Sunroad - Walking The Hemispheres
12 faixas - MusiK Records - 2021

    Com mais de 20 anos de atividades, 8 cd's de estúdio, um EP e uma compilação, além de shows por várias regiões do Brasil e países da América do Sul, aberturas para nomes como Joe Lynn Turner, Doogie White, Petra, Stryper, L.A. Guns, White Cross, Narnia ( entre outros ), os goianos do Sunroad são um dos mais importantes nomes do Hard Rock e AOR do país e de todo o continente sul-americano. No ano de 2020, como todos nós, eles tiveram que cancelar os seus planos, entre eles a turnê de divulgação do álbum Heatstokes ( indicado como um dos melhores álbuns de Rock de 2019 pelo Prêmio Dynamite de mídia independente ) com Mark Boals ( ex-Yngwie Malsmteen ), por conta do famigerado Coronavirus.

    Porém, mesmo a pandemia não parou a banda, que foi para o estúdio e e trouxe de lá este Walking The Hemispheres, justamente o oitavo da carreira e que foi registrado no SH Studio em Manosque na França no MusiK Studios em Goiânia/GO com a produção de Fred Mika e Netto Mello. Sendo que o baixo, a bateria, a percussão e a guitarra foram gravados entre setembro a dezembro de 2020 enquanto que os vocais, os backing vocals, os teclados tiveram seus registros realizados entre outubro e dezembro de 2020. Por fim, as guitarras adicionais do cd foram gravadas no Drive Studio em Goiânia/GO entre janeiro a março de 2021, enquanto que os processos de edição, mixagem e masterização são assinados por Netto Mello e feitos também no Drive Studio durante o mês de abril de 2021.

    Walking The Hemispheres é o primeiro álbum do Sunroad com o francês Steph Honde ( vocais, teclados e guitarra ) ao lado de Netto Mello ( vocais e guitarra ), Mayck Vieira ( guitarra e baixo ), Van Alexandre ( baixo e guitarra ) e o já citado Fred Mika ( bateria ), sendo que o gringo multi-instrumentista é quem assina as faixas do cd como autor de suas letras. Para quem não conhece Steph Honde saiba que ele tem o projeto Hollywood Monsters com os emblemáticos Don Airey ( Deep Purple ) e Vinny Appice ( Black Sabbath e Heaven and Hell ). Sobre a composição do disco ele disse: "o processo criativo de Walking The Hemispheres foi feito todo a distância. Eu gravava algumas demos, basicamente com guitarras, teclados e bateria, algumas vezes incluindo alguns vocais, e mandava tudo para o Fred no Brasil. Ele me retornava bem rápido com as letras e melodias."

    Steph Honde complementa esta ideia ao dizer: "o meu estilo de cantar no Sunroad não é parecido com o Hollywood Monsters ou com meus discos solos. É bem diferente justamente porque esse trabalho representa bem a mistura entre o meu estilo e o do Fred. O som está mais para o U.F.O., Scorpions, algo de Deep Purple, enfim, Hard Rock Clássico. Esse é um ótimo disco. Eu adoro as músicas."

    Já para o baterista Fred Mika a parceria e amizade com Steph Honde é definida da seguinte forma: "já conhecia o Steph Honde há uns 5 anos atrás através do saudoso Milton Arthur, que me incentivou abrir meu próprio selo, MusiK Records, no final de 2016. E um dos primeiros lançamentos do selo foi justamente o álbum do Steph. Anos depois, em 2019 eu fui convidado para regravar uma das faixas para o terceiro álbum de seu projeto fixo, o Hollywood Monsters, que tinha vários músicos famosos da cena mundial, o que foi uma honra. Além do mais, ele gostou das artes e vinha desenvolvendo para o Sunroad e acabei por fazer a capa daquele disco, Thriving On Chaos. Depois disso, em várias conversas informais que tivemos, eu lhe disse que já estava trabalhando nas composições do próximo disco do Sunroad, uma vez que estávamos inativos para shows por conta da pandemia foi quando o Steph logo perguntou se poderia participar. E nesse processo, começamos a trocar ideias e o Steph acabou participando ativamente das composições como co-autor em nove faixas".

    A capa de Walking The Hemispheres que exibe uma imensa iguana em uma grande cidade foi criada pelo artista alemão Lars Nilssen e o baterista Fred Mika detalha o seu conceito: "Walking The Hemispheres reflete muito momento atual, seja na esfera criativa como no desafio pessoal de cada um com relação a pandemia. Andar pelos hemisférios é então tanto esse símbolo dos dois lados do cérebro como também referência direta a entrada do Steph Honde na banda, uma vez que é um músico do Hemisfério Norte ( França ) integrando uma banda do Hemisfério Sul ( Brasil ). Há ainda, na arte da capa, a proposta de olhar para os hemisférios existenciais, ou seja, ou selvagem ou civilizado. As letras do álbum dialogam sobre toda a diversidade possível entre essas andanças pelos opostos".

