns acordes no violino e fortes toques vindos do baixo de Marco Di Martino junto à um ritmo mais cadenciado na guitarra, que ganha mais energia assim que Marco Canto começa a vocalizar seus versos, garantindo assim a satisfação do ouvinte. E ao ouví-la, já notei que em suas versões ao vivo, certamente serão daquelas para se cantar junto com a banda e vibrar muito pelo seu estilo épico. Dotada de um ótimos solos de guitarra, Noite Sem Lua, marca o sexto Heavy de qualidade de Imperium Legis, mas aqui com algumas doses de Rock´n´Roll, que pela forma que é vocalizada e conduzida lembraram um pouco dos momentos mais pesados do Golpe de Estado, e além disso, mais uma vez produzem uma vontade imensa de cantar com a banda seus versos.

    Com uma pegada de guitarra mais viajante, que mostra uma canção cadenciada, Nas Leis do Infinito exibe os teclados fazendo sua roupagem ao fundo junto aos backing vocals, que enaltecem ainda mais esta excelente criação do quarteto e a forma que eles a conduzem, não tem jeito: quando chega o refrão... você tem que cantar seu título com eles. Velho Rei entra com uma atmosfera pesada com um bom Heavy deve ter... e em seus primeiros versos, já gostamos da música, porém... quando Victor Petroscki sola sua guitarra e Marco Canto vocaliza com muita dedicação, nós somos expostos a uma forte ligação com a composição. Aos dedilhados, que indicam que teremos um primoroso momento, que é cantado com muita emoção chega a vez da excelente Sob a Sentença, Um Carrasco ganha a eletricidade da guitarra e caminha pela linha do que de melhor existe no Heavy Metal tanto que... é certo que estamos diante de uma das melhores de Imperium Legis.

    Com o guitarrista Victor Petroscki acelerando seus solos, Fruto da Criação exibe um lado mais forte do Spartacus, com uma cara do que era ( e ainda é... graças a nomes como eles ) o melhor do Heavy Metal Brasileiro cantado em português. Nesta décima faixa, além da virtuosa parte instrumental, temos também alguns dos melhores solos de guitarras do cd.

    Para terminar esta verdadeira obra prima chamada Imperium Legis temos a Prisioneiro do Amanhecer traz uma bela melodia feita no piano por Victor Petroscki e muito feeling nos versos cantados por Marco Canto, que após esse começo mais voltado para uma balada, vai ganhando no seu decorrer uma roupagem mais pesada, que me leva a afirmar: esta canção nasceu para ser um clássico da banda, que vale você prestar bastante atenção em sua audição.

    Faço votos para que Imperium Legis ajude o Spartacus tornar-se mais conhecido no Brasil, pois, estamos diante de um daqueles discos que - por minha conta - deveriam estar dentre a lista dos melhores lançamentos do ano. Para quem gosta de um bom Heavy Metal, cujas bases não são apenas influenciadas pelo que de melhor aconteceu nos anos 80, mas assim como todos os grandes nomes daquela década, foram criadas também neste período e que seja cantado em português, se ligue neste quarteto.
Nota: 10,0.

Sites:  http://www.spartacus.mus.br/.

Por Fernando R. R. Júnior
Junho/2015

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