Witchhammer - Ode To Death
13 músicas - Cogumelo Records

  Outra importante banda da cena metálica mineira dos anos 80 que voltou a ativa é o Witchhammer, cuja fundação data do ano de 1986, tempo que eles brindaram o heavy metal com alguns grandes trabalhos: First And The Last de 1988, Mirror, My Mirror de 1990  e Blood On The Rocks de 1992.

     

    Rompendo o longo intervalo, a banda volta as atividades em 2003 e lança em 2006 o álbum Ode To Death que é o destaque desta resenha. A formação que grava este entrosado trabalho é Paulo Caetano na guitarra e vocais, Casito nos vocais e baixo, Teddy  na bateria - esses três remanescentes da formação original da banda, sendo completados atualmente pelo guitarrista Rogério Sena ( ex-Refen, Hellraiser ), que entrou na banda após a saída de Vermelho. Ode To Death traz nas treze faixas novidades, que são de certa forma uma homenagem ao metal dos anos 80, especialmente nas regravações das seguintes músicas: Weekend in Auschwitz presente na coletânea Warfare Noise II ( 1987 ), Dartherium do álbum The First and the Last ( 1988 ) e a música Perseguição ( 1984 ) - um cover da banda Sagrado Inferno, que marcou o início do metal mineiro.


    A gravação deste retorno a disco do Witchhammer ficou a cargo de André Cabelo no trabalho realizado no Engenho Multimidia Studios em Belo Horizonte/MG durante a segunda metade de 2005. A arte da capa é assinada por  Igor Farah e a temática das letras está centrada nas discussões políticas, sociais e ideológicas.  O álbum abre com Oija Board, música que possui um trecho sintetizado, vocais bem agressivos e urrados, guitarras em linhas mais cadenciadas e o baixo e bateria fazendo ótimas evoluções. Esta primeira música conta com as participações de Korg do Chakal, Tchesko do Pathologic Noise, Profanus Incredulus do Erebus, Aender e Hales do Requiem, Ricardo Sarcinelli do Poison God e Pinguim do Buchter todos emprestando sua vozes para deixarem o trabalho ainda mais belo. A segunda é Me Damnlawless Killer, faixa que mostra vocais novamente com vários urros e muita raiva. Os solos de guitarras estão bem distorcidos e Teddy espanca sua bateria com uma força incansável. A inversão acelerada oitentista que vai rapidamente ganhando cadência é o destaque da música.

    A terceira é Metaphysics, que exibe uma linda sessão thrash metal nas guitarras de Paulo Caetano e Rogério Sena, já  os vocais estão fortemente agressivos. A rifflerama que ambos tiram de suas guitarras é perfeita para bangear sem parar ( mesmo que seja sozinho no quarto ).

    Exibindo uma linha mescla thrash com death bem rápida e calcada nos solos de guitarras temos Wrath Of Witchhammer, música que o baterista Teddy apresenta uma ótima pegada com ritmo forte. Os vocais estão ótimos, mas quero que preste atenção nos riffs que são tocados ao final da música. A quinta música é uma regravação do Wicthhammer dos anos 80: Dartherium, que nos traz um início bem agressivo e posso dizer até um pouco sinistro. As guitarras estão cadenciadas e os solos em conjunto com a bateria aceleram-se de forma maravilhosa. Claro que os vocais acompanham tudo isso e estão altamente pesados. Te convido a notar também o solo de Casito no baixo e perceber como ele segue direitinho junto com a guitarra.

    A próxima de Ode To Death é The Machine Of War, uma rápida canção que mostra influências de punk com vocais fortes, muitos solos numa pegada ágil e agressiva. A sétima faixa é Kill Us e tem um começo infernal -  confirme isso ouvindo o solo de guitarra que abre a música - os vocais estão bem extremos e as inversões no andamento que vão de trechos cadenciados para excelentes solos, fazem um ótimo absurdo de porradaria. Dartherium III já começa mostrando vocais fortes e quero que perceba a forma que a guitarra é tocada, com certeza, ela vai te deixar algo martelando na cabeça por um bom tempo.

    A nona é Witchery, talvez a mais rápida e acelerada até aqui e funcionará como uma luva para abrir a empolgação total durante um show do Witchhammer. Esta música possui muita agressividade nos vocais e força nas guitarras, porém, o destaque fica mesmo para os solos de guitarras melodiosos durante os vocais guturais ( como é maravilhoso ouvir um som e ver a guitarra fazendo a diferença ). Depois temos Headbangers Unite, com um ritmo cadenciado e vocais urrados. Durante os  solos de guitarras temos o destaque da música com as inversões para  trechos cavalgantes que lembram o Slayer. É leitor(a) o Witchhammer está muito preciso nesta volta à ativa, para confirmar isso veja o que Teddy faz na sua bateria.

    A segunda das regravações citadas acima é Weekeng In Auschwitz, que demora mais de um minuto para ouvirmos seus vocais agressivos. O tema polêmico  -  já que fala de um dos maiores campos de concentração da Segunda Guerra Mundial - é tocado com fortes palhetadas no baixo de Casito.

   A penúltima faixa é Wordegeneration que promove um verdadeiro massacre sonoro com guitarras distorcidas, baixo acelerado e vocais alucinantes. E entre os longos solos de guitarras, temos o final cantado em português com muita revolta. Fechando este disco que consolida de vez o retorno do Witchhammer, temos Perseguição, o já citado cover do Sagrado Inferno com um riff fabuloso que traz uma sensação de uma homenagem a cena metálica nacional.

   Uma curiosidade que marca cada mudança de faixa no álbum são as vinhetas  faladas em português questionando a existência de uma real democracia e claramente elas nos dão a entender que a única democracia possível é a morte. É muito positivo ver que grandes bandas dos anos 80 estão retornando à cena e trazendo de volta a magia desta década atualizada para os dias de hoje, coisa que o Witchhammer deixou claro com este novo trabalho Ode To Death. Confira.

Gravadora: www.cogumelo.com
Fotos: Deborah Walter de Moura Castro

Por Fernando R. R. Júnior

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