Blues Pills - Holy Moly!
11 Faixas - Shinigami Records/Nuclear Blast - 2020

    Decerto, muitos dos leitores(as) do Rock On Stage ainda não conhecem a excelente banda sueca da cidade de Örebro chamada Blues Pills e que está prestes a comemorar 10 anos de atividades. Desde o seu início em 2011, eles começaram tocando em pequenos bares, porém, com muito empenho chegaram aos importantes festivais europeus, tais como o Download na Inglaterra, o Rock Am Ring e o Wacken Open Air na Alemanha executando um som de base Blues com Rock Psicodélico e passagens de Soul.

    Neste tempo todo já disponibilizaram três álbuns de estúdio ( incluindo este ), três EP's ( sendo um ao vivo ) e mais dois álbuns ao vivo. Me atentei para o Blues Pills por volta de 2014, época que o primeiro disco de estúdio foi lançado por aqui e instantaneamente me tornei fã da banda, que atualmente é formada por Elin Larsson nos vocais, Zack Anderson na guitarra, André Kvarnströn na bateria e Kristoffer Schander no baixo. Aliás, por conta da Blues Pills conheci e fiquei fã também da alemã Wucan, mas, isso é uma outra história, embora recomendo você ouvir esta galera também.

    Se no primeiro disco e no seu sucessor, o aclamado Lady In Gold, o Blues Pills nos entregou dois álbuns excelentes, sendo que o último resultou também em um cd e DVD ao vivo intitulado Layd In Gold - Live In Paris de 2017, a missão de se superar no próximo lançamento aumentou consideravelmente, e só para complicar mais um pouco, o guitarrista Dorian Sorriaux decidiu deixar amigavelmente a banda e Zach Anderson deixou o baixo e pegou a guitarra, mas, eles tinham que encontrar um baixista, que acabou sendo Kristoffer Schander.

    Mesmo com estas condições teoricamente adversas, a química entre os integrantes voltou a acontecer e neste terceiro registro de estúdio nomeado como Holy Moly!, o Blues Pills além de nos mostrar suas novas e vibrantes composições recrutaram o ganhador do Grammy Andrew Schelps ( Red Hot Chilli Peppers, Iggy Pop, Adele, Black Sabbath, Rival Sons e Hozier ) para a mixagem e Brian Lucey para a masterização, sendo que a produção é da própria banda. As gravações foram realizadas no Lindbacka Sounds, no Örebro Musikhogskolan Sounds ( piano ) e no Örebro Concert Hall ( guitarra e baixo ). E após cautelosas audições do disco, já cravo logo no começo desta resenha, eles conseguiram superar o anterior, cuja capa foi desenhada por Daria Hlazatova e passa uma ideia de Psicodelismo, que nos leva a diversas interpretações como por exemplo, o abraço da morte.

    Logo na abertura de Holy Moly! temos a primorosa e candidata a hit Proud Woman, canção que clama por direitos iguais entre homens e mulheres em seus primeiros instantes e aí somos expostos aos vocais poderosos de Elin Larsson em um contagiante ritmo Rock'n'Roll que coloca muito bem suas influências de Soul, onde a banda demonstra uma coesão única a cada trecho conquistando imediatamente o fã. A fervorosa Low Rod é a segunda e já te coloca para dançar em seu estilo intenso em que destaco os toques do baixista Kristoffer Schander e também do baterista André Kvarnströn liberando Elin Larsson para nos enfeitiçar ao cantar esta sonzeira que contém uma presença grande da guitarra de Zach Anderson.

    Em Dreaming My Life Away, o Blues Pills não diminui seu ímpeto por nada e apresenta uma música para te deixar satisfeito em sua audição na forma que eles fundem os vocais com os demais instrumentos sempre cativando o ouvinte. Na quarta de Holy Moly! temos uma belíssima incursão no Blues e no Soul com California em que se você já estava admirando a atuação de Elin Larsson nas anteriores, agora ficará boquiaberto ao sentir a sua entrega para a música em que os demais fornecem uma base marcante para ela desempenhar seu papel sendo que esta canção tem no piano o convidado Erik Harrström trazendo linhas emocionantes. Se você for fã da Janis Joplin então, aí meu amigo(a) verá que esta loira recebeu o espírito da cantora nesta música.