    Sabendo desses detalhes em iniciais vou abordar a partir de agora as canções deste o Walking The Hemispheres do Sunroad, que se inicia precisamente com a sua faixa título, a Walking The Hemispheres que nos apresenta aos teclados de ares a lá Deep Purple ( nos tempos do saudoso Jon Lord ), que foram tocados por Steph Honde e que logo trazem o eletrizante Hard Rock do Sunroad com direito aos seus eficazes vocais através de um ritmo contagiante, que vai agradar logo de cara aos fãs, tal qual o seu refrão e também os seus exuberantes solos de guitarra na cortesia da entrosada dupla Netto Mello e Mayck Vieira.

    De estilo grandioso e envolventes solos melódicos de guitarras, Living In a Dream ( Red Sign Mirror ) mostra Steph Honde cantando com muito carisma este Hard Rock deveras cativante e de linhagem pulsante em que a banda desfila uma atuação bastante competente. O baterista Fred Mika dispara uma breve sequência de toques marcantes em seu kit, que trazem o animado Hard Rock contido em Silence Erupting Inside com o seu ritmo contido na voltagem obtida pelos solos de guitarras sempre repletos de muita melodia e na entrega de Steph Honde nos vocais.

    A quarta de Walking The Hemispheres é a Crawling Back and Ahead em que eles exibem uma canção dotada de muitos solos de guitarras, um ritmo relativamente cadenciado, melodias e vocais de aromas positivos e uma energia excelente do começo ao fim com a belíssima aura oitentista. E esses goianos adoram solar suas guitarras, que mesmo na lenta Shoot The Clock, eles estão em evidência e favorecem para que Steph Honde cante seus versos exalando muito feeling em uma atmosfera que traz à memória o Whitesnake. A balada Written In The Mist traz o vocalista Steph Honde no piano nos passando muito emoção ao cantar sua letra nesta composição que é dedicada a Irani Cândida e Maria Lourdes Borges. É claro, como toda balada de Hard Rock, na hora do solos - que são longos e melódicos - o Sunroad aumenta nossa conexão com a música.    

    A instrumental Mighty Beauty and Its Chaos é uma viajante sequência de solos de guitarras e teclados, que contém influências discretas de David Gilmour e que propõe um momento de reflexão e que pouco depois traz o Rock and Roll pesado e inflamável presente em The Mess and Its Key, canção em que o Sunroad nos coloca diante de uma de suas melhores composições do cd, confirme sentindo seu refrão e a formosura de seus solos de guitarras. A vibrante Halo Of Hearts já te captura em seus primeiros instantes, seja por conta da forma que Steph Honde vocaliza seus versos ou por conta da singular beleza concedida pela atuação dos demais em suas divertidas linhas instrumentais deste notável AOR. Ouça, perceba e me fale caro leitor(a) do Rock On Stage.

    Para a décima, que é a Victim Of Nowhere, somos expostos a um Hard Rock de salientes solos de guitarras de muita melodia e de muita dedicação ao seus vocais, cujo refrão te inspira a pegar o encarte e acompanhar cada linha de sua letra tanto que cravo aqui com segurança: o Sunroad seu superou nesta.

    De início pesado e melodioso temos a penúltima música do cd, que foi nomeada como Detachaded Pictures Of Venus, que reparei um estilo inspirado no Alcatrazz tanto em seus competentes vocais quanto nos seus fascinantes solos de guitarras e também na consistente base de baixo e bateria, que se tornou a minha favorita deste álbum.  

    Para finalizar este excelente Walking The Hemispheres  temos a versão do Sunroad para a lindíssima balada Try Me ( do clássico Lights Out de 1977 ) do lendário U.F.O. em que Steph Honde cantou de coração aberto cada uma de suas estrofes e tocou piano passando muito amor à música a cada momento. Vale complementar que esta magnífica versão foi dedicada aos mestres Paul Raymond ( teclados ) e Pete Way ( baixo ), que tanto fizeram na banda inglesa e que nos deixaram em 13 de abril de 2019 e 14 de agosto de 2020, respectivamente. Não posso deixar de enaltecer também os solos de guitarras feito pela dupla do Sunroad.   

    Se você caro leitor(a) é um apreciador de bandas que sabem tratar uma música, que sabem deixá-la com solos no ponto certo, com melodias e harmonias que atrairão imediatamente, que contenham vocais impactantes e moldados no melhor do que o Hard Rock e o AOR podem oferecer... trate de incluir Walking The Hemispheres em sua coleção, pois, temos aqui um dos melhores discos que foram lançados em 2021 e já faço votos para neste ano de 2022, eles possam realizar a sua realizar a sua longa turnê de divulgação. Aliás, fica uma lição extra neste disco... que nós saibamos utilizar com sabedoria cada um dos hemisférios de nosso cérebro como versa a faixa título do cd.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2022

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