Warshipper - Barren...
12 Faixas - Heavy Metal Rock - 2020
 

    O Warshipper, uma das mais pesadas bandas do Death Metal nacional está de volta com o sucessor de Black Sun ( de 2018 ) neste confuso e complicado periódo que começou em 2020 e não acabou até agora com o conceitual álbum Barreh..., que é o terceiro da carreira da banda de Sorocaba/SP em 2011.

    Antes deste disco o Warshipper 'debutou' em 2015 com o álbum Worshipper of Doom, o citado Black Sun de 2018 e o single Atheist de 2019 e realizou shows ao lado do saudoso Warrel Dane, do Enthroned e do Besatt entre outros, além de uma turnê europeia bem sucedida com 10 shows passando por sete países, sendo eles Alemanha, Bélgica, Holanda, França, Áustria, Eslováquia e República Tcheca.

    E o quarteto atualmente formado por Rafael Oliveira ( ex-Zoltar ) na guitarra, Renan Roveran ( ex-Bywar ) na guitarra e vocais, Rodolfo Nekathor no baixo e vocais e o baterista Roger Costa produziu o álbum junto à Rafael Augusto Lopes do Korzus ( que já trabalhou com Crypta, Zumbis do Espaço e Living Metal ), que assina a engenharia, gravação, mixagem e masterização do álbum, que foi realizada entre março a agosto de 2019 no Casanegra Studio em São Paulo/SP. 

    A capa em tons de cinza 'arvorificada' exibindo muita agonia e desespero em sua imagem é da artista Brenda Cassimiro e as fotos presentes no livreto de muitas páginas ( todas em cinza ) são um design da Zilbra ( X1a ) se conectando à dedicação feita no cd a que todos sofrem com a intolerância, falta de respeito e comportamento fascista existente na sociedade. Vale dizer também que além das letras das músicas, antes de cada uma delas temos algumas frases questionando e criticando o que vemos acontecer em nossos dias.

    Não é sempre que uma banda de Death Metal se posiciona contra a opressão, preconceitos e enfatiza as críticas sociais, os temas em geral são mais sobre inferno e blasfêmias, porém, no caso do Warshipper isso merece ser mencionado como um ponto positivo, pois, é definido por Renan Roveran da seguinte forma: "O disco retrata, através de leituras distintas, a perspectiva estéril dos sujeitos diante de predefinições de padrão de normalidade que são impostas pelas sociedades em suas mais diversas facetas, seja por questões de gênero, raça, orientação sexual, dependência química ou mesmo condição emocional/mental. Ao nos propormos à desconstrução de tais padrões, em diversos níveis, nos depararmos com essa dolorosa realidade: uma visão inóspita quanto à felicidade e sensação de valor. A vida é cruel, traumática, e quanto mais compreensão disso temos, mais negativa é a perspectiva. Estéril, de fato".

    Logo em seu início, o Warshipper prepara um ataque fulminante com a pesadíssima Barren Black de vocais urrados, andamento cadenciado e uma carga instrumental realmente aniquiladora e variada, porém, executada com precisão em cada trecho por eles, onde a divisão dos vocais entre Renan Roveran e Rodolfo Nekator deixam espaço para também para os rasgados aproximando este Death Metal a um Black Metal.

    Depois desta violência impetuosa encontrada na primeira faixa temos alguns dedilhados e vocais calmos, que são totalmente inesperados e entremeados ao caos furioso de Axion, onde nota-se que a ideia é não deixar nenhum pescoço no lugar e também como seus vocais estão explodindo em ira com urros mortíferos a cada verso diante de uma condução feita com habilidade pela banda impressionando com a tamanha modificação aplicada que colocou o Barreh... entre os grandes lançamento de 2020, ouça, confirme e sinta a aproximação que o Warshipper faz novamente de seu Death Metal à um Black Metal. Mas, não pense que é só isso, porque a desafiante composição apresenta também solos de guitarras que trazem uma atmosfera Southern Rock, uma surpresa.

