Dee Snider - We Are The Ones
 10 Faixas - Shinigami Records - 2016

   É difícil pensar na imagem de Dee Snider sem associá-la ao Twisted Sister, banda clássica que nos anos 80 lançou discos de Heavy Metal que são simplesmente históricos e icônicos ( por conta de seu peso, sua musicalidade, sua atitude, suas melodias, seus hits, seus clipes e todo o carisma dele e dos demais integrantes ), que obviamente alcançaram um estrondoso sucesso e consagraram a voz, a atitude e a imensa capacidade de frontman do vocalista.

    Neste álbum solo, o terceiro da carreira, Dee Snider procurou trilhar caminhos bastante diferenciados, se comparados com o Heavy Metal que o tornou mais conhecido, conforme ele mesmo disse: "Eu nunca vivo no passado. O passado é maravilhoso para refletir e apreciar, mas, para mim, é preferível mostrar o mais recente material no qual estou trabalhando. Eu sempre estou olhando para frente e este novo álbum tem muito disso, de eu seguir em frente".

    Com este foco, We Are The Ones, álbum que foi produzido por Damon Ranger, que é vencedor de prêmios como o Grammy, o Emmy e o Oscar e registrado em vários estúdios, mixado por John K no The Swamp ( Parts Unknown ) em Illinous e masterizado pelo renomado Ted Jensen no Sterling Sound em Nova Iorque nos Estados Unidos, exceto pela faixa We´re Not Gonna Take It, que foi masterizada por Bob Ludwig no Gateway Mastering Studios em Portland/ME. A capa que temos uma foto estilizada de Dee Snider é de Tim Maeder da New Crusade Ltd.

    Com um andamento mais Rock e com claras roupagens modernas, a faixa título We Are The Ones abre o cd com o vozeirão de Dee Snider convocando o ouvinte para se ligar nesta primeira música do cd, que pela energia contida serve também para evidenciar os solos do produtor Damon Ranger e de Paul Crook, além de um refrão que vai para a memória em uma linhagem que flerta também com o Rock Alternativo. Bastante encorpada por conta de seus solos de guitarras, Over Again te pega na atuação aplicada de Dee Snider, que transparece todo o seu conhecido fascínio ao cantar seus versos. Depois de duas canções mais elétricas e mais voltadas ao Rock, embora contenham elementos diferentes, o vocalista mergulha em um momento de introspecção com Close To You, que fica mais pesado e agressivo em alguns trechos pontuais e exibe influências mais Grunge, que são bem distantes do que os fãs de Heavy Metal poderiam esperar, porém, para os curiosos ( e me incluo neste grupo ) ficou interessante.

    De melodia mais Pop e uma clara linhagem festiva a la Coldplay, Rule The World é a quarta de We Are The Ones e perceber-se que Dee Snider canta bastante a vontade cada um de seus versos. A grande surpresa deste cd até aqui vem na versão no piano comandado por Frank Lucas da inflamável We´re Not Gonna Take It, um dos mega sucessos do Twisted Sister, que ficou calma até demais e em nossas cabeças pensamos na sua versão original ou nas explosões ao vivo que ela causava, entretanto, tenho que afirmar seguramente: ficou bonita com esta 'vestimenta' mais erudita.

    Em Crazy For Nothing recebemos um Rock mais cheio de adrenalina e mesmo com suas linhas mais modernas, é bom de se ouvir, sendo que notamos alguns riffs de guitarras mais proeminentes realizados por Damon Ranger e Julian Coryell, que se não tivessem os vocais de Dee Snider não trariam o brilho que a canção reluz.

    Para Believe, ele novamente flertou com o Pop mais festivo, que uma grande parcela da juventude americana adora e onde o que é mais divertido e curioso é justamente o formato que seus vocais são cantados. Se você estiver ficando 'meio assim' com este We Are The Ones ao ouvir um cover de Head Like A Hole do Nine Ich Nails, a pergunta que virá em sua cabeça será: porque se distanciar tanto do Heavy Metal e do Hard Rock Dee Snider? Pois, percorrer novos caminhos e se reinventar como artista é importante, mas não precisava exagerar, mesmo cravando uma ótima versão.

    Com batidas eletrônicas e um estilo Pop demais, Superhero é a penúltima de We Are The Ones, cujo único destaque talvez seja a impecável voz de Dee Snider e o ótimo refrão grudento que ele colocou, porque o resto não impacta em nada. Terminando o álbum temos So What, que em vista das outras canções é uma redenção com seus toques mais calmos no violão e com o jeito mais raivoso do vocalista cantá-la.

    Pelo histórico que Dee Snider possui a favor da música pesada sabemos que ele poderia ter criado um álbum melhor, mais empolgante e que gostaríamos na hora. Mas, muitas vezes os artistas querem ir além, conquistar outros públicos e nem sempre é fácil para nós, fãs mais antigos compreenderem isso.

    Mesmo não sendo um disco espetacular, aliás, bem longe disso, We Are The Ones tem seus momentos de maior luminosidade, que valem você conhecer o trabalho, como está implícito nas faixas "So What", "Over Again", "Close To You", "We Are The Ones" e na versão erudita de We´re Not Gonna Take It. Aqui no Brasil o lançamento teve suas versões em 'digipack' e normal disponibilizadas pela Shinigami Records.
Nota: 8,0.

Sites: http://www.deesnider.com/ e https://www.facebook.com/facedeesnider/.

Por Fernando R. R. Júnior
Março/2017

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