Alice In Chains - The Devil Put Dinosaurs Here
12 Faixas - EMI Music Brasil - 2013

    Um dos ícones da geração Grunge, o Alice In Chains perdeu seu carismático vocalista Layney Stanley em 2002 por conta de uma overdose na combinação letal de heroína e cocaína. Após o abalo natural que uma tragédia assim causou na banda, os membros remanescentes, Jerry Cantrell ( guitarra e vocal ), Sean Kinney ( bateria e percussão ) e Mike Inez ( baixo e vocal de apoio ) encontraram na voz de William DuVall ( vocal e guitarra ) a animação necessária para continuar, sendo que este novo lançamento da EMI Music Brasil é o segundo disco desde que o quarteto voltou com o citado vocalista.

    As gravações e mixagem aconteceram no Henson Studios em Los Angeles, Califórnia/EUA com Paul 'Fig' Figueroa, mas quem assina a mixagem é Randy Staub. Entretanto, o álbum deveria ter sido lançado antes e não foi por conta de uma cirurgia no ombro do guitarrista Jerry Cantrell, afinal, as gravações aconteceram em julho de 2011. Para a masterização a banda escolheu o aclamado Ted Jensen ( que trabalhou com o Metallica, Norah Jones, Dir en Grey, entre outros ) e foi realizada no Sterling Sound em Nova Iorque com a produção de Nick Raskulinecz e os membros do Alice In Chains. A capa de The Devil Put Dinosaurs Here ganhou muitos elogios e exibe o crânio de um triceratops em um fundo vermelho, que esconde um segundo crânio, mas quando é exibido forma a imagem da cabeça de um demônio, confirmando a crença de alguns religiosos, que Satanás plantou os ossos de dinossauros com o intuito de dividir a fé dos homens e este conceito gráfico de Ryan Clark está também no resto do encarte cd conferindo assim uma bela dose de polêmica ao ótimo trabalho.

    Com distorções de guitarras e um pesado andamento cadenciado Hollow abre The Devil Put Dinosaurs Here em um ótimo impacto inicial, mas quero que perceba o peso que Mike Inez realiza em seu baixo e a forma descompromissada de William DuVall cantar. A segunda é Pretty Done e mantém os níveis de distorção em alta com muita técnica, enquanto as vocalizações segue um estilo mais alternativo ( marca da banda ) em linhas até que um pouco viajantes.

    Em Stone percebe-se algumas singelas lembranças dos tempos do Grunge destacado-se o encordoamento de baixo em um ritmo marcante, que parece de certa forma opaco e também as evoluções que Jerry Cantrell aplica em sua distorcida guitarra e a forma "desligada" de William DuVall cantar os versos. De linhas mais acústicas, viajantes e com nuances quase que de Blues, Voices é a mais melodiosa das canções até aqui com versos que te convidam a cantá-los. É nesta hora que nota-se a versatilidade do vocalista, pois o refrão te conquista e fica na sua cabeça facilmente, não é por menos que Voices foi escolhida como o segundo single do disco ( o primeiro foi a Hollow ). 

    Para The Devil Put Dinosaurs Here temos dedilhados sombrios que trazem um andamento suave em uma letra ácida criticando as religiões que enchem as pessoas de medo. Isso em uma melodia que evolui com muita categoria e impressiona quem ouve. Entretanto, não pense que eles não fizeram solos de guitarras nesta música, eles existem sim, são utilizados na hora certa e com muita distorção devidamente juntos ao peso correto na bateria e no baixo.

    Após as viagens introspectivas e críticas da anterior, os riffs distorcidos de Jerry Cantrell estão de volta em Lab Monkey em vocalizações mais "largadas" de William DuVall em uma base instrumental de baixo e bateria, que fica melhor a cada minuto pela dedicação que se sente de Mike Inez e Sean Kinney em seus instrumentos. Vale também prestar atenção nos solos de guitarras, onde Jerry Cantrell utiliza um pedal Wah-Wah.

    Com um ritmo novamente mais introspectivo, que te convida a mergulhar com o Alice In Chains na proposta de Low Ceiling, chegamos na sétima de The Devil Put Dinosaurs Here, que é dotada de um solo pesado de muita habilidade de Jerry Cantrell em sua guitarra, que junto aos vocais de William DuVall enfeitiçam quem a ouve. Breath On A Window é a faixa com um andamento mais Rock´n´Roll e com solos que produzem aquela viagem "elétrica" e gostosa de guitarras, mas que são "norteadas" pela forma estilosa de cantar. Outro merecido destaque desta oitava canção são as melodias que eles inteligentemente fizeram levando mais brilho à composição. Com uso novamente de violões e ótimas pitadas de Blues, a balada Scalpel exibe William DuVall cantando com muito feeling em uma daquelas canções que se gosta em sua primeira audição, que a torna uma das melhores do cd, pois além do ritmo agradável, seu refrão também cativa facilmente.

    Com Jerry Cantrell trazendo linhas agressivas de guitarra com a devida distorção, Phantom Limb apresenta um crescente vocalizados com muita garra pelo polivalente William DuVall, porém, quero que perceba como o Alice In Chains diminui - com perfeição - a intensidade desta décima canção, para depois voltar com o andamento inicial mais forte em uma inversão sensacional com letra sobre o membro fantasma do Alice In Chains ( referência ao vocalista Layney Stanley? ).

    Em Hung On A Hook recebemos um novo mergulho na introspecção e melancolia com linhas que nos levam a relaxar e viajar com o quarteto de Seattle, mas como é uma marca de seu som, sempre com muitas distorções nos solos de guitarras. A última de The Devil Put Dinosaurs Here é Choke, que nos traz a guitarra de Jerry Cantrell ao fundo em um excelente andamento mais acústico vocalizado do jeito "largado", que marcou os vocais de William DuVall neste cd. Entretanto, não imagine ao ler esta resenha que isto não te impressionará... tanto que te recomendo ouvi-la com atenção e aí, não se assuste se resolver sair cantarolando sua melodia ), neste caso, é necessário estar com o cd nas mãos e acompanhar sua letra...

    O mais interessante é que The Devil Put Dinosaurs Here não é um álbum que deve ser absorvido em uma audição apenas, pois para sentir o que o Alice In Chains desejou ( e conseguiu ) passar nestas doze canções precisamos saborear relaxadamente e deixar a mente fluir em todos os solos pesados e distorcidos de guitarras, em todas as grandiosas melodias e letras obscuras, aí caro leitor(a) do Rock On Stage você mergulhará junto com a banda curtindo ainda mais este ótimo cd, tanto que Jerry Cantrell sintetiza o que irá encontrar nesta frase: “Eu não acho que você vai ficar surpreso com nada que vai ouvir. Somos nós. Mas é também algo único. Tem todos os elementos de qualquer disco que lançamos, mas é ao mesmo tempo diferente de qualquer disco que lançamos. É o próximo capítulo no livro do Alice in Chains, e vai ser grande”.
Nota: 9,0.

Site: http://www.aliceinchains.com/

Por Fernando R. R. Júnior
Janeiro/2014

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