    Mas a ordem é de manter o rolo compressor em velocidade máxima, e isso acontece em Respect, que traz a ex-Nervosa e agora no Crypta Fernanda Lira nos vocais junto a Renan Roveran comandando a devastação sonora a que somos expostos neste Thrash/Death em que além de seus reluzentes solos de guitarras recomendo uma atenção especial à sua letra reivindicando diretos para as mulheres, que nos leva a sacudir o pescoço e querer socar o ar. Além disso, as alternações de andamento e as viradas de bateria são um espetáculo à parte, repare e me fale.

    Para Rabbit Hole, o Warshipper dispara uma canção mais cadenciada em seus solos de guitarras até atingir por um andamento voltado ao Thrash Metal devidamente matador repleto de vocais urrados na linha Death Old School tornando suas evoluções completamente avassaladoras, mesmo nos seus trechos melodiosos, pois, sabemos que a destruição voltará totalmente esmagadora me levando a pensar: precisava de tanto? Respondendo a questão anterior, com temas importantes como estes que são abordados por eles... sim!!! e na quinta após um princípio lento e sombrio temos incursões robustas e criativas nesta ótima instrumental chamada Embryo, que passam a ideia de sofrimento e libertação, cujos solos feitos por Renan Roveran e Rafael Oliveira em suas guitarras elevam ainda mais a categoria desta faixa em que eles nos brindaram com diversas camadas, ora mais pesadas, ora mais melódicas, ora mais Thrash e Death.

    Em Numb - Pleasures Of Possession, o quarteto envia um ritmo 'encorpadaço' e frenético que é devidamente contagiante, visceral e excelente para abrir rodas, socar o ar e 'banguear' sem parar, em suma um Thrash/Death Metal de primeira. Novamente investem em dedilhados calmos e obscuros com uma ótima percussão executada por Rodolfo Nekator até que o andamento arrastado de Beneath The Burder nos coloque diante de agressivos vocais lamuriantes culminando em uma parte acelerada nos solos de guitarras, que são devidamente acompanhados pelo baixo e pela bateria, uma verdadeira avalanche, que somados aos vocais me levam a dizer uma coisa: nenhum pescoço será deixado no lugar. E para completar ainda temos um baita solo de guitarra e vocais muito amargurados nesta faixa que flerta descaradamente com o Doom Metal.

    Em Licking The Wounds, o Warshipper despeja sua cólera incansável de seu Death Metal através de vocais urrados em uma letra contestadora conclamando a resistência contra os fascistas e isso, é amparado por linhas instrumentais bastante cativantes, vide seus solos de guitarras e as suas empolgantes viradas na bateria tornando esta oitava faixa de Barren... uma das mais violentas do cd.

    Inspiradas no poema de Letícia Grégio, os versos de Anagrams Of Sorrow são o fio condutor desta composição iniciada nos dedilhados no violão com vocais falados em tons deprimentes e um estilo consideravelmente pertencente à escuridão e até viajante que traz à memória nomes como The Systers Of Mercy, algo totalmente impensável em um álbum como este, mas, é aí que o Warshipper deixa bastante claro que decidiu realmente surpreender seus fãs.

    Entretanto, saiba que este breve momento sintomático para respirar é predecessor de uma canção de ares viajantes, eletrônicos e experimentais bastante diferentes do que ouvimos anteriormente, mas esta variação se concatena de forma estranha à raiva expressa nas demais fazendo de Compulsive Trip uma composição intrigante, afinal, algumas de suas viagens estão introspectivas.

    A última do tracklist normal é a longa Knowing Just As I ( Detachment ) e também caminha nesta fusão de Thrash/Death com Gothic Metal ficando mais robusta ao seu decorrer, que tem vocais em tons graves, outros limpos, alguns breves urros e seu andamento transformado em trechos bastante cativantes destacando-se os toques do baixista Rodolfo Nekathor e os solos de guitarras, que ganham mais energia envolvendo de vez o ouvinte.

    Sabe a expressão melhor que a encomenda? Então, se aplica a este Barren... porque após oito canções voltadas ao Death Metal implacáveis de cair o queixo da cara com algumas incursões no Thrash Metal, o álbum transita por três canções experimentais e instigantes com mergulhos certeiros em Doom e Gothic Metal demonstrando a evolução e a versatilidade do Warshipper neste lançamento da Heavy Metal Rock, que vale conhecer imediatamente.
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Abril/2020

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