Dieth - To Hell and Back
10 Faixas - Shinigami Records/Napalm Records - 2023

    Depois de enfrentarem problemas pessoais complicados, o baixista norte-americano David Ellefson ( ex-Megadeth ), o vocalista e guitarrista brasileiro Guilherme Miranda ( ex-Krow e ex-Entombed A.D. ) e o baterista polonês Michał Łysejko ( ex-Decapited ) uniram suas forças e em 2022 deram vida ao Dieth, banda de Death/Thrash Metal que foi responsável por conceder uma redenção aos músicos. O primeiro single foi lançado ainda em 2022 para a música In The Hall Of The Hanging Serpents e foi muito bem recebido pelos fãs e pela mídia especializada, um fato que aumentou o frisson por este To Hell and Back, o primeiro do Power Trio.

    E o seu título, To Hell and Back define bem o álbum, pois, de certa forma mostra que os músicos buscaram e encontraram a superação de seus problemas, conforme Guilherme Miranda explicou ao falar da letra de To Hell and Back: "é a música que melhor descreve nossas jornadas individuais e coletivas como músicos profissionais. Para um álbum se conectar com o ouvinte, ele tem que ter um significado profundo. Essa faixa reúne esses elementos para nós. Estivemos no Inferno... e estamos de volta!!!".   

    A produção é toda dos membros do Dieth e de Kristian Kohle enquanto que a mixagem e a masterização é de Tomasz Zed Zakwski e feita no Zed Studios em Chechło na Polônia. Como os três músicos moram em diferentes lugares do planeta, suas gravações aconteceram em diversos estúdios, tais como, The Platinum Underground em Mesa no Arizona com John Aquilino, que captou o baixo e os vocais de David Ellefson; no Astral Studios em Lisboa em Portugal, onde Guilherme Miranda registrou seus vocais e a guitarra e por fim no J22 Studio em Gdynia na Polônia com Michał Łysejko e Mikolaj Sluzewski captando a bateria.

    Algumas partes do baixo e os vocais de David Ellefson foram gravados por Kristian Kohle no Kohle Keller Studio em Seeheim-Jugenhein na Alemanha e antes de comentar sobre as músicas lembro que a capa de To Hell and Back é de Fábio Timpanaro, que fez uma sombria e ótima arte totalmente adequada à sonoridade que ouviremos.

    De um princípio relativamente melancólico e entristecido nos dedilhados que ouvimos no violão, o voraz e apocalíptico Death Metal do Dieth começa com a sua faixa título, a To Hell and Back, onde Guilherme Miranda vocifera com uma imensa cólera os seus versos deixando os guturais dominarem a música, que possui uma base Thrash pesadíssima e muito bem conduzida por David Ellefson e Michał Łysejko.

    A brutalidade continua com a cadenciada Don't Get Mad... Get Even!, que mesmo com toda a sua rispidez, que está presente em seus vocais ( que tem David Ellefson atuando nos backing vocals ) podemos notar uma marcante base instrumental enaltecida pelos riffs de guitarra e pela proeminente cozinha do Dieth ( nesta música conseguimos imaginar um show, a entrada em uma roda e participação berrando seu título com o trio socando o ar ). Na terceira, o trio apresentou um início perturbador, que descamba na avassaladora Wicked Disdain em que encontramos um Death Metal cheio de ódio com solos dilacerantes, vocais urrados e todo o caos que permeia uma canção assim ( vide como Michał Łysejko espanca sua bateria ), que conta com dedilhados pesados e certeiros feitos por David Ellefson em seu baixo na sua parte final.

    Aliás, o ex-Megadeth também chama a atenção em Free Us All pela forma que toca o seu baixo antes que os demais tragam ( com sua ajuda é claro ) um Death Metal simplesmente aniquilador e que contém muitos urros ferozes, porém, que são deveras interessantes e cativantes, que são ideais para banguear e ir para a roda. Inclusive esta composição também detém vibrantes viradas para o Thrash Metal e até para o Heavy Metal antes que o Dieth retome sua linhagem violenta na mais diversificada de To Hell and Back até aqui.

    A seguinte é a Heavy Is The Crown, que destoa do núcleo Death Metal da banda e caminha para uma linhagem Groove e Stoner, que ganha em velocidade, contém riffs envolventes e um ritmo marcante, pois é, eles conseguiram novamente, sendo que nesta David Ellefson também canta junto a Guilherme Miranda os seus versos e do meio para o final, quando a música acelera, eles simplesmente detonam no andamento, ouça, confirme e me fale.

    Para Walk With Me Forever temos a maior surpresa do cd, pois, o Dieth exibiu uma composição lenta e introspectiva com ares de balada e com os vocais de David Ellefson em uma letra séria, que narra a perda de um ente querido e demonstra a procura de força para continuar. Walk With Me Forever promove uma quebra na destruição típica de um álbum de Death Metal e deixa claro que o Power Trio não se prendeu a um único ramo em sua árvore Hevy Metal e crava a sua versatilidade.

    Mas calma, essa incursão foi apenas na sexta canção, porque logo depois Guilherme Miranda reassume o comando e envia o Death Metal devastador e colérico contido em Dead Inside, onde seus vocais guturais estão alicerçados por uma encorpada base de baixo e de guitarra produzindo ritmos cadenciados e que são deveras criativos em suas evoluções direcionadas ao Thrash Metal. Acelerando e adicionando uma considerável dosagem de ira, o Dieth nos colocou diante de The Mark Of Cain com os vocais urrados de Guilherme Miranda exalando toda a sua incontável fúria, que também está expressa nos solos de guitarras, nas pancadas na bateria e nos toques de baixo conquistando assim os ouvintes.

    Até este ponto não comentei muito do baterista Michał Łysejko, todavia, ouvindo o cd percebe-se como ele é técnico e preciso ao tocar sua bateria e em In The Hall Of The Hanging Serpents constatamos como a sua presença é imprescindível para o Dieth, que mais uma vez acertou seus fãs em cheio com outro Death Metal matador, rude e impiedoso. A última de To Hell and Back é a instrumental Severance, que é mais calma, chega aos dedilhados que são desafiados pelas pancadas robustas de Michał Łysejko em sua bateria e eles seguem somente por essas linhas até o seu final de certa forma nos ajudando a relaxar após as canções devidamente demolidoras que ouvimos anteriormente.

    To Hell and Back - que no Brasil saiu pela parceria da Shinigami Records com a Napalm Records - é um álbum que não fica limitado aos ditames tradicionais de um disco de Death/Thrash Metal e que reparamos como cada membro do Dieth teve a liberdade de criar suas partes e uni-las com as dos demais resultando em músicas bastante pesadas sim, porém, sempre muito interessantes de ouví-las. Em suma, temos uma ótima estreia deste três experientes músicos, que abandonaram tudo de ruim que aconteceu no passado e estão centrados no novo capítulo de suas vidas, sendo que já faço votos para que nos brindem com mais canções como estas fortes, intensas e eletrizantes dez composições.
Nota: 9,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2024

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