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Deep Purple
- From The Setting Sun... In Wacken
cd duplo - 17 Faixas - Shinigami Records - 2015
Creio que
não sejam necessários fazer comentar os detalhes da história do Deep
Purple, uma das maiores instituições do Heavy Rock com mais de 40
anos de atividades, não é mesmo? Pois, se você não conhece nada da
banda inglesa até hoje... temos um problema sério e que pode começar
a ser tratado com este From The Setting Sun... In Wacken. Depois de
quase sete anos sem registrar um álbum de estúdio, finalmente em
2013 foi lançado o Now What?!, que foi considerado com um dos
melhores daquele ano e conduziu os senhores Ian Gillan nos vocais,
Steve Morse na guitarra, Roger Glover no baixo, Don Airey
nos
teclados e Ian Paice na bateria para mais uma longa turnê pelo mundo.
E uma dessas datas foi muito
especial, pois no dia 1º de agosto de 2013, o Deep Purple se
apresentou pela primeira vez em sua história no Wacken Open Air
na
Alemanha, um dos maiores ( senão o maior ) festival de Rock/Heavy
Metal do planeta. E mesmo com a consolidada história do Deep Purple,
conforme Roger Glover enfatiza no encarte o desafio que é tocar lá e o
resultado do show podemos ouvir neste álbum duplo disponibilizado no
Brasil pela Shinigami Records, cuja mixagem foi realizada em
Hamburgo também na Alemanha por Eike Freese e Alex Dietz
aos atentos
olhos ( e ouvidos ) do respeitado baixista no Chameleon Studios. Antes
de comentar minhas impressões do cd quero dizer que a capa mostra a
banda no imenso palco do Wacken e o 'gordo' encarte contém
fotos espetaculares do show que dão mais vontade de se ter a versão
física em mãos.
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Após a
introdução mítica, assim como em muitos álbuns ao vivo do Deep Purple,
este é aberto com o eletrizante hino Highway Star do clássico
Machine Head ( de 1972 ) e a pegada da banda
continua maravilhosa e cativante com improvisos que fazem de cada
show se tornar um espetáculo único, caso desta noite no Wacken
Open Air.
Com
a multidão de fãs devidamente conquistada, hora de uma de suas mais
pesadas canções com a contagiante Into The Fire ( do In Rock de 1970
),
que fizeram Ian Gillan berrar com muita garra do alto de seus
então 68 anos e
deixar claro porque é o Silver Voice do Rock, sendo que logo depois
recebemos os virtuosos solos de Steve Morse e os improvisos
característicos que se ligam na potente Hard Lovin´ Man, outra do
In Rock com
Roger Glover mostrando o caminho nos seus toques de seu baixo
acompanhados pelos 'licks' pesados extraídos da bateria do mestre Ian Paice.
E a geração
mais nova precisa mesmo ouvir esta canção para sentir os
fantasmagóricos solos feitos por Don Airey nos seus teclados,
que trazem o crescente que só veteranos deste naipe são capazes de
fazer e vão culminar em inigualáveis solos do guitarrista Steve Morse.
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Sem parar para respirar temos em
seguida a sombria homenagem ao ator com a música de mesmo nome, a Vincent Price, do então novo
Now What?! com sua condução sempre encorpada e cheia de melodia feita
pelos ingleses, que destaca a destreza de Steve Morse nas seis
cordas. E
para fazer a vasta plateia dançar... nada melhor que o hit Strange
Kind Of Woman ( do Fireball de 1971 ) com seu 'punch'
único que atravessou as últimas
décadas com primor e é interessante mencionar como os músicos fazem seus
instrumentos 'conversarem' entre si durante os solos que estão repletos
de improvisos, entretanto, sem fugirem do ritmo da música, que no final
culminam em um breve, mas muito técnico, solo de bateria de Ian Paice.
Após agradecer aos fãs pela energia que passaram Ian Gillan introduz
Steve Morse, que executa a balada Contact Lost ( do Bananas de 2003
)
com riffs lindos, harmoniosos e com expressiva habilidade, que fizeram
todos aplaudirem muito e com os demais no palco, eles emendam The Well Dressed-Guitar, outra
instrumental ( que saiu no Rapture Of The Deep de 2005 ) que desde
então tem sido parte do set list do Deep Purple e sempre estremece a plateia quando é tocada
por sua beleza.
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No retorno aos vocais
Ian Gillan canta a divertida Hell To Pay, mais uma do
Now What?!, que foi apontada
como single do disco e contou com uma versão soberba neste Wacken Open
Air, que fica mais empolgante quando Don Airey sola seus teclados nos
infectantes ritmo presentes no baixo e na bateria.
