Benediction - Scriptures
12 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2020

    Foi durante o verão europeu de 2019 que o vocalista Dave Hunt do Benediction anunciou que daria um tempo da banda para terminar o seu doutorado e os demais membros decidiram seguir em frente sem ele resolvendo o problema com um telefonema à Dave Ingram: "Quando Daz me ligou, foi totalmente do nada. Conversamos um pouco e então ele me perguntou se eu estava interessado em voltar. Assim que ele perguntou isso, NÃO hesitei, eu estava DENTRO!!! Parecia tão confortável, tão descomplicado, tão correto". E assim, o vocalista de álbuns como The Grand Leveller ( de 1991 ), Grind Bastard ( de 1998 ) e Transcend The Rubicon ( considerado como um dos mais influentes e importantes do Death Metal lançado em 1993 ) estava de volta ao Benediction.

    Com isso, a atenção sobre a banda aumentou consideravelmente, conforme explica Daz Brookes: "Não estamos fazendo uma volta aqui, mas, realmente parece isso com esse ressurgimento do interesse e pedidos por entrevistas". Um dos pilares do Death Metal inglês, o Benediction está na ativa desde 1989, e de lá para cá, já lançaram oito álbuns de estúdio, quatro singles e EP's, sendo este nomeado como Scriptures justamente o oitavo da carreira, que foi registrado pelo citado Dave Ingram nos vocais, Darren ( Daz ) Brookes e Peter Rewinsky nas guitarras, Dan Bate no baixo e Giovanni Dust na bateria.

    Scriptures, que por aqui saiu pela Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast foi gravado no Grind Stone Studio em Suffolk na Inglaterra junto a Scott Atkins ( Amon Amarth, Behemoth e Cradle of Filth ), que assina a mixagem e cuidou da produção junto à banda. A capa que mostra um pregador sinistro e várias criaturas horrendas e outras angustiadas em um cenário macabro é da Wolven Claws.

    E o Death Metal totalmente visceral do Benediction começa com a matadora Iterations Of I a toda velocidade e com urros devidamente violentos conferindo assim um clima devastador à canção, porém, não posso esquecer dos solos de guitarras mais tradicionais inclusos na música e muitos 'blast beats', que trazem ótimos pontos onde o único desejo é sacudir o pescoço. O massacre sonoro continua com Scriptures In Scarlet com seu acelerado e imponente andamento liberando Dave Ingram para vociferar com firmeza exalando toda a sua cólera expressa em cada verso da composição. A terceira é a The Crooked Man e embora seu ritmo não seja tão veloz, saiba que ao ser somado com os seus vocais, a música se torna tão violenta quanto as anteriores, onde sua parte instrumental se sobressai tão bem quanto seus vocais em que recomendo ficar de olho em suas viradas, que tem a velocidade aumentada, bem como também a sua fúria resultando em um Death aniquilador clamando a abertura de uma roda imediatamente.

    Para Stormcrow, o Benediction ataca com uma faixa cadenciada e ferozmente envolvente, seja no seu ritmo que em certas partes fica rápido para migrarmos até a roda ou nos seus vocais que estão totalmente revoltosos resultando assim em outra marcante composição deste cd. Em Progenitors Of a New Paradigm somos expostos a um início instrumental muito bem construído e executado pela banda se ligando à uma sequência Death Metal Old School devidamente raivosa a cada instante com Dave Ingram recebendo a participação de Kam Lee ( ex-Mantas, Denial Fiend, Massacre e outros ) nos vocais nesta música que que recomendo uma atenção para as viradas feitas por Giovanni Durst em sua bateria.

    A sexta é a veloz e frenética Rabid Carnality, uma porrada enviada sem dó e piedade em nossos ouvidos e disparada uma das melhores do cd sendo dotada de solos de guitarras incansáveis até o seu final, além do seu ritmo letal na bateria, que faz toda a diferença em canções assim.

    In Your Hands, The Scars já começa tão intensa quanto a anterior e passa sua tonelagem de ódio em uma exibição primorosa do Benediction alternado seus trechos cadenciados com os acelerados, sempre com muita precisão por cada um dos integrantes diante dos urros fortíssimos de Dave Ingram, em suma, uma contagiante avalanche do mais puro Death Metal.

    O baixista Dan Bate já havia chamado a atenção na anterior por acompanhar com firmeza e sustentar o ritmo da canção, e agora em Tear Off These Wings, ele repete esta brilhante atuação sendo o destaque entre a notável variedade de solos de guitarras feitos por Darren ( Daz ) Brooks e Peter Rewinsky, que produzem junto aos vocais um Death Metal devidamente devastador, cujo final é bastante tenebroso, mas captura o ouvinte e o faz socar o ar com satisfação pela sonzeira que acabou de escutar.

      A nona de Scriptures é a bordoada Embrace To Kill e o Benediction enviou um Death Metal veloz, com urros cheios de ira e com um estilo literalmente opressor, que graças à sua aura Old School dá a sensação que o seu rolo compressor não vai parar por nada sendo brutalidade espalhada para todos os lados. A seguinte é Neverwhen e os ingleses antes de promoverem o caos em seu andamento, primeiro mostram uma linhagem instrumental saliente, que fornece a base para seus cortantes urros e então evolui significativamente ao passar de seus minutos sem perder jamais o tamanho do grau visto desde o seu primeiro segundo.

    Perfeito e sincronizado como um relógio suíço, o Benediction mantém seu extermínio sonoro com a explosiva e de média velocidade The Blight At The End em que Dave Ingram parece não ter limites para adicionar mais fúria aos seus vocais. Terminando Scriptures temos We Are Legion, composição de linhas instrumentais cadenciadas bastante cativantes e que ao eclodir os seus vocais urrados - liberados à vontade - temos simplesmente um hino Death Metal em que podemos nos entregar ao headbanging, ainda mais quando chegam os momentos mais velozes de seu andamento em que os toques de bateria, os solos de guitarras e a atividade do baixo pavimentam a ferocidade que esperamos nos vocais gerando no fã o anseio de socar o ar até o braço cansar.

    Depois de doze longos anos após o lançamento do álbum Killing Music lá em 2008, o Benediction está aí novamente com seu Death Metal Old School voraz e tradicional para deixar claro porque são um dos ícones do estilo e porque fizeram tantos seguidores ao passar do tempo, conforme ficou explícito nestas doze destroçadoras faixas pertencentes à este álbum Scriptures, naturalmente um dos mais dilaceradores lançamentos de 2020, também pudera... eles são de Birmingham, terra onde o Heavy Metal efetivamente começou com uma banda chamada Black Sabbath.
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Junho/2021

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