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Don Broco
- Amazing Things
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E o álbum começa com a pesada e dotada de um formato um pouco bizarro Gumshiled, que remete aos nomes mencionados acima, porém, com altas doses de experimentalismo e com letra inspirada na cultura do cancelamento tão comum nos nossos dias. Após um corte seco que encerra a primeira música, o quarteto envia Manchester Super Reds Nº1 Fan com muito Hip Hop e flertes com o Metal, que concederam sucesso ao Linkin Park e neste caso com uma letra que poderia ser relacionada aos fanáticos torcedores dos times de futebol que provocam arruaças e na Inglaterra, eles obviamente se referem aos Hooligans, mas, aqui o conceito é mais abrangente que isso, pois expõe os cidadãos que versam sobre a liberdade de expressão para mascarar sua visão disforme do mundo ocultando sua perversidade. De princípio calmo e um tanto eletrônico temos Swin Wear Season, composição em que seu lado encorpado aparece no momento certo e nos entrete corretamente resultando na mais interessante desta trinca inicial de Amazing Things, que certamente empolgará aos fãs de Nu Metal.
De melodias Pop e um ritmo eletrônico, Endorphins é a quarta do disco e só indicada para aqueles que adoram sonoridades deste padrão, mesmo quando aliam seus trechos introspectivos com os de Heavy Metal, porém, sente-se que a música é para um nicho bastante específico. Em One True Prince, o Don Broco traz uma canção de ares distantes e um estilo intimista até Rob Damiani cantar com muita emoção na melhor do disco no meu ponto de vista. E um andamento distante é o que temos também em Anaheim, que produzem linhas bastante Pop para esta sexta de Amazing Things, que em seu decorrer se torna mais animada. Para Uber, eles retornam para aquela atmosfera presente no Hip Hop misturada com o Heavy Metal e mesmo fazendo tudo corretamente, a música só vai capturar os admiradores de bandas que são desta linhagem. E em tempo sua letra é sobre o famoso e por vezes controverso transporte por aplicativo.
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Por fim, a reflexiva Easter Sunday, que foi inspirada na tragédia familiar do baterista Matt Donnelly, que perdeu três tios em apenas um mês para este maldito Coronavírus sendo que ele disse na época: "É uma música emocionante para lembrar daqueles dias. Foi uma época tão assustadora e ver os danos que isso causou a minha família me fez pensar em como isso seria ruim para todos os outros". E aí entende-se a sua forma entristecida e pesada de seu andamento, mas, que sofre alterações que trazem um pouco de animação tentando te jogar para cima, mesmo ante uma situação complicadíssima como esta.
Muita bandas nestes últimos anos tem feito uma série de misturas de estilos na construção de sua sonoridade e em muitos casos até se dão bem, entretanto, embora seja um álbum muito bem gravado e que mostra uma banda com garra disposta a inovar e sair da - 'em tese' - mesmice atual, as doze faixas de Amazing Things nos colocam diante de um trabalho que terá uma absorção mais difícil para aqueles que não são realmente fissurados nas bandas mencionadas no início desta resenha. Se você caro leitor(a) do Rock On Stage se enquadrar nos seguidores de nomes como o Don Broco e de bandas que façam esta mescla de estilos pode ouvir imediatamente o disco que tenho certeza que vai gostar, porém, se o seu caso for o contrário, aí... após muitas audições pode ser até que o álbum até desça... ou não.
Nota: 6,0.Por Fernando R. R. Júnior
Setembro/2022
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