Uganga - Vol 3: Caos Carma Conceito
2010 - 10 faixas - Independente

   O Uganga começou suas atividades há quinze anos atrás com o nome de Ganga Zumba, e fez parte daquele período que o metal mineiro invadia o resto do país ( e graças ao Sepultura, do mundo ). Depois eles mudam o nome para Uganga, e em 15 anos de estrada pelo underground, fomos brindados com três cd´s: Atitude Lótus de 2003, Na Trilha do Homem de Bem de 2006 e agora Vol. 3: Caos, Carma, Conceito - que é o assunto desta resenha. As principais influências que o Uganga mesclou neste disco vem do thrash metal e hardcore, porém existe muito de hip-hop, e posso assegurar, o resultado dessa mistura obtido por Manu Joker ( ex-Sarcofágo ) nos vocais, Christian Franco e Thiago Soraggi nas guitarras, Marco Henriques na bateria e Ras no baixo, quando gravaram o cd no Orbis Estúdio no Distrito Federal com Riti Santiago ( ex-Câmbio Negro ) foi excelente. Entretanto, não contentes com isso, os músicos convidaram Harris Johns ( responsável por trabalhos como Pleasure To Kill do Kreator, Killing Technology do Voivod, Persecution Mania do Sodom, Live do Cro Mags, além de Brasil e Anarkophobia do Ratos de Porão e Under Siege do Sepultura ); convite esse, que garantiu uma qualidade maior ao cd.

    Posso dizer que este terceiro álbum do Uganga está dividido em três atos: no primeiro "Caos", que abre o cd, temos a faixa instrumental Kaliyga e seus ares indianos à base de cítaras, que em instantes, trazem todo o peso de Fronteiras da Inocência à tona, e assim, vemos Manu Joker vocalizar com muita agressividade este thrash metal rápido e cantado em português. Já na terceira 3XC, a velocidade e o caos são impressos pelo baixo de Ras e pelas guitarras de Christian Franco e Thiago Soraggi, que assumem juntos o controle da música enquanto os vocais estão mais voltados para o punk rock furioso.

    Em Meus Velhos Olhos de Enxergar O Mal ( 2 Lobos ) temos uma brutal sequencia cadenciada e muito pesada de guitarra, depois os vocais de Manu Joker entram destruindo com tudo em meio a efeitos de Dub, mas o curioso aqui é a mudança de ritmo próxima a um reggae que o Uganga faz, mas no final, a banda retoma o peso e ainda mais forte. Após algumas vozes em espanhol, o  poderoso ataque thrash metal desta quarta faixa continua forte até que Asas Negras, a seguinte, venha exibir influências de punk hardcore com trechos que lembram o Sepultura. A sexta é Iso 666, e o Uganga realiza uma sessão pesada e caótica com muita violência e grande competência, além de DJ Vouglas ‘Eremita’ participar trazendo a mistura de hip hop às linhas metálicas da banda. As levadas de guitarras e bateria foram criadas de uma forma para pegar o ouvinte e enquanto isso acontece quando Manu Joker solta o verbo sem perdão nos versos que encerram este primeiro ato.

 

    A instrumental Velas faz a abertura do segundo ato, "Carma", e o solo do baixista Ras é muito rápido, acompanhado de perto pelas guitarras e bateria exibindo muitas experimentações musicais que fazem a ligação com Sua Lei, Minha Lei  ( uma das melhores ) e desta vez o Uganga soa ainda mais pesado e feroz que as faixas anteriores em uma letra bem crítica. A velocidade, brutalidade e agressividade desta oitava música de Vol 3: Caos, Carma, Conceito são ideais para os mosh pits, mas não pense que é só de pancadas que vive a música, temos ótimos solos de guitarras e alguns momentos mais experimentais levando este som a um nível único. Antes de Encruzilhada temos um trecho de um programa de rádio anunciando a rápida e matadora canção do Uganga que apresenta um caos extremo em uma mistura de hip hop/rap.

    

    A seguinte é Milenar que entra com uma base mais pesada e novamente exibe uma combinação mais alternativa que flerta com o rap e hip hop novamente, entretanto, a violência não diminui. Zona Árida inicia com ótimos toques de bateria e solos nas guitarras que evoluem para um ambiente mais denso e agressivo com muita cadência na condução da banda. Então temos a instrumental P.A.X. dotada de dedilhados e solos de guitarras mais viajantes que nos levam para a pancadaria de O Primeiro Inquilino que é a única representante do terceiro ato intitulado "Conceito" , e afirmo: o Uganga está muito bem postado, seja no instrumental mais cadenciado ou nos vocais quase declamados feitos uma poesia raivosa por parte de Manu Joker, que denotam outra influência de rap.

    Além da excelente gravação, ótimo encarte com as letras, o álbum está em um luxuoso slipcase e conta ainda com uma faixa multimídia com fotos e um documentário no melhor estilo making off de Vol3: Caos Carma Conceito devidamente dividido em capítulos com videoclips, entrevistas e imagens raras. Aconselho, quando ouvir o cd, deixar um tempo para assistir essa parte multimídia também. Em resumo: quer caos sonoro levado ao extremo, bem conduzido, que alie bases de thrash cheio de riffs velozes de guitarras, vocais em plena agressividade e tenha algumas surpresas? Então meu amigo(a) Vol 3: Caos Carma Conceito tem isso tudo e muito mais, e asseguro, se você gostou do Chaos A.D. do Sepultura, já ouviu também Ratos de Porão e Holocausto irá apreciar bastante este cd, mas abra sua mente para sentir a fusão de groove e hip hop ao metal.
Nota: 8,5


Site: www.uganga.com.br e www.myspace.com/uganga

Por Fernando R. R. Júnior
Março/2010

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