Fechando este
primeiro cd ( nossa já!!! ) a espetacular Lazy ( do Machine Head
) com
direito a solos nos teclados que Jon Lord lá do céu deve ter aprovado... e
além disso, seu início também denota os eficazes repiques de Ian Paice
em sua bateria, os solos de Steve Morse em sua guitarra e
Roger Glover
tocando seu baixo daquela forma festiva para Ian Gillan cantar seus
versos e nos passar toda aquela eletricidade Rock´n´Roll sui generis, que somente
quem viu o Deep Purple ao vivo vai entender o que estou querendo dizer.
Ahh... nesta ele ainda toca sua gaita e arrepia ainda mais.
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No segundo cd e continuação do
show temos a Above And Beyond, que também pertence ao Now What?!
e é
uma das várias homenagens à Jon Lord do cd ( que nos deixou em
2012 ), onde ouvimos uma atuação
marcante de Ian Gillan nos vocais e linhas harmoniosas nos teclados de
Don Airey, que são simplesmente incríveis e neste show do
Wacken vão direto para o coração. Depois, Roger Glover
recua com seus
toques opacos em seu baixo no Hard Rock fortificado de No One Came
( do Fireball ), onde cada um dos cinco executa suas partes com
precisão e fazem prolongamentos que deixam sua marca nos presentes e
agora em cada um de nós que pode ouvir este From The Setting Sun... In
Wacken.
Apresentando solos espaciais e viajantes, que nos remetem às
loucuras criativas lotadas de perícia que os grandes tecladistas do Rock
fizeram nos anos 70 ( nomes como Keith Emerson, Jon Lord,
Rick Wakeman,
Ken Hesley, Rick Wight e tantos outros ) temos a Don Airey´s Solo, que
como o nome indica é o solo interplanetário que conduz a essencial Perfect Strangers
( título do álbum de 1984 ) exibida com o peso de
sempre e produzindo inflamadas vibrações em sua audição, que
na hora dos solos posso dizer que é para se fechar os olhos e viajar
fundo.
E mais um clássico que jamais pode
ficar de fora do set foi tocado, a Space Truckin' do Machine Head,
mesmo que atualmente seja mais enxuta que as extensas versões de mais de
vinte minutos dos anos 70, ainda é provocante e pesada deixando claro o
grau de afiação ao vivo desta formação do Deep Purple.
Para a próxima
temos o hit máximo da banda com a conhecidíssima Smoke On The Water (
também do Machine Head ), que além de todo o fervor que
normalmente já transmite em suas
notas e versos, na versão deste show contou com o mago Uli John Roth
(
ex-Scorpions ) na guitarra duelando junto a Steve Morse
e
quando chega a hora, Ian Gillan pede para os fãs cantarem... até você na sua casa
vai participar também. Então, o vocalista se despede e antes de voltar para
o bis, percebemos a euforia da plateia gritando "Deep Purple" repetidamente.
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Na volta, eles tocam o cover
de Green Onions do Booker T. & The M.G.´s em um Blues de primeira que antecede a épica
Hush ( regravada pela primeira formação do quinteto no álbum
Shades Of Deep Purple em 1968 ) e ao
vivo, como sempre acontece em shows do Deep Purple, esta música não
deixa ninguém parado, sendo que após Ian Gillan cantar seus versos, a
parte instrumental é de outro mundo... graças aos solos de Don Airey
nos
teclados, que abrem espaço para as improvisações caminharem para fora da
galáxia fenomenalmente... ouça e comprove.
Com a honra de finalizar o cd
temos a lendária Black Night ( lançada em single em 1970 ), que é dotada de um ritmo
instigante, solos de guitarra e teclados incandescentes,
vocais sempre com muita qualidade, baixo na medida e um Ian Paice
tocando com sua refinada capacidade. Além disso, o inteligente
Steve Morse por sua vez chama os fãs para dividir os "ôôôôôô" durante
seus solos de guitarra tornado o momento simplesmente impressionante.
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Sempre é dito que a primeira vez
ninguém nunca esquece... baseado nisso.. não é demais dizer que nem o
Deep Purple, nem os fãs e nem você irão se esquecer deste
fabuloso show no Wacken Open Air de 2013 com este
From The
Setting Sun... In Wacken, graças ao seu registro em cd, que os
colecionadores de Rock devem possuir e os que não entendem porque o Deep
Purple é referência e criador do Heavy Metal poderão compreender
facilmente em pouco mais de 1h:30min. Nota 10,0.
Sites:
http://www.deeppurple.com/,
http://www.deep-purple.com
e
https://www.facebook.com/officialdeeppurple/.
Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2016
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