Eluveitie - Evocation II - Pantheon
18 Faixas - Shinigami Records - 2017

    Em 2009, a banda suíça da capital Zürich, que é conhecida como Eluveitie e desde 2002 funde Folk com Death Metal Melódico com precisão, lançou seu álbum acústico Evocation I - The Arcane Dominion, que foi muito bem recebido por mergulhar na Mitologia Celta ( e claro... por conta de seu som ímpar ). Agora, oito anos depois e três ótimos álbuns elétricos, o Eluveitie, ao comando do mentor Christian "Chrigel" Glanzmann deixou os instrumentos tradicionais 'desplugados' e novamente centrado na Mitologia Celta registrou este Evocation II - Pantheon, cujas músicas possuem seus títulos extraídos de deuses Celtas.

    Inclusive, os vocais são todos em Gálico ( antigo idioma Celta ) e as letras presentes no encarte estão escritas na antiga caligrafia de mais de 2.000 anos. Os responsáveis por esta façanha musical, além do citado Christian "Chrigel" Glanzmann, que canta, assovia, toca a mandola, a gaita de foles e o pandeiro irlandês são: os mais antigos na banda Matteo Sisti ( nos assovios, gaita de foles, mandola ), Kay Brem ( baixo ) e Rafael Salzmann ( guitarra ), além de Michalina Malisz ( sanfona ) e Nicole Ansperger ( violino ) que retornaram em 2016 e os novos membros Alain Ackermann ( bateria ), Fabienne Erni ( vocais, harpa celta e mandola ), Jonas Wolf ( guitarra ), que entraram respectivamente nos lugares da Merlin Sutter, Anna Murphy e Ivo Henzi.

    As gravações de Evocation II - Pantheon foram realizadas entre março e abril de 2017 no Newsound Studios em Pfäffkon na Suíça junto a Tommy Vetterli. Somente o hurdy gurdy ( ou viola de roda ) foi gravado em abril de 2017 no Republica Studios em Lubrza na Polônia com Lukasz Olejarcyrk. A mixagem é assinada por Tommy Vetterli e foi realizada no mesmo estúdio onde ocorreram as gravações e a masterização é de Dan Sutter no Echo Chamber em Zürich na Suíça. A capa de Evocation II - Pantheon mostra algo como um medalhão Celta é criação do líder Christian "Chrigel" Glanzmann e os escritos gálicos foram colocados lá por Matteo Sisti. Com todo este conceito envolvido neste álbum é imperativo ouví-lo com o encarte nas mãos e ler as partes que estão traduzidas do gálico para o inglês.

    Com ventos e falas imperceptíveis ao fundo em um clima épico e sintomático, percebemos os vocais líricos femininos surgirem em Dvreddv e pouco depois em uma linha festiva prosseguirem para Epona, que exibe suas graciosas melodias e nos inspira a dançar em suas vocalizações divertidas. Na terceira notam-se ares mais sombrios em meio a esbeltos toques de flauta, que tornam Svcellos II ( Seqvel ) detentora de melodias que foram destinadas a enfeitiçar o ouvinte e obviamente fazê-lo viajar em sua harmonia, que se conecta em Nantosvelta, canção em que a flauta e os outros instrumentos conversam entre si de forma belíssima entre algumas frases e seguem para um discurso emocionado da vocalista Fabienne Erni, e aí entramos em Tovtatis, que serve de introdução para Lvgvs, a animada sexta canção de Evocation II - Pantheon, onde o Eluveitie mantém sua energia positiva nos cativando com facilidade e encantando novamente na atuação da formidável vocalista Fabienne Erni, que está cumprindo com louvor a difícil tarefa de substituir Anna Murphy.

    Puramente medieval e repleta de timbres para se fechar os olhos e refletir sobre a vida ou a sensação de ouvir este álbum, a instrumental Grannos posteriormente se acelera e sente-se que é chegada a hora de tomar seu hidromel e sair pulando como um duende em uma festa Celta. Fabienne Erni reaparece com falas dramáticas para que então os suíços nos entreguem Cernvnnos, uma música mais triste, porém, altamente emblemática em que pode-se reparar o peso um pouco mais forte nos toques feitos pelo baterista Alain Ackermann e até alguns guturais, porém, discretos.

    A sinistra Catvrix apresenta um trabalho de percussão marcante e vocais ritualísticos, que se assemelham à uma tribal reunião pagã calcada na atmosfera Celta que permeia este álbum com uma atuação significativa de Fabienne Erni, pois, dentro da concepção que nos é passada, ela é a quem está no ritual e pode ser sacrificada nele.

    Em Artio, Fabienne Erni canta com muito feeling cada um de seus versos de uma forma quase que melancólica, entristecida com a perda guerreiros em batalhas, que levam o ouvinte a imergir em pensamentos em seu fundo musical um tanto que tenso e pouco depois, com o evidenciar das flautas servem para nos embalar com sua letra e conceder a esta décima faixa, o posto de uma das melhores de Evocation II - Pantheon. A instrumental Aventia exibe suas formosas flautas, harpas e demais instrumentos passando um astral delicioso de ouvir e a maneira em que interagem entre si, eles aumentam progressivamente sua velocidade.

    Para Ogmios, Fabienne Erni está de volta com uma composição empolgante, cujas melodias te conquistam rapidamente. Dotada de belos dedilhados nos violões tocados por Jonas Wolf e Rafael Salzmann, Esvs é a décima terceira do álbum e a vocalista Fabienne Erni novamente exala muita emoção a cada trecho que se assemelham a uma oração, que conta com a participação dos demais em coro em outra composição que recomendo fechar os olhos para aproveitar mais o prazer de curti-la.

    Consideravelmente introspectiva em seus dedilhados lentos, a instrumental Antvmnos, que é equipada com uma beleza singular, daquelas em que devemos nos imaginar em outro ponto do tempo e do espaço vivenciando uma comunhão com a natureza, onde destaco o violino tocado por Nicole Ansperger.

    Em Tarvos II ( Seqvel ), o estilo festivo está no ar novamente e podemos notar os toques do baterista Alain Ackermann e o hurdy gurdy tocado por Michalina Malicz aparecendo mais em meio a algumas falas breves, que trazem a graciosa Belenos, outra faixa instrumental com suaves dedilhados de violão em um estilo intimista. A penúltima de Evocation II - Pantheon é a Taranis, que é possuidora de um andamento Folk cativante e é um pouco mais rápida para que seus vocais sejam expostos com um pouco de agressividade até se unirem na instrumental Nemetom, que através de uma linhagem sombria e "pós-batalha" encerre o álbum.

    Seja "plugado" ou não, o Eluveitie nos brinda com excelentes discos e este Evocation II - Pantheon garantiu o seu lugar entre os melhores da carreira dos suíços, pois temos aqui uma exibição do folclore Celta em um formato de gala em que somos convidados para uma grandiosa viagem musical, que certamente repetiremos muitas vezes. E o líder Christian "Chrigel" Glanzmann, que enfrentou a saída da carismática Anna Murphy, de Merlin Sutter e de Ivo Henzi ( que formaram o Cellar Darling ) inteligentemente reagrupou o seu Eluveitie e já trouxe um excelente registro com o seu novo line-up.
Nota: 9,5.

Por Fernando R. R. Júnior
Agosto/2018

Site Oficial: http://eluveitie.ch/
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