    Após uma procura nas "estações de rádio" é "encontrada" a magnífica Rhythm In The Blood, composição em que tanto Elin Larsson quanto os outros três fazem a melodia crescer de tal forma e tão abrangente que só pode-se dançar e perceber a música se tornar parte de você caro leitor(a), pois seja na voz, nos solos de guitarra inflamáveis, nos toques de baixo ou de bateria, o Blues Pills se supera e te conquista para valer neste verdadeiro Rockão frenético. Com ares de balada, mas centrada no Blues e no Soul, Dust é a sexta de Holy Moly! e provoca deliciosas emoções com os vocais de Elin Larsson, que lembra do timbre de Amy Winehouse e certifica um domínio excelente em cada música, onde saliento também os solos de Zack Anderson em sua guitarra, que trazem aquela atmosfera entristecida e viajante.

    Novamente te chamando para dançar com seu vibrante estilo Blues Rock, os suecos exibem agora a Psicodélica Kiss My Past Goodbye, onde novamente Zack Anderson nos envia solos 'zeppelinianos' e Elin Larsson garante o encanto em sua fascinante voz, mas, senão bastasse André Kvarnströn toca com muita precisão sua bateria segurando o ritmo para a música fluir livremente. A lenta e sensibilizante Wish I'd Known é para ouvir de olhos fechados e, se possível, abraçando a sua garota deixando os ouvidos atentos para reter cada verso cantado com todo o carisma que Elin Larsson é detentora nesta música que te faz questionar se o quarteto é sueco mesmo, pois, isso meu caro leitor(a) é Blues e Soul puro e, definitivamente, de DNA norte-americano.

    Para a nona temos solos distorcidos de guitarra e um andamento Psicodélico chefiados nos robustos vocais de Elin Larsson, que conduz à maneira que aumenta a potência de sua voz o grau por onde esta música vai seguir e ela vai ao topo tenha certeza, ou seja, o Blues Pills nos presenteia com uma música simplesmente incandescente. Entretanto, a viagem lisérgica não seria completa sem uma quebra de ritmo suavizando seu percurso para depois terminar explosiva, em suma, Bye Bye Birdy é uma das melhores deste álbum.

     A lindíssima e impactante Song From a Mourning Dove contou novamente com Erik Harrström no piano, além de Rajmund Follman no cello, Frederik Hulthe na viola e Tion Fjeldli no violino na mais viajante canção do cd em que os amantes de Rock Psicodélico de solos eletrificados de guitarra vão se esbaldar com o que Zack Anderson faz na sua e aqueles que cultuam os vocais mais Soul ficarão de olhos arregalados para o desempenho de Elin Larsson aqui, cuja letra merece uma atenção. Encerrando Holy Moly!, o quarteto traz a dramática Longest Lasting Friend, outra em que a dedicação da vocalista à música é plena e que posso atestar que sua voz penetra na alma tal qual suas linhas devidamente viajantes e um tanto que sombrias.

    Para quem pensa que o 'Rock morreu' é altamente recomendável conhecer o Blues Pills imediatamente, pois, estes suecos deixaram claro porque Holy Moly! é um dos grandes discos de 2020 ao apresentar uma mistura tão marcante de Rock'n'Roll, Blues e Soul de forma que me leva a citar e concordar com a definição da banda para ele: "Este álbum é algo pelo qual nos sentiremos orgulhosos até a nossa morte. Estas músicas veem de um período bem obscuro de nossas vidas. Muitas perdas, raiva, ansiedade, tristeza e mudanças. A gente endossa cada nota e cada letra. Este álbum foi criado na escuridão e nos guiou para a luz de novo. A gente só espera que possa confortá-los também".

    Tenham certeza galera do Blues Pills, que as músicas de Holy Moly! não só confortam como também inspiram, motivam e nos fazem ter mais vontade de lutar todos os dias e procurar vencer as batalhas a que somos expostos, que neste momento, a principal é sobreviver à esta temível praga que a humanidade foi acometida. Assim sendo, não perca tempo e coloque este lançamento da Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast em sua coleção.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Dezembro/2020

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