Taurus - V
8 Faixas - Dies Irae - 2020

    A clássica banda de Thrash/Heavy Metal brasileira conhecida como Taurus, que está na ativa desde 1985 e que é formada atualmente por Otávio Augusto nos vocais, Cláudio Bezz na guitarra, Felipe Melo no baixo e Sérgio Bezz na bateria lançou em 2020, o seu quinto álbum de estúdio nomeado simplesmente como V pela gravadora Dies Irae e fizeram isso embalado em um 'slipcase', que além do encarte de várias páginas com letras contém também um pôster e um adesivo, todos orientados na capa do disco. Aliás, capa essa que mostra a cidade maravilhosa totalmente destruída e com um ser levantando-se neste caos como uma fênix, que foi desenhado por Alcides Burn da Burn Artworks.

    As gravações de V foram realizadas por Diogo Bortoluzzi no Estúdio Omega ( bateria ), Claudio Bezz nos Estúdios El Sonoro e Home Of John ( baixo, vozes, guitarra e efeitos ) entre agosto a novembro de 2019. A edição e mixagem é assinada por Claudio Bezz e a masterização ficou por conta de Renato Alscher sendo feita no Corredor 5.

    O guitarrista Claudio Bezz deixou no encarte do cd um importante manifesto, que  se relaciona este álbum e faço questão de reproduzi-lo nesta resenha na integra: "Avante guerreiros!!! É tempo de despertar. Este disco representa a nossa insatisfação com o 'status quo' atual, social e político. Estamos sobre ataque. Todos os princípios básicos da liberdade, expressão e civilidade tem que ser respeitados. É nosso dever defendê-los . Somos fortes, somos resilientes, temos esperança, não aceitamos nenhuma forma de intolerância e nenhum tipo de preconceito. Essa é a nossa mensagem, distribuída em 8 músicas. Trata-se de um disco afirmativo. Todo o processo de criação musical e literária foi pautado na certeza que temos sobre nossos princípios. Somos fortes e continuaremos nossa luta! Avante guerreiros!!! É tempo de despertar!"

    Antes de V, o Taurus já nos colocou diante de excelentes álbuns como Signo de Taurus ( 1986 ), Trapped In Lines ( 1988 ) e Pornography ( 1989 ). Depois quando retornaram aos palcos em 2007 realizaram a abertura para o Testament no Canecão no Rio de Janeiro/RJ e em 2010 disponibilizaram o álbum Fissura, que também foi lançado na Europa pelo selo português Metal Soldiers Records. Por aqui participaram do projeto Super Peso Brasil, que contou com cinco grandes bandas dos anos 80 e que se apresentaram em São Paulo/SP, cujo evento tornou-se um cd e DVD com os melhores momentos de cada um.

    Celebrando os 30 anos de formação foi lançado o cd/DVD Ao Vivo 30 Anos em digipack, que registrou a história da banda em um show completo em São Paulo/SP e algumas gravações inéditas, e neste tom de comemorações, o Taurus fez parte do documentário Brasil Heavy Metal de 2016, ao lado de vários outros pioneiros do estilo dos anos 80 e assim chegamos ao V, que tenho o prazer de contar seus detalhes nas linhas seguintes.

    Assim sendo... vamos à batalha ao lado do Taurus e de seus convidados como Alex Camargo do Krisiun, Luiz Carlos Louzada do Vulcano e de Beto de Gásperi ( ex-baixista do Taurus ) nestas oito faixas com letras em português, ou seja, só galera das antigas, que fizeram história no Metal Nacional e que detonaram em suas participações.

   E a pedrada rápida e certeira contida no Thrash Metal Nove Vidas abre de forma esmagadora V salientando o poderio de fogo dos solos de guitarra de Claudio Bezz bem como a ira presente nos vocais de Otávio Augusto nesta faixa, que além disso exibe momentos excelentes para banguear e socar o ar.

    Prosseguindo firmes, ferozes e diretos, o Taurus ataca agora com O Pior Pesadelo, cuja letra contém trechos do poema Bandido Negro ( do livro Os Escravos de Castro Alves de 1883 ) através de um ritmo deveras envolvente e aniquilador com destaque para as incursões poderosas dos toques do baterista Sérgio Bezz, a imensa crueza presente nos solos de guitarra feitos por Cláudio Bezz na guitarra e nos toques praticamente opacos feitos pelo baixista Felipe Melo.

    Na terceira que é a Dark Phoenix, eles nos colocaram diante de uma composição pesadaça, cadenciada e devidamente carregada, que convoca a participação do citado Luiz Carlos Louzada nos vocais junto ao vocalista Otávio Augusto elevando cada vez mais o sentimento obscuro e revoltado de sua melodia da forma que um Thrash Metal Old School deve ser, que se você procurar na memória sentirá uma atmosfera a la Venom em seu andamento em que vale uma atenção também aos riffs cortantes feitos por Claudio Bezz.

    Para Gap, o quarteto acelera seu Thrash Metal e exibe uma linhagem avassaladora que é ideal para abertura de uma roda, porém, devemos também observar atentamente sua letra e também os dedilhados feitos pelo baixista Felipe Melo, que abrem um momento viajante e intrigante na música até ser retomada a sua fúria inicial, que está de certa forma mais implacável. Vale mencionar que esta parte falada contém os versos do poema Extrato de Versos Íntimos escrito por Augusto dos Anjos em 1912.

        Em Mãos de Ferro, o Taurus exibe uma canção cadenciada bastante fortificada em suas linhas, onde os versos são alternados em inglês e português, porém, o destaque fica para a elevação nos solos de guitarra feitos por Claudio Bezz, que nos traz uma rifflerama excelente e que servem para acelerar a canção antes de repetir o seu padrão cadenciado e repleto de ódio. De início sombrio, um eficiente ritmo lento e robusto, Distopia marca a raivosa sexta criação de V em que saliento os repiques e os toques encorpados executados pelo baterista Sérgio Bezz, além da distorção obtida por Claudio Bezz em sua guitarra após seus marcantes solos e não posso me esquecer da sua letra, que é um verdadeiro chamado para se ligar no que tem acontecido no mundo atual.

    Com os brutais vocais de Alex Camargo do Krisiun em português junto a Otávio Augusto, eles nos mostram o Thrash Metal voraz e veloz de Existe Um Lugar?, que é indiscutivelmente a mais violenta do cd e que vai te empolgar imediatamente. Por fim, uma faixa totalmente em inglês com Mutation, que começa com dedilhados, uma atmosfera viajante e assustadora até seus vocais aparecerem trazendo a participação de Beto de Gásperis concedendo um estilo diferenciado no Thrash Metal do Taurus, que seja pela habilidade aplicada no baixo tocado por Felipe Melo, na bateria tocada por Sérgio Bezz e na guitarra de Claudio Bezz tenha a certeza que a canção vai te acertar em cheio e fará você sacudir o pescoço.

    Apesar de ser das antigas, o Taurus demonstrou que mantém o pé atolado no seu visceral Thrash Metal na maioria das faixas de V, porém, sabe olhar para o futuro concedendo assim para este álbum uma relevante posição na carreira da banda e também do Thrash Metal Brazuka. Em suma, são 33 minutos do mais puro Thrash Metal Brasileiro dentro de um disco, que graças aos complementos que esta versão física contém fazem V ser um item de colecionador mesmo.
Nota: 9,0.   

Por Fernando R. R. Júnior
Dezembro/2020

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