Decapitated - Anticult
8 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Com quase duas décadas dedicadas ao Death Metal, seis álbuns lançados de estúdio e dois DVD's ao vivo, os poloneses da cidade de Krosno, que formam o Decapitated chegaram com Anticult ao seu sétimo disco, que em plena tour de divulgação pelos Estados Unidos levou a banda para a cadeia. Calma, explico: após um show, eles foram acusados de cárcere privado e estupro por duas mulheres, fato que em 2018 foi provado que era mentira das acusadoras. Polêmicas e prisões à parte, a verdade é que Anticult teve sua bateria gravada sem 'triggers' durante oito dias no Custom Studios, que é localizado em Gdansk na Polônia com Lukasz Lukaszewski e os demais instrumentos, assim como os vocais, levaram cinco semanas para registra-los no Zed Studio junto a Jangalbas e Thomasz "Zed" Zalewski em Chelchlona também na Polônia. Em mais duas semanas Daniel Bergstrand ( Meshuggah e In Flames ) e Lawrence MacKrory cuidaram da mixagem e masterização, respectivamente, que foram realizadas no Dugout Studios na Suécia.

    Lukasz Jastak ( Behemoth, Emperor e Alcest ) desenhou a capa que mostra mãos fechadas e cheia de pregos fincados nelas, que representam a abordagem das letras de Anticult, que está voltada em o que e quem nós seres humanos somos na ampulheta da vida contra todos os cultos que seguimos. A atual formação do quarteto polonês é a seguinte: Waclaw "Vogg" Kieltyka na guitarra, Michal Lysejko na bateria, Hubert Weicek no no baixo e Rafal "Rasta" Piotrowski nos vocais. Este último  define o som de Anticult da seguinte maneira: "Ele não é mais Death Metal puro. No momento, a música de Decapitated é uma mistura de ideias musicais, realmente difícil de descrever. Nós misturamos Death,Thrash, Rock 'n' Roll, até mesmo Black Metal e partes atmosféricas. Tudo isso torna o Decapitated algo único. Eu amo ouvir todos os tipos de Metal e todos os tipos de música em geral. Agora será muito difícil para mim, fazer um álbum de Death Metal puro. E também acho que seria um pouco chato".

    A abertura desta verdadeira sequencia de fortes bordoadas sonoras nomeadas como Anticult começa com um pouco de introspectividade para que instantes depois, a mortífera Impulse estoure em um Death Metal vigoroso de solos frenéticos, intensos, vocais guturais e um ritmo onde sente-se o trabalho do baterista Michal Lysehko, que esmaga tudo em seu kit exibindo muita técnica. Prosseguindo com o espancamento sonoro promovido pelo Decapitated temos Death Valuation, que apresenta um estilo furioso, cruel e técnico, que é conduzido com fúria em seus vocais, que estão prontos para despertarem uma enorme vontade de abrir uma roda e destruir tudo. Atenção para as quebradas de ritmo feitas na bateria e como elas interagem com os vocais sempre agressivos, além dos desafiadores e matadores solos de guitarra feitos por Waclaw "Vogg" Kieltyka.

     Mantendo o andamento fortificado como se espera, a terceira é mais acelerada e devidamente massacrante, estou falando de Kill The Cult, que envolve o ouvinte com facilidade em seu decorrer, pois, sente-se que a ideia dos poloneses foi de entregar uma canção direta e sem firulas, que é altamente impiedosa e destaca os solos do guitarrista Waclaw "Vogg" Kieltyka e também os vocais de Rafal "Rasta" Piotrowski, que a tornam perfeita para execuções imperativas e detonantes ao vivo em uma letra simplesmente impiedosa.

    One Eye Nation possui um início instrumental aniquilador e contagiante, que traz os insanos vocais guturais de Rafal "Rasta" Piotrowski destilando sua ira a cada verso em uma faixa que é tão revoltada, que a fusão da parte instrumental com os vocais aconteceu produzindo uma das mais brutais composições do cd, onde o caos impera sem misericórdia. Para a quinta de Anticult, o Decapitated ataca com a avassaladora Anger Line, que antes de seu rolo compressor descer a ladeira sem dó e piedade, ela conta com um rápido solo de bateria feito por Michal Lysenko, porque após este princípio, o que temos é um Death Metal dos mais vorazes possíveis, onde o quarteto aplica sua considerável capacidade em produzir músicas pulverizantes.

    Logo em seguida e sem pensar em descanso, Earth Scar exibe um andamento cadenciado completamente raivoso a cada trecho da música em que percebe-se que a produção ficou ótima, pois, mesmo em seu clima opressivo, ouve-se tudo com clareza, que inclusive recomendo uma atenção ao solo de guitarra, assim como o que é feito na cozinha de Hubert Weicek no baixo e Michal Lysenkon na bateria até que esta interação culmine em uma violência descomunal.

    Sinistra em seus calmos dedilhados, que chamam a dilacerante Never, o Decapitated evidência com esta música um nível de devastação elevadíssimo de forma a deixar claro como se faz um Death Metal explosivo, para confirma repare nos vocais violentos de Rafal "Rasta" Piotrowski ou na imensa dilaceração instrumental que somos submetidos em uma exibição de ódio extrema, que termina com os dedilhados percebidos em seu início. A quase instrumental Amem ( pois conta com alguns urros ), que não deve nada para as demais, considerando seu andamento Death Metal cadenciado e colérico ficou com a honra de finalizar Anticult com os pratos da bateria de Michal Lysenko sendo 'judiados' por ele.

    Independente das questões judiciais do Decapitated e dos problemas causados por elas aos poloneses, o feroz Anticult é disparado um dos melhores álbuns de Death Metal lançados em 2017 e que agradará tantos os fãs da banda quanto aos admiradores(as) de nomes como o nosso Krisiun e também outros como Vader, Deicide e Grave ( citando alguns ). Temos aqui neste registro disponibilizado no Brasil pela Shinigami Records pouco menos de quarenta minutos dispostos a não deixarem pedra sobre pedra e sim moê-las todas de uma só vez, onde será um abuso se você não ouvir este lançamento em alto volume para incomodar e assustar quem estiver por perto.
Nota: 9,5.

Site Oficial: http://www.decapitatedband.net/
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Por Fernando R. R. Júnior
Julho/2018

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